PCB ratifica apoio a Boulos e Sonia para mudar o Brasil

imagemJornal O Poder Popular

Foi uma noite pra entrar na história! A Convenção Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB), realizada na sede do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, oficializou, nesta sexta, 20 de julho, a aliança eleitoral com o PSOL e o apoio à candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara à Presidência da República. Trata-se de uma candidatura que é resultante do acúmulo das lutas nos últimos anos em nosso país, expressando a frente política e social que, a partir da base e das ruas, reúne PCB, PSOL, Mídia Ninja, MTST, Movimento Indígena e inúmeros outros movimentos populares.

A Convenção transformou-se num grande ato político, que contou com a presença animada da militância do PCB, da União da Juventude Comunista, da Unidade Classista, do Coletivo Negro Minervino de Oliveira, do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, do Coletivo LGBT Comunista, do Secretário Geral Edmilson Costa, do secretário político do PCB RJ Eduardo Serra, do camarada Roberto Arrais de Pernambuco, do presidente do PSOL, Juliano Medeiros, do deputado federal Glauber Braga, além dos candidatos do PCB nos Estados: Marta Barçante, Maria Carol e Heitor Cesar (RJ), Amanda Palha (PE), Túlio Lopes e Daniel Cristiano (MG) e Telma Taurepang (RR). Estiveram presentes ainda representantes de entidades e movimentos sociais, a exemplo do General Bolívar Meirelles, presidente da Casa da América Latina, que fez um discurso entusiasmado convocando a todos para travar a luta nas ruas em defesa das propostas da Frente de Esquerda ali constituída. A atividade teve início com uma bela e emocionante homenagem a Minervino de Oliveira, candidato negro do PCB a Presidente da República no ano de 1930. E teve sequência com as falas dos convidados do PSOL e lideranças de movimentos populares.

imagemO combativo Deputado Federal Glauber Braga enfatizou que os eventos do PCB contagiam pela energia e garra de sua militância, imprescindíveis num momento de enfrentamento aos sucessivos golpes contra a população brasileira após 2016.

O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, agradeceu o empenho da militância e da direção nacional do PCB no sentido de garantir a aliança política que ali se formalizava, destacando o sério compromisso, generosidade e lealdade dos comunistas para com este processo, cujo objetivo vai para além das eleições e que representa hoje a construção de um novo ciclo de lutas no Brasil, de caráter anticapitalista e anti-imperialista.

O Secretário Geral do PCB, Edmílson Costa, deu o tom do evento, ao afirmar que “nestas eleições, já decidimos, há algum tempo, a coligação com o PSOL, entendendo que esta candidatura faz parte da política do PCB, do PSOL e de destacadas organizações de massa no Brasil no sentido da reorganização da esquerda, a partir de um movimento que vem de baixo, dos movimentos sociais, como o indígena, o sem-terra e os demais, unindo-se uniu aos partidos revolucionários para construir uma alternativa política no Brasil capaz de enfrentar a velha política, os retrocessos impostos pelo governo Temer, os ataques aos direitos dos trabalhadores e do povo e avançar, num caminho radicalmente oposto ao da conciliação de classe, para mudar de fato o Brasil na direção do Socialismo”. Edmílson e os candidatos do PCB defenderam a revogação dos atos antipopulares de Temer, como a reforma trabalhista e a lei de terceirizações, a retomada de todas as empresas privatizadas consideradas estratégicas para o país, a plena estatização da Petrobras, a promoção de uma política de incentivo ao desenvolvimento social baseada no investimento público e com controle dos trabalhadores.

Em sua fala, Marta Barçante, candidata do PCB ao Senado pelo Rio de Janeiro, apresentou as propostas em favor dos direitos das mulheres, como o aborto legal e seguro, para romper com a cruel realidade dos abortos clandestinos e das mortes de mulheres por causa deste procedimento sem segurança alguma; a educação sexual nas escolas, para reverter o quadro alarmante de gravidez de jovens entre 15 e 19 anos; assim como um conjunto de políticas que garantam o amplo atendimento à saúde da mulher, o combate ao machismo e ao feminicídio.

