Nicarágua: movimentos sociais clamam pelo fim da violência

imagemResumen Latinoamericano – 15 de junho de 2018

Assassinado trabalhador da ENACAL por ser sindicalista e militante do FSLN

15 de junho de 2018 | Nohemy Sandino

Os criminosos pagos pela direita golpista, situados no bloqueio La Cartonera, estrada León-Chinandega, tiraram a vida do sindicalista Marlon Medina Tobal.

Na sexta-feira, dia 15/06, a União Nacional de Empregados (UNE-FNT) e a Confederação de Trabalhadores da ENACAL condenaram o assassinato do dirigente sindical de León, a quem dispararam, roubaram sua moto e deixaram sua via pública.

“Hoje, data em que reinicia o Diálogo Nacional, onde a maioria dos nicaraguenses pede a paz, tranquilidade e felicidade para os nicaraguenses, estamos denunciando o assassinato de nosso dirigente sindical da UNE-FNT do sindicato departamental ENACAL-León pelos criminosos que estão nos bloqueios pagos pelo MRS e pela direita”, expressou Domingo Pérez, Secretário Geral da UNE.

Marlon é o segundo dirigente sindical, assassinado nos bloqueios. O primeiro companheiro vítima destes crimes, foi o dirigente sindical de Matagalpa, Wilmer Danilo Reyes Hernández.

“Chamamos os senhores da direita para que se estabeleça um acordo de paz e que respeitem a vida dos nicaraguenses e de nossos dirigentes sindicais”, reiterou Pérez.

Em nome da Confederação da Água, ENACAL-EMPROSAOsman Miranda, condenou o assassinato de seu companheiro sindical.

Miranda assegurou que existem meios de comunicação que se dedicam a realizar uma campanha de mentiras.

“100% Noticias e outros meios disseram que nosso companheiro não foi assassinado. Seu tio, através de sua conta no Facebook, monstrou os orifícios das balas recebidas por seu sobrinho”, disse.

Seu companheiro de estudos e trabalho, Marcos Antonio Lara, expressou que Tobal era uma pessoa humilde, empreendedora e trabalhadora. É por isso que fez um chamado ao cessar da violência.

Marlon Tobal, licenciado em direito e que estudava seu mestrado, deixa um filho órfão. Tiraram a vida por ser sindicalista e militante da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), porém não arrebataram seus ideais e princípios sandinistas.

Dirigente camponesa: É preciso deixar o cinismo para buscar a paz

A dirigente camponesa Dolores Esquivel exigiu da Direita representada na Mesa de Diálogo Nacional que abandone toda a violência e o cinismo para encontrar soluções para a paz de que tanto necessita o país.

“Como mãe, sinto a dor. Só quem não é mãe não sente quando os filhos não vão à escola. Enquanto esperamos das duas partes, como vão ficar esses meninos, essas meninas, a juventude se não os incentivamos a seguirem adiante? Que futuro os espera?”, pediu a líder campesina.

Denunciou que nos diferentes bloqueios das estradas existe gente armada e “se deve dizer a verdade, porque quando vêm as balas, vêm os morteiros e levam todos ao saco. E podemos ver a famosa greve. Foi uma incerteza o que se viu, psicologicamente todo o povo está prejudicado. E não podem dizer que sou o governo. Sou uma produtora do campo, não sou funcionária e, no entanto, fui desrespeitada. Todos estamos chamando para buscar uma solução, buscar a paz”.

Esquivel conclamou as partes a ceder em suas pretensões para que a paz volte a chegar à Nicarágua.

Exigem que a direita detenha a violência e os crimes no país

dirigente camponês José Adán Rivera, presidente da União Nacional Agropecuária de Produtores Associados (UNAPA), conclamou a autoproclamada Aliança Cívica a deter a onda de crimes, sequestros e violência que se organizam a partir dos diferentes bloqueios de estradas que impedem a livre circulação e mobilização das pessoas.

Exigiu que todos os setores na mesa do plenário encontrassem pontos de coincidência para que se devolva à Nicarágua a paz, a tranquilidade e o desenvolvimento em que se encontrava o país há dois meses.

“Se praticássemos a verdade, provavelmente continuaríamos desfrutando a Nicarágua que tínhamos há três meses, que era uma Nicarágua nova, invejada pelos nicaraguenses e pelo mundo inteiro”, disse Rivera.

