A LÍBIA QUE EU CONHECI
Estive na Líbia em setembro de 1979, por ocasião do décimo aniversario da Revolução que levou Kadafi ao poder. Me acompanharam na ocasião o cinegrafista Luis Manse e o operador de Nagra Nelson Belo. Estávamos ali pelo Globo Repórter, do qual eu era o diretor em São Paulo.
Primeira surpresa. O hotel, para onde o governo nos enviou, estava totalmente ocupado por diplomatas. Perguntei ao embaixador do Brasil a razão dessa concentração. A resposta me surpreendeu ainda mais.
Na Líbia de Kadafi, os aluguéis estavam proibidos. Aos líbios que não tivessem casa, era só solicitar que o governo imediatamente providenciava a construção de uma. O país era um imenso canteiro de obras. E mais: Uma lei em vigor, A LEI DO COLCHÃO, determinava que, qualquer cidadão líbio que soubesse da existência de casa alugada, era só atirar um colchão no quintal que a casa passava a ser sua. Inúmeras embaixadas sofreram com essa lei já que foram ocupadas por líbios. O próprio embaixador me contou na ocasião que a embaixada brasileira não ficou imune a essa lei. Um motorista líbio que ali trabalhava informou a um amigo que ainda não tinha casa, que a embaixada do Brasil era alugada. Imediatamente esse amigo atirou um colchão e reivindicou a propriedade (uma mansão que pertencia a um italiano que retornou à Itália apos a subida ao poder de Kadafi). O governo líbio precisou intervir para evitar maiores dissabores. O Brasil acabou ganhando a embaixada e o líbio uma casa nova. Isto tudo aconteceu na década de 70, quando a Líbia era uma potência riquíssima, com apenas 3 milhões de habitantes, em quase 1.800.000 quilômetros quadrados.
Os líbios, por lei, eram proibidos de trabalhar como empregados de estrangeiros. O líbio que não quisesse trabalhar recebia o equivalente, valores de hoje, a cerca de 7 mil dólares por mês. E mais: médico, hospital e remédios era tudo de graça. Ninguém pagava escola e o líbio que quisesse aperfeiçoar seus estudos fora do país ganhava uma substancial bolsa. Conheci muitos desses líbios na França, Itália, Espanha e Alemanha, e outros países onde estive como jornalista.
Estamos em Trípoli, ano 1979. Esta noite quase não consegui pegar no sono. No hotel onde estava hospedado, alem dos diplomatas e alguns jornalistas, estavam também delegações de países africanos de língua portuguesa. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde. E foram eles que não me deixaram pegar no sono já que, sabendo que eu teria um encontro com Kadafi no dia seguinte, queriam que eu lhe pedisse mais explicações sobre o socialismo Líbio. Disseram que nunca haviam visto algo igual. Nem mesmo em livros. Ficaram admirados com a Lei do Colchão, com a assistência médica, remédios e educação, tudo gratuito. E pelo fato de ninguém ser obrigado a trabalhar na Líbia e mesmo assim receber uma remuneração “fantástica” no dizer de um angolano. Prometi que tentaria obter uma resposta, desde que, de fato, eu conseguisse falar com Kadafi, por saber que ele era imprevisível e não poucas vezes deixou jornalistas aguardando ad infinitum.
Antes, preciso esclarecer que as portas dos apartamentos dos hotéis não possuíam fechaduras. Por isso todos podiam entrar no apartamento de todos razão pela qual nossos apartamentos eram sempre “visitados”. Perguntei ao gerente do hotel a razão da falta de fechaduras. Respondeu que na Líbia não havia ladrões como na “época da colonização italiana e por isso as fechaduras eram prescindíveis”. Mas um diplomata me esclareceu que a falta de fechaduras era para que os “fiscais” do governo pudessem entrar a qualquer hora do dia ou da noite para ver se não havia mulheres “convidadas” nos apartamentos. “Porque, prosseguiu o diplomata, os líbios até hoje falam que durante a colonização italiana e o reinado de Idris, os hotéis serviam apenas para orgias”.
