Política externa do governo Syriza: Forças militares gregas receberão formação em Israel

imagemAli Abunimah/Resumen Latinoamericano/Electronic Intifada, 7 de agosto de 2015 – As forças militares gregas e as italianas começarão em breve a receber formação em Israel. Trata-se de um novo indicador que revela como se intensifica a aliança militar que está sendo formada entre o Governo de Israel e o da Grécia, liderado pelo partido esquerdista Syriza.

Em uma iniciativa sem precedentes, no mês passado, um grupo de pilotos de helicópteros israelenses completaram 11 dias de exercícios de treinamento de combate próximo ao monte Olimpo, na Grécia.

Em maio, o Governo liderado pelo Syriza assinou um acordo militar com Israel, apenas igualado a outro similar assinado entre Israel e os Estados Unidos. Conforme o acordo, é concedida imunidade legal ao pessoal militar de ambos os países e que as forças de cada um dos países possa treinar no outro.

O acordo militar foi assinado em nome do Governo grego por Panagiotis Kammenos, ministro da Defesa do partido Gregos Independentes, parceiro direitista do Syriza na coalizão governamental. Porém, não há dúvida de que o Syriza o respalda plenamente: em julho, o ministro das Relações Exteriores, Nikos Kotzias, designado pelo Syriza, viajou para Jerusalém com o intuito de manter conversações de alto nível com o primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para “fortalecer as relações bilaterais entre ambos os países”.

No início deste ano, aviões de combate israelenses levaram a cabo importantes missões de treinamento na Grécia que, sem dúvida, serão utilizadas para atacar a Faixa de Gaza em futuros ataques militares israelenses.

Helicópteros israelenses na Grécia

De acordo com um comunicado de imprensa da força aérea israelense, “a cooperação entre Israel e Grécia está ganhando impulso nos últimos anos e em vista do êxito das recentes implantações, das manobras aéreas em ambos os países continuarão provavelmente em 2016”.

“Somos conscientes da grande relevância que a atividade conjunta com o Estado de Israel possui e de que contribui com a segurança de ambos os países”, declarou o coronel grego Dormitis Stephzanki, comandante da base aérea de Larissa, onde os helicópteros israelenses se estabeleceram para levar a cabo suas manobras.

“Nos últimos dias estivemos trabalhando conjuntamente de maneira especial”, disse Dormitis. “A linguagem comum, profunda amizade e as coisas que aprendemos juntos contribuíram com a melhoria da cooperação entre ambas as forças”.

Dormitis considera que as manobras na Grécia melhoraram “a capacidade dos israelenses de atuar em operações aéreas onde for necessário”.

“Voamos sobre zonas montanhosas que não existem em Israel e praticamos voos de longa distância desde a base aérea de Israel até a Grécia”, assinala o tenente-coronel israelense Matan (as forças israelenses só fornecem os nomes, provavelmente para proteger seus efetivos de possíveis acusações de crimes de guerra), comandante de um esquadrão de helicópteros Apache estadunidenses.

Os Apaches – nome de um povo nativo americano contra o qual agiu a expansão colonial e genocida na América do Norte – foram utilizados reiteradamente por Israel para levar a cabo execuções extrajurídicas de palestinos; foram Apaches os utilizados durante os massacres de civis em Gaza, no verão passado.

O coronel Y., comandante de uma unidade de reconhecimento israelense, descreveu a participação de Israel nas manobras como “histórica” e acrescentou que “era a primeira vez que um avião-espião da inteligência israelense tinha operado com aviões estrangeiros em um terreno tão hostil e desconhecido”.

Apoio aos crimes de guerra

Segundo The Jerusalem Post, pilotos de helicópteros gregos treinarão em Israel nos próximos meses. Assim também irão para Israel aviões de combate gregos que “participarão das manobras multinacionais Bandeira Azul e que ocorrerão no sul de Israel”, anuncia o jornal israelense.

Uma informação publicada no Haaretz, em junho, revela que nas manobras participarão forças militares italianas, gregas e estadunidenses.

A cooperação militar entre Israel, Itália e Grécia continua, apesar de uma investigação independente feita pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU e publicada recentemente tenha encontrado provas contundentes de crimes de guerra por parte de Israel durante seu ataque contra Gaza no verão passado, em que morreram mais de 2.200 palestinos.

A Anistia Internacional publicou no mês passado sua própria investigação sobre o ataque de Israel contra a cidade de Rafah, no sul de Gaza, concluindo, novamente, que certos civis morreram como consequência dos graves crimes de guerra cometidos por Israel.

A Anistia estabelece em seu informe que “[…] As declarações públicas de comandantes e soldados do exército israelense após o conflito oferecem razões de peso para concluir que alguns dos ataques que mataram civis e destruíram casas e propriedade, foram levados a cabo intencionalmente e foram motivados por um desejo de vingança, para dar uma lição ou castigar a população de Rafah”.

Inam Ouda Ayed bin Hammad, citado no informe da Anistia, recorda o fogo da artilharia e os bombardeios que ocorreram próximo de sua casa, no bairro de al-Tannur, em Rafah: “No momento em que saíamos de casa, um Apache… começou a disparar contra nós”. Pode ser que alguns desses Apaches e seus pilotos tenham compartilhado momentos de camaradagem na Grécia.

Os informes da ONU e da Anistia Internacional reclamam a responsabilização pelos crimes de guerra cometidos em Gaza e na Cisjordânia, que estão ocupadas. Em contrapartida, o Governo das esquerdas da Grécia, provavelmente o da Itália e, é claro, a administração estadunidense do presidente Barack Obama, oferecem a Israel apenas cumplicidade e recompensas.

Tradução para Rebelión: Loles Oliván

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/08/07/las-fuerzas-militares-griegas-recibiran-formacion-en-israel/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

 

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