Construir o ENCLAT: unir a classe trabalhadora para enfrentar os ataques do capital
A chegada ilegítima de Temer ao poder, em substituição ao governo de conciliação de classe do PT, resultou da necessidade burguesa de realizar de forma rápida e radical as contrarreformas que o lulopetismo já vinha implantando aos poucos. O aprofundamento dos ataques aos direitos sociais, políticos e econômicos da classe trabalhadora está em curso e, a depender da vontade da classe dominante, continuará de forma ainda mais violenta. Isso porque, para a saída da atual crise, o governo puro sangue da burguesia, por meio da coerção e da extração de consentimento mediado pelo peleguismo, vai buscar jogar todo o ônus da situação sobre as costas dos trabalhadores.
Para fazer frente à ofensiva do capital, as forças classistas vivas precisam dar um salto qualitativo na sua reorganização. Urge unificar na luta as centrais sindicais combativas, movimentos sociais e sindicatos ainda isolados na construção, sem oportunismo, aparelhismo e hegemonismo, de um sistema de alianças sob a forma de um fórum de mobilização permanente que seja capaz de convocar os trabalhadores para a luta de resistência contra a retirada de direitos e para ampliar a rede de proteção ao trabalho, hoje seriamente ameaçada pelos projetos em tramitação no Congresso Nacional e pelas ameaças do governo e dos patrões.
Ao longo dos últimos anos, seja pelas transformações produtivas impulsionadas pelo capital, seja pelas direções sindicais claudicantes, atreladas aos partidos governistas, ou por ambas, o movimento dos trabalhadores tem passado por uma crise de representação.
Nas tentativas de superá-la, no campo classista e combativo, foram realizados esforços que resultaram na formação da CSP-Conlutas e das duas Intersindicais. Nós, comunistas, temos participado ativamente dos esforços para a construção de um bloco de forças classistas no movimento sindical e popular, por meio da Unidade Classista, a corrente sindical do PCB. Em 2006, rompemos com a governista CUT e passamos a construir a Intersindical, que se dividiu em duas, em 2008, por causa das divergentes opiniões sobre a participação ou não no Conclat, cujo resultado foi a criação da CSP-Conlutas. Um setor decidiu por participar e outro não. Aquele participante do Conclat, ao final, não se integrou à CSP-Conlutas e se conforma como central sindical, em 2014, cujo nome é “Intersindical – Central da Classe Trabalhadora”. O outro setor, “Intersindical – Instrumento de luta e organização da classe trabalhadora”, continua funcionando como uma plenária de sindicatos.
Problemas de longa data, como o hegemonismo praticado por certas forças políticas, dificultam muito os esforços feitos em prol de ações unitárias, conforme ficou patente no período mais recente, quando a luta política se tornou mais tensa, e as decisões aprovadas pela maioria da direção da CSP-Conlutas foram equivocadas, principalmente por causa da intenção de impor aos movimentos a palavra de ordem “Fora Todos!”, rechaçada pelas bases das categorias.
É chegada a hora de dar um salto qualitativo na reorganização da classe trabalhadora. A realização do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora (ENCLAT) será um instrumento fundamental no processo de retomada dos esforços de unificação dos trabalhadores e dos movimentos populares numa perspectiva estratégica de superação do capitalismo.
A Unidade Classista propõe a organização de um seminário, ainda neste ano de 2016, com as centrais sindicais do campo classista, combativo e unitário, sindicatos, movimentos sociais e populares para, nesse espaço, criar as condições de convocação do ENCLAT, no primeiro semestre de 2017.