Estudantes dão aula de luta e participação democrática

imagemOnde e quando começou é difícil precisar. Só sabemos que começou, cresceu, aumentou, ficou cada vez mais forte, está tomando o País. Os estudantes vão ocupando as escolas, as ruas, dando exemplos de luta e determinação em um movimento que tende a se expandir.

Em 2013 eles foram às ruas contra o aumento das passagens de ônibus. Em pouco tempo, o movimento se ampliou e deixou de ser por apenas 20 centavos. Melhorias na educação e nos serviços públicos passaram a constar da pauta que levou milhões de estudantes e trabalhadores às ruas.

Ano passado, os estudantes de São Paulo ocuparam as escolas contra projeto do governador Alckmin de reorganização das escolas, que em verdade pretendia fechar unidades, aumentar o número de estudantes por turma, demitir professores e funcionários do apoio. O projeto foi arquivado. Vitória!

Neste ano o movimento se ampliou e começa a ocupar o país: São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul. Os estudantes estão mobilizados país afora, apesar da repressão policial comandada por governadores descomprometidos com a educação pública de qualidade.

A escola capitalista é uma grande reprodutora de desigualdades e opressões. No Rio de Janeiro, assim como na maior parte do Brasil, se aposta em um modelo de escola pública sucateada, de baixa qualidade, com profissionais mal pagos e com rápida formação dos estudantes filhos das classes populares. O aumento dos investimentos e valorização da escola pública está subordinado à “suspeitos” planos de metas meritocráticos, segregando a maior parte das escolas, alunos e professores.

Corrupção e descaso

O caso das merendas em São Paulo é significativo. Preços superfaturados permitiram propinas para integrantes do governo estadual e de 22 prefeituras. O próprio presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Capez (PSDB), bem como alguns dos seus assessores, estariam envolvidos.

A contrapartida está resumida na frase do crítico gastronômico Jota Bê, ouvido pela revista ‘Trip’ para avaliar a qualidade da merenda: “Pior do que isso só se estiver estragado”, disse ele.

Escolas sujas, caindo aos pedaços, equipamentos defeituosos, materiais esportivos e pedagógicos abandonados, salários baixos para os profissionais, exclusão da comunidade acadêmica e da sociedade das tomadas de decisão, essas são as condições na maioria das escolas públicas. As ocupações têm denunciado essa dura realidade. Os estudantes estão limpando, arrumando, reformando muitas dessas escolas, com apoio dos pais e da comunidade.

Outras ameaças que pairam sobre a educação pública são a privatização, já em curso em vários estados, e a censura ao pensamento crítico, impedindo o debate filosófico, político, ideológico e criativo, justamente nos locais onde o conhecimento se faz mais necessário. A burguesia pretende transformar o ensino público em um negócio lucrativo, que gere lucro e produza mão de obra barata para garantir a mais valia.

Na contracorrente dos planos oficiais, os estudantes lutam pela qualidade do ensino, em defesa da educação pública. Reivindicam professores, democracia, participação, salas de aulas com menos gente e em melhores condições, boas refeições etc.

É emocionante ler e ouvir os depoimentos desses jovens, a grande maioria moradores das periferias, filhos de trabalhadores de baixa renda, com disposição de luta e crescente conscientização acerca da necessidade e do direito de estudar em escolas democráticas e de qualidade. Estão aprendendo e ensinando que só a luta muda a vida.

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