No dia seguinte me preparo para o encontro com Kadafi. Manse, com a sua câmera e Belo com seu gravador Nagra me aguardavam ao lado do elevador. Com cara de sono, reclamaram que seus apartamentos foram “penetrados” umas três vezes de madrugada e foi um susto só. O carro enviado pelo governo nos esperava na entrada, mas Manse queria tomar mais um cafezinho. Entrei no carro e aguardei. Cinco minutos depois Luis Manse, com sua inseparável câmera, chegava sozinho. Perguntei pelo Belo, ele disse que o imaginava comigo. Perguntei ao nosso acompanhante se ele havia visto o nosso companheiro. Imediatamente ele foi à portaria perguntar. Um rapaz simpático respondeu que tinha visto Belo acompanhado por dois policiais uniformizados a caminho da praça que ficava a uns cinqüenta metros do hotel. Fiquei preocupado, imaginando o pior. Jornalista acompanhado por policiais no Brasil nunca era um bom augúrio.
Belo e os dois policiais estão parados ao lado de um reluzente carro Mercedes Benz novinho em folha. Perguntei o que estava acontecendo. Um dos policiais me disse que o meu companheiro não parava de apontar a chave do carro na ignição. E que eles não sabiam a razão, pois Belo não falava o árabe e nem eles o “brasileiro”. Então era por isso que eles saíram juntos do hotel. Nada preocupante. Belo me explicou e eu traduzi para o policial que ele, ao ver a chave na ignição, ficou preocupado de alguém roubar o carro. Os dois policiais começaram a rir e disseram tratar-se de um carro abandonado. Era um costume no país. Quem não gostasse do carro bastava abandoná-lo com a chave dentro. O interessado podia levá-lo. Essa era a Líbia da época.
Muita fartura, nenhuma miséria e a abundância ao alcance de todos. Aliás isso podia se observar nas pessoas. Os mais velhos, que viveram sob o domínio dos colonialistas e durante a monarquia, eram pessoas alquebradas, corpo seco. As crianças e os jovens eram saudáveis e alegres. Só para se ter uma idéia da Líbia sob Kadafi, tudo custava mais ou menos o equivalente a 3 dólares. Havia supermercados gigantescos, mas nada era vendido a varejo. Quem quisesse arroz, por exemplo, pagava 3 dólares pelo saco de 50 quilos. Tudo era nessa base.
Fomos visitar o parque industrial de Trípoli e eu pedi para conhecer uma tecelagem. Perguntei como era a relação com os clientes e um técnico alemão que ali se encontrava para montar o maquinário, começou a rir. “Os líbios são loucos”, me disse. E completou: “eles não vendem nada aqui por metro, somente a peça inteira. E para qualquer um que entrar na fábrica e pedir”. Perguntei o preço da peça: 3 dólares a peça de 50 metros. Mas se você, por exemplo, quisesse comprar uma gravata, qualquer uma, o preço mínimo era o equivalente a 200 dólares. Um cachimbo, 300 dólares. Ou seja, todo produto que lembrasse os colonizadores e, de acordo com eles, representasse ou sugerisse consumo supérfluo, era altamente taxado. Bebida alcoólica, nem pensar. Dava prisão sumária. E foi o que aconteceu com dois jornalistas argentinos, cuja “esperteza” os remeteu ao porto e ali compraram de um cargueiro uma garrafa de uísque. Um dos funcionários do hotel sentiu o bafo e os denunciou. É verdade que eles não foram presos, porque eram convidados do governo. Mas não puderam entrevistar ninguém, muito menos Kadafi. E nós só soubemos disso porque o embaixador do Brasil, uma figura simpaticíssima, uma noite nos convidou para a Embaixada e, ali, nos ofereceu um uísque de não sei quantos anos (guardado a sete chaves num cofre), que Manse e Belo acharam delicioso. Claro que eu também bebi um gole, apesar de detestar uísque. Seja de que marca for, de que ano for. Sempre me lembrou o gosto de iodo. Evidentemente não faria uma desfeita ao embaixador tão solícito. Não estalei a língua porque aí seria demais.
