Temer: vitória na mão grande para manter pauta em favor do capital

imagemO PODER POPULAR

De nada adiantaram as denúncias escandalosas de corrupção envolvendo Michel Temer. De nada valeram os gritos por “Diretas Já” que parte da esquerda e dos movimentos sociais passou a abraçar, desviando o foco da luta central contra os ataques em sequência aos direitos dos trabalhadores.

Os episódios desta quarta-feira, dia 02 de agosto, no Congresso Nacional, comprovaram mais uma vez que a institucionalidade da democracia brasileira está podre. Por 263 votos contra a denúncia e 227 votos favoráveis, os deputados rejeitaram a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente golpista, acusado de corrupção passiva. Foi vitorioso o relatório da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que indicava o arquivamento da denúncia contra Temer.

A compra de votos por parte do governo foi descarada. Durante a sessão, representantes do Planalto negociaram abertamente a liberação de emendas parlamentares para garantir o arquivamento da denúncia. Deputados “premiados” com a propina anunciavam nas redes sociais a conquista de verbas para estados e municípios onde se situam seus currais eleitorais. Um escárnio completo.

Somente nos meses de junho e julho, foram liberados mais de R$ 4,2 bilhões para os deputados. Entre janeiro e maio, antes de o caso da JBS vir à tona, o Executivo havia liberado um total de R$ 102,5 milhões, segundo levantamento feito pela Organização Não Governamental (ONG) Contas Abertas. Em dois meses, o governo liberou 41 vezes mais verbas aos parlamentares do que nos cinco meses anteriores, desde o início do ano.

Não se trata de novidade na podre República burguesa, pois todos os governos anteriores lançaram mão do mesmo artifício para conquistarem maiorias em votações no Congresso. Mas a desfaçatez é profunda, no momento em que a legislação trabalhista é destruída, programas sociais e bolsas de pesquisa são cancelados, escolas e unidades básicas de saúde públicas são fechadas em vários pontos do país, investimentos nos serviços públicos são congelados por vinte anos, e o desemprego atinge cerca de 15 milhões de trabalhadores.

A votação na Câmara dos Deputados demonstra também que o bloco hegemônico burguês, apesar das disputas entre as frações de classe no seu interior, está unificado em torno da necessidade – para o capital – de aprofundar as reformas contra os trabalhadores. Entre um presidente cada vez mais desgastado perante a população, mas que faça bem o serviço sujo de destruir a rede de proteção ao trabalho para retomar os lucros dos capitalistas, e um futuro incerto com sua saída do governo, a burguesia que manda no Brasil preferiu a primeira opção. Não que outro governante de plantão – guindado ao governo por eleições indiretas ou diretas – fosse fazer muito diferente do atual, mas todo o processo de apuração das denúncias de corrupção, julgamento de Temer e sua substituição poderia trazer alguma instabilidade política na conjuntura que não interessa aos capitalistas.

Apeados do poder, os petistas agora apostam no desgaste mais prolongado do governo Temer para que sua liderança carismática volte ao governo em 2018. Lula já declarou em entrevista que não anulará as medidas impopulares aprovadas pelo Congresso corrupto, a mando do governante golpista. Será, caso eleito, muito mais subserviente aos interesses do capital do que foram os governos petistas entre 2003 e 2015.

A única forma de a classe trabalhadora superar esse quadro atual tão adverso é voltar à cena política com força própria. É preciso avançar na reorganização dos trabalhadores e setores populares em novas bases, nos locais de trabalho, estudo e moradia, unificando as lutas contra os ataques da burguesia em nível nacional, num grande movimento de caráter anticapitalista e anti-imperialista, para o qual é necessária a construção coletiva de um programa permanente de lutas, para muito além do calendário eleitoral burguês, capaz de fortalecer a resistência popular, apontar para a revogação das contrarreformas de Temer e abrir o caminho para uma nova sociedade.

É hora de reorganizar a classe trabalhadora nas lutas anticapitalistas, sem conciliação!

Pelo Poder Popular, no rumo da construção do Socialismo!