Disse que a UNAPA reconhece o trabalho enorme feito pelo governo no que se refere ao desenvolvimento do país.

“Essa aliança é a responsável por tudo o que ocorreu nesses bloqueios de estradas, por toda a delinquência que vocês propagaram, financiaram, acompanharam. Aqui, senhor Núncio, só é questão de ir a alguns templos, o senhor verá aqueles que estão desrespeitando os templos. É questão de ir e observar o que a Aliança está fazendo, queimando prefeituras, queimando instituições, inclusive hostilizando e pretendendo queimar as delegacias de polícia. Aqui está faltando a verdade. A Aliança tem que reconhecer que saiu de suas mãos a ideia original que tinham e agora têm que buscar uma forma de desmontar todos os crimes dos quais são responsáveis como aliança. Tudo o que está documentado está aí”, assinalou Rivera.

Indicou ao Núncio Apostólico que, na Nicarágua, existe um grupo de irracionais que, “inspirados não sei em que, fizeram uso de todo tipo de mentiras e aproveitaram esse milagre da revolução das comunicações para enganar, contaminar o povo nicaraguense e enganar o mundo”.

Destacou a paciência da grande maioria dos nicaraguenses que não caiu nas mentiras que promove a aliança que integram os empresários, os que dizem chamar-se estudantes e outros setores da direita.

“Quero destacar essa maturidade do povo nicaraguense que não caiu nesse fogo. Estão sofrendo, porém não caíram nessa bola de neve criminosa, irracional que estes senhores que se chamam Aliança Cívica entre aspas estão fazendo na Nicarágua. Esta é a verdade ainda que doa”, pontuou Rivera.

Vozes opositoras pedem que cesse a repressão

Víctor Cuadras, universitário, pediu que o governo ordenasse a cessação da violência.

Medardo Mairena, líder camponês e que pertence à Aliança Cívica, criticou o governo por pretender culpar os protestadores de impor a insegurança na Nicarágua.

“Senhores, por favor, se aqui viermos a nos fazer de vítimas, estaremos perdendo tempo… Não continuem virando os rostos. O povo da Nicarágua está cada vez mais banhado em sangue. O povo sabe quem tem as armas. É a Polícia que tem as armas, são vocês (governo) que têm as armas”.

Mairena exige a aprovação do ingresso da CIDH na Nicarágua. “Nós não temos medo que venham os direitos humanos”, assinalou.

Juan Sebastián Chamorro pergunta aos delegados do governo se cumpriram com alguns dos acordos assinados no diálogo nacional: “Já não existe vergonha em mostrar às forças policiais em veículos com forças parapoliciais, encapuzados”, disse.

Também criticou que, a partir da delegação do governo, se acuse a Aliança Cívica de promover a insegurança na Nicarágua.

“Cada bala que mata chega a esta mesa e vai matando o diálogo… Não nos ataquem nem nos acusem de atos de violência. Somos pessoas de paz”, afirmou Chamorro, que negou que os manifestantes sejam responsáveis pela destruição da infraestrutura.

“Se esta violência continuar aqui, este diálogo morrerá pouco a pouco”, continuou Chamorro.

Lesther Alemán, representante dos universitários, afirma na mesa de diálogo que o governo tem o poder para ordenar o cessar da repressão. Também disse que o governo dirige os ataques armados na Nicarágua. “Enquanto estamos falando aqui, continuam caindo os mortos”, indicou. Recordou o caso de um morto em Nagarote, a quem sua família ia enterrar no pátio de sua própria casa porque estavam rodeados por civis armados.

“Está nas mãos do Governo cessar a repressão. Na Nicarágua se cometeu um genocídio. Quando chegamos a esta mesa, em 16 de maio, estava manchada de sangue. Hoje está o dobro”, disse Alemán.

Carlos Tünnermann, em representação da Aliança pela Justiça, acusa o governo de ser o responsável pelos atos de violência na Nicarágua e de descumprir os acordos no diálogo nacional. Também criticou o ataque armado ocorrido em 30 de maio passado, Dia das Mães na Nicarágua, quando morreram baleadas cerca de 16 pessoas.

Assassinatos em Bilwi e Quezalguaque são denunciados

O Ministro Edward Centeno denunciou que, na quinta-feira à noite, em Bilwi, foram assassinados Ulises Santiago, militante da Frente Sandinista (FSLN), e a jovem de 15 anos Nixia Jockin, depois de participar de uma oração pela paz.

