No ar o Poder Popular nº 31 (Edição de Abril)

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O momento exige mobilização e unidade no enfrentamento aos retrocessos políticos e à ameaça fascista

Vivemos um momento de extrema preocupação na conjuntura brasileira. Além dos retrocessos políticos e sociais impostos pela agenda do governo Temer, instalado em Brasília a partir do golpe parlamentar midiático de 2016 com a clara intenção de destruir a legislação trabalhista e social e avançar nas privatizações para favorecer o grande capital e o imperialismo, hoje são cada vez mais vivas as ameaças protagonizadas por grupos fascistas.

O PCB manifestou publicamente seu repúdio e indignação contra as hordas protofascistas que, com ovos, pedras, rojões e tiros, atacaram, sob o olhar complacente de governos estaduais, da polícia e da justiça, a caravana de Lula e do Partido dos Trabalhadores na região Sul do país. Essas milícias fascistas, que incluem simpatizantes do candidato Jair Bolsonaro, integrantes do MBL e de outros grupos de extrema-direita, buscam espalhar o terror não apenas contra Lula e o PT, mas contra todo e qualquer direito de manifestação democrática e popular.

Tais ações fazem parte de uma escalada reacionária no país, por meio da qual grupos parafascistas estão cada vez mais ousados e agressivos, contra todos aqueles que lutam por direitos e pelas liberdades democráticas e, com mais ódio e violência, contra os defensores do socialismo e do comunismo. A experiência histórica nos ensina que é fundamental a mais ampla condenação a essas ações da extrema direita por todas as forças de esquerda.

O PCB não apoia a candidatura do PT à presidência, mas defende o direito de Lula ser candidato e o direito democrático de manifestação política dos militantes do Partido dos Trabalhadores. Hoje essas ações se voltam contra o PT, amanhã poderão se voltar contra a esquerda mais consequente. Semanas antes, a execução da Vereadora Marielle Franco, do PSOL, e de seu motorista Anderson Gomes demonstrou cabalmente que as liberdades democráticas estão seriamente ameaçadas no Brasil de hoje.

Tudo isto ocorre em meio à intervenção militar decretada por Temer na segurança pública do Rio de Janeiro, dando continuidade a uma política punitivista e criminalizadora dos pobres e dos movimentos sociais e que de fato nunca pretendeu enfrentar o problema da violência, vinculado ao avanço das desigualdades sociais criadas pelo capitalismo.

Vistas pelo lado da violência urbana, medidas como essa demonstraram ser um grande fracasso. Mas há quem lucre com elas: empreiteiras, fábricas de armas, monopólios midiáticos, deputados, senadores, secretários, juízes, policiais e militares corruptos, ONGs e outros piratas sociais sempre ganham muito dinheiro com tais pirotecnias. Por outro lado, policiais com baixos salários baixos morrem, mulheres, negros, jovens e LGBTs das comunidades pobres são achacados e mortos por balas perdidas ou direcionadas.

Estamos em meio à barbárie produzida pela decadente sociedade capitalista, que, em função do aprofundamento da crise econômica, acirra as contradições e abre espaço para mais explosões sociais, que serão tratadas pelo Estado democrático burguês com mais repressão e criminalização. Uma conjuntura como essa, como já lembrou o dirigente comunista Antonio Gramsci, ao observar a ascensão do fascismo na Itália nos anos 1920, possibilita o aparecimento dos monstros e dos sintomas mórbidos.

Não se pode tratar o fascismo com flores, boas maneiras ou apelos ao bom senso. As milícias fascistas e nazistas de Mussolini e Hitler também começaram assim e depois passaram a queimar sedes sindicais, dos partidos comunistas, socialistas e dos anarquistas, levando o mundo à barbárie. Portanto, é fundamental reagir mais corajosamente a essas ações, com ampla unidade dos movimentos sociais e grandes mobilizações de massa, para desestimular e neutralizar os grupos fascistas ainda no nascedouro.

Nenhum passo atrás! Agir sem medo para derrotar o fascismo!


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