Vietnã 43 anos, ‘Rio dos Perfumes’: mulheres comunistas na guerra

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Uma ex-espiã do Vietcong, que lutou durante a Guerra do Vietnã nas batalhas mais duras do século XX, conta a história de suas companheiras

Frequentemente, a história passa por cima do papel da mulher nos diferentes conflitos bélicos que ocorreram. O caso da Guerra do Vietnã não é uma exceção, já que as mulheres tomaram as armas e lutaram pela liberdade do Vietnã frente à França, China e Estados Unidos.

Uma delas é Nguyen Thi Hoa, que passava informações das manobras militares dos rivais aos líderes comunistas e oficiais do exército do norte. Ela desempenhou um papel fundamental para o planejamento da Ofensiva Tet, uma operação militar que resultou devastadora para o exército estadunidense em 1968 e durante a qual morreram ao menos 4 mil soldados.

“Quando o inimigo entra em casa, inclusive as mulheres devem lutar”.

Nguyen Thi Hoa define deste modo a causa de sua luta junto com as milícias sulistas que formavam o Vietcong. As mulheres vietnamitas sempre demonstraram uma grande resolução na hora de combater todos os inimigos de seu país. Com a invasão da China, se deve estudar o caso das irmãs Trung, que lideraram a resistência com um exército de 80.000 pessoas. Talvez isto tenha sido possível porque a herança familiar passava à linha feminina e não masculina, pelo que as mulheres podiam assumir postos de responsabilidade em governos.

Thi Hoa também participou da unidade de combate ultrassecreta do Vietcong chamada o “Rio dos perfumes”, uma milícia de elite composta por mulheres vietnamitas e que promoveram o ataque surpresa da batalha de Hué, um dos mais sangrentos enfrentamentos durante a guerra.

«Quando o inimigo entra em casa, as mulheres são as mais fortes para lutar», rezava o lema da unidade, formada por 11 integrantes. «Tinha muita energia e vontade de libertar meu país, libertar mina gente e outras mulheres da invasão estrangeira», disse Thi Hoa, que tinha 17 anos quando se tornou espiã.

“O desespero dos estadunidenses, nossa melhor arma”.

A cidade de Hué, que naquele então era considerada a grande capital imperial, se tornou o quartel das 11 mulheres, que participaram de missões de espionagem fazendo-se passar por cozinheiras, mensageiras, guias ou enfermeiras. Graças a ditas personificações, conseguiram adentrar mais além da frente, entre as tropas vietnamitas e do exército estadunidense.

Graças a seu trabalho, a Ofensiva Tet foi um êxito, quando mais de 80 mil soldados do Vietcong executaram as forças estadunidenses e sul-vietnamitas. Foi uma batalha que durou pouco mais de 26 dias e que provocou milhares de baixas para ambos os lados.

Hoa, que sempre estava armada com granadas e metralhadoras AK-47, agora relata ter se sentido orgulhosa de defender sua gente, suas ideias e seu país: «não parávamos de disparar, estávamos muito próximas do inimigo e o derrubamos, o desespero dos estadunidenses era nossa melhor arma», recorda.

São notáveis as ações de um esquadrão de mulheres na Ofensiva Tet. Esta ofensiva visou ocupar a embaixada americana de Saigon e a comandante Le Thi Rieng, ao comando de seu esquadrão feminino denominado “Rio dos perfumes”, foi quem tomou a embaixada e fincou a bandeira do Vietcong em seu telhado.

Inclusive, o então dirigente comunista Ho Chi Minh, escreveu um poema em homenagem às Rio de Perfumes por terem “manchado os ossos” dos soldados estadunidenses. Hoje, Hoa visita com frequência as tumbas de suas camaradas caídas na linha vermelha: «Ao ver como morriam minhas companheiras, minha ira e determinação aumentaram, creio que isso me ajudou a sobreviver em tão intensa batalha».

Nos livros de história vietnamita, a Unidade de espionagem das “Rio dos Perfumes”, é lembrado como uma fonte motivacional e um símbolo de resistência na guerra em que o império estadunidense sofreu a mais dura derrota.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2018/05/01/vietnam-43-anos-rio-de-los-perfumes-unidad-de-mujeres-espias-comunistas-en-la-guerra/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)