Também foi assassinado atrozmente o produtor Teodoro Ruiz por pessoas que chegaram do bloqueio de Villa Sandino, apoiados pelos do bloqueio de San Pedro de Lóvago.

Centeno disse também que os funcionários e técnicos das instituições do governo da Nicarágua “estão sendo ameaçados e perseguidos”.

Em La Trinidad (Estelí), um técnico agropecuário foi retirado à bala de sua casa quando estava celebrando o aniversário de sua filha de 10 anos. “Sabem para onde foi levado? Ao bloqueio de La Trinidad e no dia seguinte o entregaram”.

Também em Quezalguaque foi assassinado o jovem Marlon Javier Medina“Sabem quem o assassinou? Aqueles que vocês (os golpistas) representam. Era um trabalhador da ENACAL”.

“As instituições do Governo e do Estado estão sendo saqueadas e destruídas, Juan Sebastián (Chamorro). Quem está saqueando e destruindo são aqueles que você representa nesta mesa”, disse Centeno.

“Os que fazem (saqueios e queimas de instituições), o fazem com armas de fogo, coquetéis Molotov. Tudo isto que estou dizendo aqui, senhores bispos, senhor Núncio, está devidamente documentado”, indicou.

“É fácil falar de direitos humanos e citar artigos. Aqui, falamos pelos direitos humanos de todas as famílias nicaraguenses, sem distinção de nenhum tipo. Oremos pela paz de nossa Pátria. Peçamos a Deus nosso Senhor que nos ofereça todas as bênçãos para que haja reconciliação entre todos os nicaraguenses”, pontuou.

Rosario Murillo exigiu o fim dos bloqueios

A primeira dama e vice-presidente designada pelo poder eleitoral, Rosario Murillo, endureceu o discurso contra os protestos, expressando que o governo mudará sua postura no diálogo nacional e que o único ponto que aceitam discutir é que se suspendam os bloqueios nas estradas por “ser uma violação de direitos humanos e causadores de discórdia”.

“É uma proposta que fizemos sobre a mesa esta manhã. Todos sabemos onde está a origem de nossa insegurança”, disse Murillo em sua intervenção nos meios oficiais. A cogovernante insistiu que os protestos são “tenebrosos e práticas obscuras”.

Diálogo: Bispos propuseram adiantar eleições e Ortega estaria disposto a escutar propostas 

Reunidos no Diálogo Nacional, que reúne representações do governo da Nicarágua, movimentos sociais e grupos oposicionistas, os bispos propuseram a Daniel Ortega adiantar as eleições gerais na Nicarágua para o dia 29 de março de 2019, e o mandatário respondeu que está disposto a escutar propostas “dentro do marco institucional e constitucional”.

A Igreja Católica apresentou a proposta que entregaram a Ortega em uma reunião em 7 de junho passado e a resposta que – por escrito – mandou o mandatário em 12 de junho.

“Reiteramos nossa plena disposição de escutar toda as propostas dentro de um marco institucional e constitucional”, respondeu Ortega aos bispos, segundo a carta lida hoje pelo cardeal Leopoldo Brenes.

Ortega acrescentou que seu interesse é trabalhar pela democracia e contra a delinquência.

“(Reitero) nosso absoluto compromisso de trabalhar pela democratização, o fortalecimento institucional, a justiça e a segurança de todas as famílias nicaraguenses”, expressou Ortega aos bispos.

Também propôs que se formem comissões integradas por três membros do governo e três da Aliança Cívica para avançar nas propostas.

A Igreja Católica anunciou ter entregue um roteiro a Ortega para superar a crise, que inclui adiantar as eleições para 29 de março de 2019, reformar a Constituição para proibir a reeleição presidencial, mudar os magistrados eleitorais e que o novo mandatário assuma em 15 de abril de 2019.

Em sua resposta, Ortega indicou que, dentro de seus interesses, inclui acordos que garantam “a paz, tranquilidade e segurança de todas as famílias, o cessar de todas as formas de violência, venha de onde venha” e que se garanta o livre trânsito das pessoas, “vital para a sobrevivência”.