Antes de nos despedirmos, o embaixador nos ofereceu um litro de leite para cada um, pois segundo ele o leite disfarçaria o nosso hálito. Na porta, perguntei ao embaixador se ele poderia nos dar um depoimento. “O Kadafi é um Gênio”, respondeu. Surpreso, perguntei. O senhor considera o Kadafi um Gênio? Sim! Um Gênio! Então o senhor considera Kadafi um Gênio? Sim! Respondeu o embaixador. Um Gênio! E amanhã o senhor vai ter uma prova disso. Não entendi. Amanhã vai haver um desfile em comemoração ao décimo aniversário da Revolução. Assista e veja se não tenho razão.
O dia seguinte amanheceu glorioso. E eu já estava preocupado. Se o país vai parar para comemorar o décimo aniversário da Revolução, será que Kadafi vai encontrar tempo para a entrevista? A população lotava a praça e as ruas onde seriam realizados os desfiles. Um fato me chamou a atenção. Havia milhares de meninas adolescentes com uniformes militares prontas para o desfile. Sorriam um sorriso que somente as adolescentes possuem. Impressionante a sua alegria. Foi assim que Kadafi libertou as mulheres, que antes não podiam atravessar a porta de casa e nem tirar as vestimentas que cobriam seu corpo de cima abaixo, me confidenciou o embaixador. É ou não um gênio? Essas adolescentes saem de casa bem cedinho usando o uniforme militar e retornam para suas casas no fim do dia. Elas só não dormem no quartel. E têm autorização para não tirar o uniforme. Depois do serviço militar elas jamais voltam a se vestir como anteriormente. Então é por isso que as mulheres líbias se vestem como as ocidentais? Mas vez ou outra deparamos com mulheres com roupas tradicionais.
Terminado o desfile, um membro do governo me diz que Kadafi nos receberia não mais em Trípoli, mas em Benghazi, a bela cidade mediterrânea. E que nos buscariam de madrugada pra viajarmos os 600 quilômetros que separam as duas cidades.
Fico sabendo nesse dia que a energia elétrica que ilumina o país é de graça. Ninguém recebe a conta de luz, seja em casa ou no comércio. E quem tiver aptidão para empresário, pode buscar os recursos necessários no banco estatal e não paga nenhum centavo de juros. A divisão da riqueza do país com sua população, em nome do islamismo, criou um sério problema para os demais países muçulmanos, principalmente Arábia Saudita. E desde então, Kadafi nunca poupou os dirigentes sauditas que acusou de terem se apossado de um país que jamais lhes pertenceu e de serem “infiéis que conspurcavam o verdadeiro islamismo”. “Trocaram o Profeta pelo petróleo”. Pela primeira vez usava-se o Alcorão contra aqueles que se diziam seus defensores. Os sauditas, acuados, só conseguiam dizer que ele era “comunista”. Kadafi respondia que ele apenas seguia o Alcorão ao pé da letra.
Várias revoltas começaram a eclodir na Arábia Saudita e países do Golfo. Os Estados Unidos e mídia associada começaram a arregaçar as mangas. Era preciso defender a vassala Arábia Saudita e transformar Kadafi num pária.
Na volta ao hotel, dou de cara com revolucionários da África do Sul. Estavam na Líbia em busca de fundos para lutar contra o apartheid.
Vamos falar francamente. Eu estava me esforçando para realizar um programa que dificilmente seria exibido. Naquela época o Globo Repórter registrava uma audiência enorme, entre 50 e 65 pontos, com pico de 72. Alem do mais, vivíamos sob o tacão da ditadura. Mas já que estávamos lá, vamos tocar o barco e ver no que vai dar.
