Aumento da passagem no Rio: mais um ataque contra os trabalhadores!

Aumento da passagem no Rio: mais um ataque contra os trabalhadores!Heitor Cesar*

Em mais uma obra de chantagem contra a população do Rio de Janeiro, as empresas de ônibus (reunidas numa especie de sindicatos de empresas de ônibus, que, na prática, funciona mais como uma organização criminosa que se articula para lucrar sobre a necessidade de locomoção da população carioca) conseguiram na justiça o aumento da tarifa em 20 centavos, passando de R$3,40 para R$3,60.

As empresas de ônibus alegam que, sem o aumento da tarifa (que eles chamam de reajuste para tentar disfarçar o aumento), elas entrarão em colapso, podendo inclusive deixar de funcionar e fechar as portas, trazendo prejuízo para a cidade.

O que as empresas não falam é que o valor acumulado por anos de aumento abusivo criou um “grande e lucrativo negócio”, que, para se manter gerando “rios” de dinheiro, se estendeu ao plano político, criando uma associação direta com aqueles que ocupam o poder em nossa cidade e nosso Estado.

As empresas de ônibus do Rio de Janeiro, através de apoio (leia-se investimento) em candidaturas ao executivo e à câmara de vereadores, criaram uma verdadeira blindagem contra qualquer tipo de investigação e modificação nos negócios dessa máfia em que se transformou o transporte público no Rio de Janeiro.

Além de manter um processo de licitação onde nada é pedido em troca, além da manutenção do péssimo serviço, a relação promíscua entre empresas e poder público gerou uma verdadeira paralisia na construção de políticas de transportes em nossa cidade, onde somente se investia em transporte rodoviário (visivelmente menos eficiente e com mais impactos ambientais) do que em formas mais inteligentes e eficientes de transportes de massa. O Rio, uma cidade espremida por sua geografia e por séculos de falta de planejamento urbano, apostava e ainda aposta todas as suas fichas (ou moedas de ouro) no transporte sobre rodas, criando engarrafamento, lotação, atrasos, calor sem ar condicionado, poluições e fortunas para os donos das empresas de ônibus, que, ainda por cima, potencializaram a exploração do trabalhador criando a dupla função, onde o motorista dirige, fiscaliza, conta dinheiro e dá troco, e ainda tem que prestar atenção no transito.

E assim, o Rio de Janeiro passou pela Copa do Mundo, pelas Olimpíadas, e a chamada modernização do transporte público não ocorreu. Mas a injeção de verbas públicas e investimentos no transporte rodoviário, isso nunca deixou de existir, pelo contrário, ocorreu com vigor.

Parte da desculpa para exigir o aumento de tarifa é que houve a exigência por parte da prefeitura da adequação da frota de ônibus com ar condicionados, o que geraria um custo extra. Mas o que a máfia das empresas de ônibus não fala é que o ajuste de tarifa para adequar a frota já havia ocorrido, e a tão esperada adequação não, pois os ônibus continuaram velhos, quebrados, insalubres e sem ar condicionado.

Ao longo das últimas décadas as empresas de ônibus patrocinaram (investiram) em candidaturas a vereadores, prefeitos, deputados e governadores, criando uma verdadeira rede de apoio ao seu lucro e loteamento da cidade, sendo inclusive, elas as formuladoras do planejamento das linhas e horários de circulação dos ônibus. Esse apoio (investimentos) dado a políticos aliados de sua lógica privatista e de lucro acima da devida prestação de serviços, ora se deu por CNPJ ora por CPF (doação de pessoa física), mas, que de toda forma garantisse seu domínio e nenhum tipo de aborrecimento.

Agora, mais uma vez, voltam a chantagear a população, ameaçando com o fechamento de seu serviço se a justiça não conceder o aumento. E a “justiça” caminha para aceitar essa pressão da máfia das empresas de ônibus.

A única solução é “partir pra cima”. É preciso muita mobilização popular e social para poder barrar esse tipo de aumento, inclusive para denunciar que, mesmo sem o aumento, as passagens estão mais caras do que deveriam.

Enquanto houver interesses privados dirigindo o transporte público no Rio, nunca conseguiremos um serviço que tenha como centro de suas preocupações atender as necessidades da população da cidade. É preciso lutar pela criação de uma empresa pública municipal de transporte que dirija, planeje e organize o transporte na nossa cidade, no rumo da tarifa zero; afinal, circular pela cidade é um direito.

Por ora, é preciso contestar mais esse aumento e denunciar as empresas de ônibus e sua relação promíscua e corruptora com o poder público.

Contra a máfia do transporte no Rio!

Não ao aumento da tarifa!

Pela criação de uma empresa pública municipal de transporte sob controle popular!

*Membro do Comitê Central do PCB

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