A proposta dos bispos

O Nuevo Diario apresenta um resumo da proposta entregue pelos bispos a Daniel Ortega:

  1. Adiantar eleições presidenciais para 29 de março de 2019 e que a tomada de posse seja em 15 de abril desse mesmo ano.
  2. Garantir a separação e independência dos poderes públicos, para que haja legitimidade, integridade e profissionalismo na atuação dos poderes judiciais e eleitorais, enfatizando suas características apartidárias.
  3. Respeitar o regime plural de partidos e organizações políticas, incluindo novas regulações e permitir a assinatura popular.
  4. Garantir eleições periódicas, libres e justas com observadores locais e internacionais.
  5. Garantir transparência e mecanismos concretos de luta contra a corrupção e a impunidade.
  6. Aprovar a renúncia e substituição dos magistrados do Conselho Supremo Eleitoral.
  7. Reformar a Constituição Política para que se celebrem as eleições em 29 de março de 2019, que inclui a não reeleição e a redução e novos mandatos dos magistrados eleitorais.

Ver vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XrOMnpu76rk

Urge um cessar à violência

O analista político Adolfo Pastrán demandou ante o Diálogo Nacional a urgente necessidade de solicitar o fim da violência, porque os acontecimentos “estão nos levando a um confronto”.

“Assim como existe derramamento de sangue de um lado e do outro, 10 policiais perderam a vida, estudantes de um lado e outro afetados, propriedade pública e estatal danada e divisão na família nicaraguense, que é uma coisa trágica”, acrescentou.

“Devemos fazer um chamado de fim da violência venha de onde vier, contribuir de uma maneira para que diminuam estes níveis de intolerância e confronto que nada estão fazendo de bom para o país”, indicou Pastrán.

Transportadores: estamos sequestrados

O transportador Luis Jiménez criticou o fato de que o bloqueio das estradas estão violando os direitos mais elementares de milhares de transportadores da América Central. Neste sentido, afirmou que a verdadeira paz é respeitar os demais. Denunciou igualmente o sequestro das unidades como também o assassinato do produtor Teodoro Ruiz em Villa Sandino, após o atacarem a balas durante quase uma hora. 

Sonia Castro reafirma o compromisso do sistema de saúde com o povo

A ministra da Saúde, Sonia Castro, expôs a posição do sistema de saúde do país ante a situação atual, onde a assistência médica continua sendo uma prioridade para o Governo e para o pessoal médico, que se colocou à frente das unidades de saúde apesar da violência a qual têm sido vítimas dentro de seus centros de trabalho.

“O sistema de saúde da Nicarágua nunca, em nenhum momento, esteve fechado para oferecer nenhuma assistência. O demonstramos com as estatísticas e todas as assistências oferecidas, referindo-me às unidades públicas e privadas. O sistema de saúde que oferece assistência sem distinção de classe, matiz política, idade, circunstância, sexo e de nenhuma índole”, disse.

A funcionária denunciou os impactos sofridos pelas unidades de saúde, ambulâncias e as mortes causadas pelos bloqueios das estradas colocados nos municípios e entrada dos departamentos.

“No momento, 55 ambulâncias avariadas e roubadas, danos a centros de saúde, hospitais e maternidades, intimidação do pessoal dos centros hospitalares, porque entram com armas onde existem pacientes grávidas, cardiopatas e outros tipos de pacientes. Chegam aos hospitais e intimidam os trabalhadores e os pacientes, agrediram os pacientes nas transferências, seis pacientes morreram nos bloqueios e quatro sofreram hostilidades diretas nos hospitais”, disse.

Além disso, a doutora Castro se referiu à negação ao direito à saúde que se impôs ao povo, que interrompeu a continuidade de seus tratamentos hospitalares.

“Mais de 120 pessoas não conseguiram chegar a seus hospitais correspondentes para fazer suas hemodiálises. Os veículos da instituição foram queimados, nossos trabalhadores foram retidos. Recordamos que nosso sistema de saúde é de utilidade para todos os nicaraguenses, o chamado é a não reter as ambulâncias, para que possamos oferecer o direito humanos de salvar a vida”, destacou. 

Iván Acosta: que cesse a violência e se dê uma trégua ao povo

O Ministro Iván Acosta deu as boas-vindas ao novo Núncio Apostólico e expressou que sua chegada é muito importante nestes momentos tensos. “Sua contribuição à paz, à busca dos direitos humanos, à restauração da ordem a partir de sua posição espiritual, é muito importante para Nicarágua”, disse Acosta.