À noite, no hotel, alguém abre a porta e me pergunta se posso conversar um pouco. Era o chefe da delegação de Guiné-Bissau e estava empolgado. Nunca imaginara conhecer um país como a Líbia. Perguntou como foi o meu encontro com Kadafi. Respondi que o encontro seria no dia seguinte em Benghazi. Enquanto conversávamos, um “fiscal” do governo, entra no quarto e nos cumprimenta sorridente. Dá uma olhada rápida e com aquele sorriso de comissária de bordo, nos agradece e vai embora. Mal passaram 10 minutos e a porta novamente é aberta. Um jornalista do Rio de Janeiro, meu vizinho de quarto entra desesperado.
– Uma coca cola pelo amor de Deus. Meu reino por uma Coca-Cola. Vou descer até saguão, alguém precisa me informar onde consigo comprar Coca Cola nesse país de birutas. E nem esperou o elevador. Desceu pela escada mesmo.
– Maluco esse seu vizinho, me confidenciou o africano. Além do mais ainda ofendeu Shakespeare.
Em seguida ele me revela que conheceu muitos revolucionários de países diferentes que se encontravam na Líbia em busca de recursos. Inclusive sul-africanos.
– Entregaram uma carta de Nelson Mandela para o Kadafi pedindo para ele não esquecer seus irmãos africanos, respondeu feliz, dando a entender que eles foram atendidos.
Novamente o “fiscal” com sorriso de comissária de bordo entra. Desta vez para nos convidar a assistir no salão do hotel a um filme sobre os “horrores” da herança colonialista. Na verdade não era um filme, mas um documentário de 15 minutos e se a idéia era para que a platéia se indignasse, o efeito foi o contrário. O documentário mostrava a noite em Trípoli. Garotas seminuas andando nas ruas em busca de clientes, “inferninhos”, cabarés, bebidas alcoólicas, muitas bebidas, e por aí vai. E o pior, terminada a exibição vários aplausos da platéia, principalmente de jornalistas, pedindo a volta dos colonizadores. Isso sim é que era época boa, exclamou o jornalista carioca, agora ao lado de um colega mineiro que completou: “eta paizinho que nem Coca-Cola tem”.
Quatro da manhã somos acordados. Do aeroporto de Trípoli seguimos para Benghazi, onde finalmente vamos entrevistar Kadafi.
Quando desembarcamos em Benghazi, a belíssima Benghazi, tamareiras enfeitavam suas praias. Estavam ali como os coqueiros nas praias do nordeste. Era colher e comer tâmaras dulcíssimas. Um jornalista suíço que chegara a Benghazi uma semana antes, me confidenciou que não deveria perder um casamento. Qualquer um, disse. Estava realmente deslumbrado com a festa e o que o deixou mais impressionado, é que os noivos, depois da cerimônia, recebem um envelope do governo com o equivalente a 50 mil dólares de presente.
Bem, essa era a Líbia que pouca gente conhecia e a mídia ocidental não fazia nenhuma questão de mostrá-la. E não poderia, pois como explicar a seus leitores que havia ascendido ao poder um jovem coronel que não utilizou a riqueza em benefício próprio? Pelo contrário. Havia dividido a riqueza com a população do país. Que não queria ver ninguém sem teto, sem fome, sem educação e sem muitas outras coisas mais. Eu, naturalmente, iria sem dúvida nortear a minha entrevista a partir desses pontos. Mas antes da entrevista, fomos a três festas com músicos árabes de diversos países. E haja doce. E haja suco. E nem um “uisquinho”, lamentavam alguns jornalistas que, sinceramente, acho que estavam no país sem saber porque e para que. As festas corriam em tendas beduínas, algo que Kadafi sempre prezou.
Finalmente cara a cara com Kadafi. Em sua tenda. Aparentava cansaço. Alguns dos assuntos discutidos: 1-Socialismo líbio; 2-Educação; 3-Reforma agrária; 4-Moradia; 5-Alinhamento; 6-Arabismo; 7-Socialismo chinês, soviético, cubano; 8-Apoio aos movimentos revolucionários; 9-Che Guevara; 10-Estados Unidos; 11-Brasil; 12-liberação feminina 13-Reencarnação de Omar Moukhtar.
