Contribuição do KKE à Teleconferência Extraordinária do EIPCO
Por Dimitris Koutsoumbas, Secretário-Geral do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE), via In Defense of Communism
O texto que segue é o discurso introdutório proferido pelo Secretário-Geral do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE), Dimitris Koutsoumbas, durante a Teleconferência Extraordinária do Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários (IMCWP), sob o tema: “Os desenvolvimentos econômicos, políticos e militares internacionais. A experiência da luta dos Partidos Comunistas e Operários e dos povos. Solidariedade com Cuba, o povo palestino e todos os povos que lutam contra as sanções, maquinações e agressão imperialista”.
“Caros camaradas,
Saudações da Grécia! Damos-lhes as boas-vindas à teleconferência extraordinária do Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários. É uma realidade que a pandemia limitou, parcialmente, a comunicação pessoal entre os partidos. No entanto, não pode haver limitações sobre a necessária coordenação e luta dos povos, dos Partidos Comunistas e Operários. Esta é a mensagem da teleconferência extraordinária de hoje, através da qual reiteramos nossa condenação ao bloqueio do imperialismo norte-americano a Cuba, expressamos nossa plena solidariedade ao Partido Comunista de Cuba e de seu povo, que, mais uma vez, em condições difíceis e complexas, defendem as conquistas da Revolução Cubana. Expressamos nossa convicção de que os planos de desestabilização contra Cuba traçados pelo imperialismo fracassarão; que serão mais uma vez evitados pelo povo cubano.
Enviamos uma mensagem de solidariedade internacionalista ao combatente povo palestino, que, apesar da correlação de forças negativa, luta há décadas pelo reconhecimento de sua pátria. Denunciamos a agressão israelense, o apoio dado pelo imperialismo dos EUA e da União Europeia a Israel para continuar reprimindo todo um povo. Denunciamos a equação da vítima e do perpetrador promovida pela União Europeia e exigimos que o governo grego também implemente a resolução do Parlamento grego para o reconhecimento do Estado palestino nas fronteiras de 1967, tendo Jerusalém Oriental como sua capital. É claro que estamos ao lado de todos os povos que lutam e se levantam contra políticas antipopulares, tais como:
-A luta vitoriosa de meses de duração dos fazendeiros da Índia.
-As camadas pobres da Turquia que protestam contra a rápida deterioração de seu padrão de vida.
-O povo do Sudão que está lutando contra os conspiradores golpistas nas ruas.
-Os povos de muitos países que, apesar da pandemia, lutam por sua saúde, sua vida, seus direitos sociais e políticos.
Camaradas,
Vocês devem saber que o KKE, na Grécia, está na vanguarda da luta pela proteção da saúde dos trabalhadores em condições de pandemia. Apoia um quadro abrangente de demandas, com foco no fortalecimento do sistema público de saúde. Ao mesmo tempo, nosso Partido se posiciona ao lado dos trabalhadores, que, por meio de sua luta, exigem medidas de proteção, acordos coletivos, aumentos salariais e luta contra as medidas antipopulares do governo. No período recente, esse esforço destacou lutas importantes e vitoriosas, como a dos trabalhadores da COSCO e dos trabalhadores do e-food. Mais e mais trabalhadores, cientistas e jovens abraçam a “Chamada para o Alinhamento Militante com o KKE”, expressando sua vontade de entrar em conflito com políticas antipopulares, com a repressão dos direitos democráticos, com bases e planos estrangeiros dos EUA-OTAN. Para abrir o caminho para a Aliança Social entre a classe operária e as demais camadas populares, que reverta as medidas antipopulares e mobilize as massas populares para uma linha de conflito com os monopólios e o capitalismo.
Os comunistas na Grécia estão trabalhando nesta direção necessária, que é sublinhada por nossa época e pelos desenvolvimentos no sistema imperialista internacional. Esta é a era que dita a derrubada definitiva da barbárie capitalista e a construção de uma nova sociedade socialista-comunista, livre das deficiências e erros do passado. Isso não significa que subestimemos as dificuldades causadas pela correlação negativa de forças em nível global e as importantes contradições inter-imperialistas que estão ocorrendo em nossa região e internacionalmente. Pelo contrário! Ao contrário de outras forças políticas, avaliamos que os EUA não se retiram – ainda estão presentes. Na Grécia, está reforçando suas bases militares, que estão crescendo ainda mais. Na verdade, forma novos sindicatos imperialistas, como o AUKUS (com o Reino Unido e Austrália) e o QUAD. São ferramentas novas e multifacetadas de planos imperialistas que surgem ao lado de outros mais antigos, como a OTAN.