imagemAmanda Palha, candidata a deputada federal por Pernambuco, afirmou ser militante ativa das lutas em favor das comunidades LGBT, mas, antes de tudo, é comunista, e por isso entende que todas as lutas contra as opressões são parte da luta mais geral contra o capitalismo e pelo socialismo. Heitor César, candidato a deputado estadual no Rio, destacou a necessidade de todos arregaçarem as mangas para uma forte campanha nas ruas, escolas, locais de trabalho e moradia, que dê sequência às lutas de resistência aos ataques do capital e apresente as propostas dos comunistas pelo Poder Popular. Os camaradas Túlio Lopes e Daniel Cristiano, candidatos ao Senado e a deputado estadual em Minas Gerais,  afirmaram o compromisso com as lutas da classe trabalhadora e da juventude. Telma Taurepang, candidata a Senadora por Roraima, ressaltou a luta dos povos originários no Brasil e a participação histórica do PCB nas batalhas em favor dos interesses e direitos do proletariado e dos grupos oprimidos, tema reafirmado pela companheira Sonia Guajajara, que lembrou o fato de ser a primeira mulher indígena candidata a um cargo de tamanha expressão. Por fim, Guilherme Boulos relembrou o tempo em que deu os primeiros passos na militância política na UJC e parabenizou toda a militância do PCB, com a qual tem se encontrado em vários pontos do país, demonstrando a forte organização do PCB e da Juventude Comunista. Afirmou que seu compromisso é com uma campanha que em momento algum fará qualquer tipo de concessão aos banqueiros e à burguesia que explora o povo brasileiro, muito pelo contrário, será uma candidatura para combater a lógica e o poder do mercado, constituindo uma alternativa aos desmandos da burguesia e em contraponto ao projeto de conciliação de classe.

Foi feita a apresentação do documento RECONSTRUIR O BRASIL NA DIREÇÃO DO SOCIALISMO, cujos pontos essenciais são os seguintes:

1 – A convocação de plebiscitos para revogar as contrarreformas do governo golpista, como a reforma trabalhista, a PEC do teto dos gastos públicos e a PEC da Desvinculação de Receitas da União (DRU), Lei das Terceirizações, entre outras. Criação de um sistema nacional de democracia direta, a fim de fortalecer a organização dos trabalhadores e o poder popular. Democratização da mídia e enfrentamento aos grandes monopólios midiáticos. Proposta de um pacto nacional contra a violência à mulher, enfrentando o feminicídio, que atinge principalmente as mulheres trabalhadoras, além da defesa da legalização do aborto e a ampla assistência à saúde da mulher. Combate rigoroso a todas as formas de opressão, à violência e a todo tipo de preconceito, seja de classe, étnico, religioso ou sexual. Defesa da possibilidade de adoção para casais homoafetivos, de uma política de empregabilidade para a população de travestis e transexuais e do ensino de educação sexual nas escolas públicas.

2 –  A defesa das liberdades democráticas, da livre organização dos trabalhadores, movimentos populares e revolucionários. Apuração dos crimes hediondos da ditadura civil militar e punição dos responsáveis por torturas, assassinatos e desaparecimentos de presos políticos. Democratização e controle social do poder judiciário e a defesa de uma reforma política que crie mecanismos de controle popular dos políticos e preserve os partidos políticos ideológicos.

imagem3 – A crítica ao tripé macroeconômico, isto é, câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário. Tripé que estrutura a política econômica do estado burguês brasileiro desde os anos de 1990. A proposta de revogação da lei de responsabilidade fiscal é fundamental no enfrentamento aos interesses do capital financeiro. Ao mesmo tempo a proposta de auditoria da dívida pública, sua renegociação, reestruturação e queda dos juros representa um aporte importante para que se possa ter recursos para financiamento das políticas sociais. Reestatização e reestruturação, sob controle popular, da Petrobrás e do monopólio estatal na exploração do petróleo, a revisão das privatizações das reservas de pré-sal e da política de preços da Petrobrás.

4 – Defesa de uma reforma tributária progressiva que taxe à grande propriedade, ganhos de capital e financeiros e grandes heranças. Defesa do pleno emprego e de um plano de obras públicas para geração de empregos. Defesa dos direitos e garantias dos trabalhadores, recomposição dos salários e uma política para reduzir radicalmente o desemprego. A defesa de uma reforma agrária popular, fortalecimento da agricultura familiar e implementação imediata do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos. Defesa das demarcações de terras dos povos indígenas e quilombolas, além de ampliar os direitos sociais e econômicos destes povos. Na cidade, o enfrentamento à especulação imobiliária e ampliação de programas sociais de moradia popular.

5 – Combate à privatização do SUS, ampliando seu financiamento de acordo as demandas sociais e regulamentação do setor privado. A defesa de um SUS 100% estatal, público e sob controle dos trabalhadores. Defesa da escola e universidade pública, estatal, laica, gratuita e de alta qualidade que atendam as demandas populares e o desenvolvimento nacional. Implementar os 10 % do orçamento público para a educação pública. No campo da segurança pública, o questionamento a política de guerra às drogas que extermina milhares de jovens, em sua maioria negros, nas periferias do país. A defesa da desmilitarização da segurança pública, focando na prevenção, inteligência, combate ao tráfico de armas e à onda de homicídios em todo o país.

6 – A defesa de uma política externa anti-imperialista e independente, a partir de mecanismos de integração econômica, financiamento de políticas sociais e cultural latino-americana como a Unasul, Celac, Alba, Banco do Sul e a defesa de um Mercosul para além da integração comercial. Assim como defesa da soberania dos povos e da paz no continente, se posicionando claramente contra à instalação de bases norte americanas e da IV frota na região, de golpes jurídicos parlamentares no continente e às ameaças militares, cerco econômico e midiático contra o povo venezuelano e a revolução bolivariana.