A entrevista, que seria de 40 minutos, durou mais de duas horas e creio que passaríamos a noite conversando se ele não fosse a toda hora solicitado. Naturalmente a Globo achou melhor não colocar o programa no ar, pois poderia melindrar a ditadura. Foi feita uma proposta para que um programa de 15 minutos fosse ao ar no Fantástico. Foi realizada a reedição, mas o programa teria sido proibido pelos censores oficiais da ditadura (civil-militar-midiática). Tudo culpa da ditadura. Será? Oh, céus! Oh, terra! Quando nos livraremos desse sistema putrefato?
Qual foi o grande erro de Kadafi? Eu não tenho a menor dúvida. Foi acreditar nos euro-estadunidenses e desistir de sua bomba atômica. Os pacifistas que me perdoem. Aqui não se trata de incentivar a produção de ogivas nucleares, mas de persuasão. O Brasil que tome jeito e comece a produzir a sua. Caso contrário, a própria mídia brasileira, associada ao Império, fará de tudo para que o país seja invadido e ocupado.
Kadafi não ficou rico, como os produtores de petróleo do Golfo. Dividiu a riqueza do país com a população. Apoiou todos os movimentos revolucionários de esquerda do mundo. Inclusive os brasileiros. Em nenhum momento esqueceu a população negra da África. E da África do Sul, onde, em agradecimento, um neto de Nelson Mandela chama-se Kadafi.
Quando Nelson Mandela tornou-se o primeiro presidente da África do Sul em 1994, o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, fez de tudo para que Mandela parasse com os agradecimentos quase diários a Kadafi pelo seu apoio à luta dos revolucionários africanos. “Os que se irritam com nossa amizade com o presidente Kadafi podem pular na piscina”, respondeu Mandela.
O presidente de Uganda Yoweri Museveni afirmou que “quaisquer que sejam as falhas de Kadafi, ele é um verdadeiro nacionalista. Prefiro nacionalistas do que marionetes de interesses estrangeiros”. E disse mais: ” Kadafi deu contribuições importantes para a Líbia, para a África e para o Terceiro Mundo. Devemos lembrar ainda que, como parte desta forma independente de pensar, ele expulsou bases militares britânicas e americanas da Líbia após tomar o poder”.
Alem disso, o ex-líder líbio também teve papel importante na formação da União Africana (UA). A principal coordenadora da guerra contra a Líbia, Hillary Clinton, andou pela África pregando abertamente o assassinato de Muammar Kadafi. Como não teve sucesso, começou a recrutar mercenários. Aliás foram esses mercenários, inclusive os esquadrões da morte colombianos, que lutaram na Líbia. E eles não foram dizimados graças à Organização Terrorista do Atlântico Norte (OTAN) e EUA. Quem puder pesquisar, quando Kadafi nacionalizou as empresas petrolíferas e os bancos, a mídia Ocidental referia-se a ele como Che Guevara Árabe.
Antes de ser deposto e linchado pelos mercenários a mando dos terroristas OTAN e EUA, a Líbia possuía o maior índice de desenvolvimento humano da África, e até hoje maior que o do Brasil. E o que pouca gente sabe, em 2007 inaugurou o maior sistema de irrigação do mundo. Transformou o deserto (95% da Líbia) em fazendas produtoras de alimentos. Aliás, assim que subiu ao poder, os líbios que quiseram produzir alimentos receberam terra, equipamentos, sementes e 50 mil dólares para sobreviver até a safra. Foi uma Reforma Agrária total e irrestrita. Ele também pressionou pela criação dos Estados Unidos da África (EUA) para rivalizar com os EUA e União Européia.
Ele lutou por uma África una: “Queremos militares africanos para defender a África. Queremos uma moeda única. Queremos um só passaporte africano”.
Lamentavelmente esqueceu a Bomba Atômica. E pagou por isso. As nações que querem se emancipar que pensem nisso.
* Georges Bourdoukan é jornalista e escritor