É claro que a orientação dos EUA, conforme demonstrado pela retirada das forças militares do Afeganistão e pelas várias guerras comerciais nos últimos anos, é transferida para a região do Indo-Pacífico. A OTAN, apesar dos atritos internos entre as classes burguesas que a constituem, continua a elaborar novos planos militares contra outros povos. Está particularmente agindo contra a Rússia capitalista, do Báltico ao Mar Negro. Está tomando medidas para acirrar a competição com a China. Em nenhum caso, a União Europeia imperialista pode desempenhar um papel “progressista” nas contradições inter-imperialistas. Acreditamos fortemente que essa noção é uma ilusão.
Consideramos que os apelos para afastar a União Europeia dos EUA e da OTAN expressos por várias forças de todo o espectro político burguês, desde os poderes neoliberais e social-democratas aos oportunistas de todos os matizes, tentam enganar as pessoas. A União Europeia foi e é uma união que se tornará progressivamente mais reacionária e antipopular. A verdadeira saída para os povos não é a chamada “democratização” e “humanização” da União Europeia e da OTAN, mas sim a luta pelo desengajamento dos países destas alianças imperialistas em combinação com a luta pela conquista do poder pela classe trabalhadora e seus aliados em cada país. Isso foi demonstrado pela experiência adquirida com o BREXIT. Um desligamento que não seja combinado com mudanças radicais ao nível da economia e do poder em cada país individual, grupo de países e em toda a Europa não pode ser a favor dos interesses das pessoas.
As questões do chamado crescimento “verde” e da “transição digital” estão cada vez mais incluídas nos planos das classes burguesas na fase atual. Essas questões constituem, por um lado, um campo para canalizar o capital ultra-acumulado, para intensificar a exploração dos trabalhadores e, por outro lado, um campo de competição feroz entre os monopólios (EUA, China, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, etc.). Assistimos ao aprofundamento das contradições entre os EUA e a China sobre a supremacia no sistema imperialista, bem como as contradições com a Rússia ou no eixo imperialista euro-atlântico.
Claro que acreditamos que esta situação não pode ser caracterizada como uma “nova guerra fria”, copiando o antigo confronto entre os EUA e a URSS. A análise dialética dos desenvolvimentos mostra que estamos lidando com contradições que se manifestam na estrutura do modo de produção capitalista, que domina as forças mais poderosas, em conflito pelos lucros de seus próprios grupos monopolistas.
Nestas circunstâncias, é importante opor-se à guerra imperialista, bem como recusar-se a escolher entre um ou outro imperialista, rejeitar quaisquer “velhas” ou “novas” alianças imperialistas, lutar pelo desligamento do país dos planos e alianças imperialistas e fortalecer a luta pelo poder dos trabalhadores, o socialismo. Nesse sentido, o KKE votou contra os agressivos acordos da Grécia com os EUA e a França no parlamento grego, que se apresentam como “defensivos” para manipular e desorientar o povo.
O Partido se posicionou contra os excessivos gastos militares do país e destacou que eles estão ocorrendo em um esforço da burguesia grega para aumentar sua posição nos planos e organizações imperialistas. Os comunistas iluminam sistematicamente o povo e mobilizam milhares de trabalhadores e jovens.
O KKE está na vanguarda do movimento anti-guerra e anti-imperialista, do movimento operário-popular, para impedir a criação de novas bases militares na Grécia, para desmantelar todas as bases e infraestruturas dos EUA-OTAN, para impedir a transferência de armas nucleares para o país.
O KKE exige que a participação das forças armadas gregas em missões imperialistas no exterior seja interrompida. Que o povo não deve pagar por equipamentos militares que servem aos planos agressivos da burguesia grega e às intervenções e guerras euro-atlânticas; que a Grécia não deve participar de exercícios militares que se voltam contra outros Estados.
O KKE busca fortalecer a solidariedade internacionalista com todos os povos que enfrentam intervenções e guerras imperialistas. Luta pelo desligamento do país das uniões imperialistas da OTAN e da União Europeia.
Para que a classe operária e o povo tomem o poder e construam a nova sociedade socialista!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)