Nicarágua deixará de enviar militares à Escola das Américas

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, disse que o país centro-americano já não enviará mais militares à Escola das Américas (SOA), o que qualificou de “símbolo de morte e terror”.

“A Escola das Américas é um símbolo de morte, um símbolo de terror. Reduzimos o número das nossas tropas nesta instituição. Enviamos só cinco no ano passado e nenhum este ano. Agora entramos em uma nova fase e não vamos seguir enviando tropas à Escola das Américas”, disse Ortega na reunião com uma delegação da organização pacifista estadunidense, School of America Watch (SOAW), e do grupo Nicanet Solidarity.

Os ativistas norte-americanos saudaram o fato de a Nicarágua retirar seus efetivos militares dos programas de formação gestionados pela tristemente célebre Escola das Américas, instalada no Fort Benning, Georgia.

A Escola das Américas tem sido a principal escola de formação do pessoal militar e da polícia dos países latino-americanos e produziu desde a sua fundação em 1949 aproximadamente 64 milhões de ex-alunos, muitos dos quais foram responsáveis por graves violações dos direitos humanos no continente.

Segundo a SOAW, “as piores atrocidades deste continente, desde o México até o Chile, foram cometidas pelos graduados desta escola”.

Roy Bourgeois foi um dos membros da delegação da SOAW a Nicarágua. Bourgeois, junto com seus companheiros, fez uma campanha em favor do fechamento da Escola das Américas. Ele disse que várias gerações de militares latino-americanos foram formados ali em técnicas de opressão, incluindo torturas, desaparecimentos forçados e assassinatos seletivos.

“A Escola das Américas é muito conhecida na América Latina como uma escola de assassinos, torturadores e autores de golpes de Estado. É o símbolo da política exterior dos Estados Unidos, cujo papel tem sido sempre o mesmo: proteger os interesses econômicos estadunidenses e controlar os recursos naturais dos países da América Latina”, disse Bourgeois.

Segundo os membros da SOAW, os exemplos recentes da atuação de graduados da Escola das Américas incluem “dois dos protagonistas do golpe de estado em Honduras, assim como participantes na tentativa de golpe na Venezuela em 2002 e outros intentos similares no Equador e no Uruguai”.

Até agora, a Argentina, a Bolívia, o Uruguai, a Venezuela e mais recentemente o Equador, anunciaram publicamente sua decisão de retirar suas tropas dos programas de formação oferecidos pela escola estadunidense.

Outro membro da SOAW, Lisa Sullivan, disse que o presidente Ortega “sublinhou a importância da unidade e o apoio crescente entre as nações latino-americanas, e expressou sua gratidão pela solidariedade econômica. Isto é, sem dúvida alguma, ainda muito pouco, não é suficiente para permitir que a Nicarágua seja totalmente independente dos EUA, uma nação que segue castigando a Nicarágua por não seguir suas políticas mediante a retirada de seus fundos de ajuda ao mesmo tempo que bloqueia outros fundos internacionais destinados ao país centro-americano”.

Fonte: http://www5.almanar.com.lb