A vitória contra o nazifascismo e as batalhas anticoloniais

imagemO PODER POPULAR Nº 26 – ESPECIAL 100 ANOS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA NA RÚSSIA

Dentre inúmeras conquistas sociais e políticas que a Revolução Socialista de Outubro deixou para a humanidade, uma das mais importantes foi a derrota do nazifascismo. A União Soviética foi a maior responsável pela derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Foram 23,4 milhões de soviéticos mortos, número superior ao da própria Alemanha e mais de 26 vezes o número de mortes que sofreram os Estados Unidos e o Reino Unido juntos. Após a vitória na Batalha de Stalingrado, as tropas soviéticas libertaram as nações do Leste Europeu do domínio nazista e chegaram em Berlim para derrotar Hitler.

Além disso, a URSS defendeu e apoiou, com recursos materiais e humanos, as lutas de libertação, na África e na Ásia, das antigas colônias exploradas pelo imperialismo europeu e norte-americano. Até 1917 a imensa maioria da população humana estava submetida a regimes de dominação colonial (onde foram criados, dentre outras coisas, os campos de concentração) pautados na dominação política total e na exploração econômica em suas formas mais brutais e desumanizantes. A maioria dos países e territórios de África, Ásia, Europa Oriental, América Central e América do Sul eram dominados por um punhado de Estados imperialistas que mantinham genocídios sistemáticos como forma de dominação, a exemplo do sistema de apartheid.

A grande Revolução de Outubro foi uma revolução socialista de dimensão anticolonial que conclamou os povos das colônias a quebrarem suas correntes e a lutar pela sua liberdade. Com o tempo, num processo difícil e contraditório, o movimento comunista, dirigido pela Terceira Internacional junto com a URSS, passou a atuar como o partido mundial da luta anticolonial e anti-imperialista. Vários povos em África, Ásia e América Latina, a partir da Revolução de Outubro e da criação da Terceira Internacional, organizaram seus partidos comunistas que atuavam numa perspectiva de libertação nacional com projeto socialista no horizonte.

O século da luta anticolonial

Após a vitória dos soviéticos contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu, entre 1950 e 1980, talvez a maior época revolucionária da sua história. O tradicional sistema colonial estava sendo destruído em África, Ásia e fortemente questionado na América Latina e Central. Novas formas de dominação imperialistas buscaram se consolidar, mas o fato é que ocorreram centenas de processos revolucionários de libertação nacional com conteúdo socialista ou no mínimo tendências igualitaristas. A união entre movimento comunista e movimento terceiro-mundista foi uma das maiores ameaças que o capitalismo global conheceu. Se houve um momento onde o capitalismo esteve ameaçado globalmente, isto se deu na década de 1960: os quatro cantos do mundo respiravam revolução.

O século XX pode ser lido como o século das lutas anticoloniais e socialistas contra o domínio do capital. Daí que, com a crise do socialismo e a queda da URSS nos anos 1990, a contraofensiva burguesa com o neoliberalismo representou, além dos ataques sistemáticos aos direitos da classe trabalhadora, um brutal recrudescimento do domínio global do imperialismo sobre as nações que haviam se libertado do jugo colonial. As invasões militares, o controle direto das riquezas naturais, a reprimarização das economias dependentes, o reforço do monopólio tecnológico, o aterrador aumento da pobreza, miséria, fome, desemprego e precariedade no terceiro mundo, hoje chamado de Sul global, são expressões dessa nova ofensiva neocolonial.

Que o legado da Revolução Socialista de Outubro e o resgate das ações anticolonialistas do Estado Soviético no século XX sirvam de exemplo para a necessária retomada, em novas condições, da luta dos trabalhadores e povos oprimidos em direção ao fim do capitalismo e do domínio mundial do imperialismo.