Unidade Classista: organizar, lutar, vencer!
A Unidade Classista, corrente sindical ligada ao PCB, realizou, entre os dias 4 e 6 de junho, o seu I Encontro Nacional em São Paulo, com a presença de mais de 100 delegados de 18 Estados do país. Os militantes avaliaram que a crise econômica vai levar ao acirramento da luta de classes, com o recrudescimento da repressão contra os trabalhadores e dos ataques orquestrados pelos governos e donos do capital, unidos em torno do objetivo comum de despejar as consequências da crise nos ombros da classe trabalhadora.
Crescem as demissões em vários setores da economia, com destaque para a construção civil e o setor automobilístico, ao mesmo tempo em que empresas fecham suas portas. O Congresso Nacional aprova o projeto das terceirizações e as medidas provisórias do plano de ajuste fiscal. O governo Dilma busca superar o desgaste acumulado nos primeiros meses do mandato adotando iniciativas de corte neoliberal para consolidar o apoio do grande empresariado nacional e internacional. A austeridade e o ajuste fiscal são perseguidos a qualquer custo, impondo o arrocho sobre a classe trabalhadora, exemplos que são seguidos pelos governos estaduais, que apelam cada vez mais para a repressão, como se verificou no caso do massacre contra os professores e servidores públicos do Paraná. A tática de fechar o diálogo para as reivindicações dos trabalhadores em luta, forçando os movimentos ao limite de sua resistência, no velho estilo de Margareth Tatcher, Ronald Reagan e FHC, volta a ser utilizada pelos governos e patrões, a exemplo da forma como foi atacada a greve dos professores em São Paulo.
Em meio à crise do ciclo hegemônico do PT, no movimento sindical é possível verificar a perda de representatividade da CUT, que ainda nos anos 1990 iniciou seu processo de acomodação e, a partir de 2002, com o governo Lula, reforçou a estreita colaboração com o governo e a burguesia. Hoje o sindicalismo de resultados predomina no âmbito das centrais, as quais se distanciam cada vez mais das bases, mantendo a direção dos sindicatos e federações através de expedientes antidemocráticos, poder econômico e mesmo práticas do banditismo sindical.
Em contrapartida, os trabalhadores mobilizam-se em todo o país, num movimento crescente de retomada das greves nos anos recentes: 446 paralisações em 2010; 554 em 2011; 873 em 2012 e cerca de 2.000 em 2013. Ainda não há dados consolidados sobre 2014, mas este também foi um ano de intensas mobilizações. Em muitos casos, as greves acontecem apesar, ou mesmo, contra as direções sindicais, possibilitando aos trabalhadores um novo ciclo de aprendizado e experiência na luta sindical e política, após duas décadas de hegemonia incontestável do colaboracionismo de classes.
Mas justamente quando é necessária ampla unidade da classe para enfrentar os ataques do patronato e do governo, as organizações que se dispõem a travar esse combate estão divididas. Por isso a Unidade Classista propõe a realização de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora (ENCLAT), construído de baixo para cima, a partir dos fóruns regionais de luta, para unificar a ação das organizações sindicais do campo da independência de classe e da luta anticapitalista. É preciso avançar na luta pela redução da jornada sem redução de salário, mais e melhores empregos, salário-mínimo do DIEESE, fim do fator previdenciário e das terceirizações, reestatização das empresas privatizadas sob controle dos trabalhadores. Nenhum direito a menos, rumo a novas conquistas!