Mulheres Revolucionárias: OLGA BENÁRIO PRESTES
Há 80 anos, em setembro de 1936, Olga Benário Prestes, revolucionária internacionalista presa no Brasil durante os eventos que fizeram parte da tentativa de insurreição comunista em 1935, era extraditada para a Alemanha nazista pelo governo de Getúlio Vargas. Grávida de 7 meses, foi embarcada à força, na calada da noite, no cargueiro alemão “La Coruña”, juntamente com Elise Ewert, outra comunista alemã que participou da luta antifascista no Brasil. Após longa e penosa travessia, as duas prisioneiras foram conduzidas incomunicáveis para a prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim, onde Olga deu à luz sua filha Anita Leocádia Prestes, em novembro de 1936.
Olga Benário nasceu em Munique, Alemanha, em 12 de fevereiro de 1908. Aos quinze anos de idade, aproximou-se da Juventude Comunista, organização política da qual passaria a ser ativa militante. Apaixonada pelo jovem dirigente comunista Otto Braum, foi com ele para Berlim, onde acabaram presos, em 1926, por suas atividades políticas. Liberada após dois meses, enquanto Otto permanecia preso, acusado de “alta traição à pátria”, Olga liderou um grupo de jovens comunistas numa ação que conseguiu libertar Otto da prisão em abril de 1928. Em função desta ousada atitude, coroada de êxito no enfrentamento à repressão, a cabeça de Olga foi posta a prêmio pelas autoridades alemãs.
Por decisão do PC Alemão, o jovem casal viajou clandestinamente para Moscou, onde Olga, com apenas 20 anos, se tornou destacada dirigente da Internacional Comunista da Juventude. No final de 1934, já separada de Otto, ela seria incumbida, pelo Komintern, de acompanhar e cuidar da segurança de Luiz Carlos Prestes em sua viagem de volta ao Brasil, tendo em vista que o governo Vargas havia decretado sua prisão. Os dois viajaram com passaportes falsos, como se fossem marido e mulher, mas, por ironia do destino, acabaram se apaixonando e tornando-se companheiros de fato durante a viagem.
No Brasil, Prestes foi eleito presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), tornando-se a principal liderança do movimento antifascista. Na clandestinidade, após a ordem de Getúlio para fechamento da ANL, Prestes e Olga participaram da preparação da insurreição armada cujo propósito seria instalar no Brasil um governo Popular Nacional Revolucionário, conforme resolução do Partido Comunista.
Na sequência das revoltas desencadeadas em novembro de 1935, violentamente reprimidas pela polícia, Prestes e Olga foram presos no subúrbio carioca do Méier por ordem do famigerado capitão Filinto Müller, chefe de polícia do governo Vargas. No momento da prisão, Olga impediu, com o próprio corpo, o assassinato de Prestes. Os dois foram separados e Olga foi levada para a Casa de Detenção da rua Frei Caneca, onde ficou detida junto com as militantes que participaram do movimento revolucionário.
Extraditada para Berlim, apesar de submetida a rigoroso regime de isolamento, conseguiu criar a filha até a idade de 14 meses, graças à ajuda que recebeu da mãe e da irmã de Prestes, que comandaram, em Paris, a campanha internacional de solidariedade aos presos políticos brasileiros. A pressão internacional favoreceu a entrega de Anita à avó Leocádia Prestes, mas não impediu que Olga ficasse confinada no campo de concentração de Ravensbruck, submetida a trabalhos forçados para a indústria de guerra da Alemanha nazista. Em 23 de abril de 1942, Olga era assassinada na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg.
A vida revolucionária de Olga, comunista e internacionalista, serve de exemplo a todos aqueles que se dedicam à luta contra o capitalismo e em defesa da sociedade socialista. Ficou registrada, na eternidade, a mensagem escrita por ela para Prestes e Anita, antes de ser executada: ”Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo”.