A fundação do PCB em 25 de Março de 1922
Fundado em congresso realizado nos dias 25, 26 e 27 de março de 1922, em Niterói, o Partido Comunista surgiu em meio ao contexto internacional da afirmação do regime socialista na Rússia, após a Revolução Soviética de 1917, e da criação da Internacional Comunista em 1919, episódios históricos que sinalizavam, para os integrantes do movimento operário e sindical no Brasil, a possibilidade concreta de vitória das forças proletárias do mundo no combate ao sistema capitalista. O I Congresso dos comunistas brasileiros foi convocado para que houvesse tempo hábil de enviar uma delegação ao IV Congresso da Internacional Comunista, marcado para novembro daquele ano em Moscou. Mas somente em 1924 o PCB foi admitido no órgão, adquirindo a condição de Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC).
Dos nove fundadores do PC, delegados nacionais representando os agrupamentos comunistas existentes em algumas cidades brasileiras (Distrito Federal, Niterói, São Paulo, Recife, Cruzeiro e Porto Alegre), oito eram egressos do anarcossindicalismo: o fluminense Astrojildo Pereira; o professor pernambucano Cristiano Cordeiro; o gráfico paulista João da Costa Pimenta; o sapateiro e operário da construção civil pernambucano, morador do Rio de Janeiro, José Elias da Silva; o alfaiate sergipano, também trabalhador do Rio, Joaquim Barbosa; o vassoureiro fluminense Luís Peres; o eletricista de Cruzeiro, Minas Gerais, Hermogêneo da Silva; o barbeiro de Porto Alegre Abílio de Nequete. Somente o alfaiate espanhol Manoel Cendón não tinha origem anarquista, mas socialista. A Comissão Central Executiva ficou formada por Abílio de Nequete, escolhido Secretário-Geral, Astrojildo Pereira, Antônio Bernardo Canellas, Luís Peres e Antônio Gomes da Cruz, com Cristiano Cordeiro, Rodolfo Coutinho, Antônio de Carvalho, Joaquim Barbosa e Manoel Cendón na suplência.
Nos primeiros anos de sua existência, o PCB exerceu pequena, mas não desprezível influência entre os trabalhadores dos grandes centros, verificada, por exemplo, na circulação da revista Movimento Comunista, que teve 24 números editados até 1923, quando se tornou a primeira publicação comunista a ser fechada pela polícia. Os comunistas atuaram no interior dos sindicatos, difundindo as conquistas da Revolução Bolchevique e as ideias contrárias ao capitalismo através de palestras, festas nas sedes dos sindicatos, revistas, livros, panfletos e artigos publicados na imprensa sindical. Seu maior veículo de informação foi o semanário A Voz Operária, editado pela primeira vez em 1º de maio de 1925, chegando a alcançar a tiragem de onze mil exemplares no número 12, quando também foi fechado pela repressão.
Sob influência das teses defendidas por Astrojildo Pereira e Octávio Brandão, principais lideranças nos anos de formação do PCB, as resoluções congressuais apontaram para a necessidade de uma fase democrático-burguesa na revolução brasileira. Também indicaram a aliança política do proletariado com a pequena burguesia radicalizada, representada pelo tenentismo, visto como um movimento propenso a abraçar a luta contra o imperialismo e pela superação dos entraves semicoloniais ou semifeudais admitidos na realidade nacional. Numa conjuntura rica em embates sociais, os comunistas davam os primeiros passos de uma longa trajetória marcada pela participação ativa nas lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens, dos negros, pelas liberdades democráticas e pelo socialismo.
Leia O Poder Popular número 9 na íntegra: http://pcb.org.br/portal2/10615