“Quando falamos de direitos humanos, quando falamos de paz, devemos estar claros que todos devemos contribuir. Todos somos responsáveis e não podemos excluir ninguém, o governo, a sociedade, os organismos, a Igreja, o Capital tem grande responsabilidade nos danos que se fizeram no país”, sentenciou.

Assinalou que “destruir a economia é afetar os direitos humanos, impactar na humanidade da juventude, do povo dos jovens, como vem sendo feito nestes últimos 60 dias, é faltar com os direitos humanos”.

“Quando iniciamos o diálogo, eram muito menos os falecidos. Mais pessoas perderam a vida enquanto estamos dialogando. Se está cumprindo a máxima que enquanto estamos dialogando, que nós que dialogamos, que os nós que conhecemos, não fazemos mal. Falamos e não resolvemos. E os pobres, os pobres dos bairros estão perdendo suas vidas. Abandonemos o ódio, o cinismo e a mentira!”, indicou,

“Creio que é o compromisso com nosso povo, com os mais de seis milhões que estão esperando soluções nas quais todos devemos contribuir”, acrescentou.

Disse que com os bloqueios das estradas se afetam “cidades completas, os povos do Caribe que não têm abastecimento, os povos sitiados como nos velhos contos dos polacos e dos cossacos. Não podemos repetir isso no país. Não podemos continuar. Fim à violência, uma trégua para todos os cidadãos”. 

Luis Barbosa: que se levantem os bloqueios das estradas!

O representante do setor sindical na Delegação de Governo, Luis Barbosa, assinalou que “existe evidência suficiente de todos os lados, quando se chama à guerra a partir de lugares distintos, a púlpitos distintos, onde se chama a guerra, se chama a matar, se chama a somar-se para seguir destruindo nosso país”.

“Eu creio que nós nicaraguenses merecemos a paz, aliás, todos. Ao final, eu pediria à Conferência que pudesse perfeitamente levantar todos esses bloqueios e que começasse a chegar a todos os povos a alimentação que está fazendo falta”, disse Barbosa.

“Hoje, uma libra de arroz custa 24 córdobas. Para aquele que tem, sim. Porém, para os pobres, vão tirar de onde? De onde? Creio que essa deve ser a posição da Igreja. Equânime, imparcial e que nos permita que, todos os pobres, os trabalhadores, possamos chegar a nossos centros; porém os empresários estão sendo ameaçados. Caso abram, queimam suas fábricas”, acrescentou.

“Eu creio que esses 24 dias alimentaram o ódio dos nicaraguenses e, por isso, existem mais mortos, mais feridos. E creio que, na verdade, hoje vêm com a mesma proposta de 15 mais 3. Essa já foi aprovada, já foi aprovada; queremos que se aprovem que a suspensão dos bloqueios das estradas, para que sigamos em paz e com liberdade, para que possam trabalhar todos os nicaraguenses”.

Leonardo Torres: não queremos continuar sentindo terror e medo

Leonardo Torres, presidente do Conselho Nicaraguense da Micro, Pequena e Média Empresa, durante sua intervenção na Mesa de Diálogo Nacional, instou os membros da mesma a dispor vontades ou defender realmente o direito à vida. Por sua vez, condenou os atos de violência registrados no país.

“Se fala de direitos humanos como um patrimônio de todos. Nossa população em geral, sem distinção, nos manda proteger esses direitos. O direito da vida é o primeiro a proteger. Não à violência de qualquer tipo e de qualquer lado. Não podemos continuar com um morto mais. Nossa solidariedade com as famílias humildes que choram nossos mortos. Os mortos são gente humilde. Nossa solidariedade para eles”, dijo.

Torres também se referiu ao direito ao trabalho, que se viu interrompido não só pelos bloqueios, mas pela detenção das atividades econômicas por parte da empresa privada.

“O direito ao trabalho, à livre empresa e à mobilização é fundamental. Não queremos continuar sentindo terror e medo. Nosso povo não merece herdar o terror e o medo. Falemos de direitos humanos fazendo propostas sensatas, como a mobilização, direito ao trabalho e para evitar o terror e o medo”, expressou.

Vídeo: https://www.facebook.com/augusto.gomez.90834/videos/1259392314163656/

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2018/06/15/nicaragua-un-dialogo-dificil-ya-que-no-hay-acuerdo-entre-gobierno-y-oposicion-siguen-los-enfrentamientos/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)