O aumento do custo de vida e a situação da classe trabalhadora
O PODER POPULAR Nº 28 – JANEIRO DE 2018
Em dezembro de 2017, a Petrobras anunciou mais um aumento no preço do gás liquefeito de petróleo, o gás de uso doméstico. Foi o sexto aumento seguido no ano, completando um reajuste acumulado de 67,8%! O preço médio do botijão de gás de 13 kg – o gás de uso doméstico – em muitas regiões ultrapassa o valor de oitenta reais. O custo dos alugueis, planos de saúde, escolas, transporte, energia, água, alimentação e vestuário sofre com um processo constante de alta. Combinada a alta do custo de vida com o desemprego de mais de 16 milhões de trabalhadores e uma baixa real dos salários, o resultado é desastroso: crescimento da miséria e da fome e regressões civilizacionais, como milhares de famílias voltando a cozinhar a lenha, porque têm de escolher: ou compram o gás ou a comida.
A situação real da classe trabalhadora brasileira desmente categoricamente as mentiras propagandeadas pelos monopólios de mídia. Toda semana a mídia busca algum indicador econômico para provar uma suposta recuperação da economia. A moda do momento é mostrar altas irrisórias do PIB (produto interno bruto) no trimestre como sinal de melhora. O fato de o desemprego estar em alta, o poder de compra dos salários destruído, a estrutura produtiva deteriorada, a fome, miséria e desigualdade crescendo e vivermos uma recessão econômica – uma das maiores da história brasileira – são um mero detalhe para a mídia.
Evidentemente, não são todos que vão mal com a crise. A classe dominante brasileira está muito feliz com a situação do país. Enquanto a vida de milhões é destruída, bancos, multinacionais, empreiteiras, grandes fazendas etc. anunciam lucros recordes. O Banco Itaú, por exemplo, já teve mais de 10 bilhões de lucro no ano de 2017.
Nos anos 60 e 80 do século passado, no período imediatamente anterior ao golpe de 1964 e no momento posterior, em que a ditadura já agonizava, a classe trabalhadora protagonizou importantes movimentos de luta contra o aumento do custo de vida. Os chamados movimentos contra a carestia, com ampla participação dos comunistas do PCB, combatiam o aumento de preço dos produtos essenciais ao consumo dos trabalhadores e travavam um verdadeiro cabo de guerra com as classes dominantes. Foi um movimento de fundamental importância na organização e politização dos trabalhadores em sua época histórica.
É necessário nesse momento voltar a fortalecer as ações dos trabalhadores e movimentos populares contra o aumento do custo de vida. Organizar ações pelo congelamento imediato do preço dos alugueis, escolas, planos de saúde, transporte, energia elétrica, água etc. e combater a aumento do preço de alimentos e produtos do vestuário. Estruturar essa luta, além de fundamental para a sobrevivência de nossa classe, é pedagógica: mostra aos trabalhadores que, tanto no âmbito da produção como no consumo, os grandes grupos capitalistas, aqueles que realmente controlam o comércio e a produção do país, só querer lucrar às custas do sangue e suor de nosso povo.