Os Três Mosqueteiros
A entrada de Marina Silva na campanha presidencial, ainda mais da maneira que foi, mudou substancialmente o quadro eleitoral e político nacional.
O pleito que se avizinhava para uma vitória até certo ponto tranquila de Dilma, agora dá como certo o segundo turno, com favoritismo para a candidata do PSB. A soma das intenções de votos dos três candidatos líderes das pesquisas de opinião mostra isso claramente.
Isso não é a troco de nada. As manifestações do ano passado demonstraram a insatisfação da população com o governo federal, com os partidos políticos, com o sistema vigente. Marina está capitalizando esse descrédito, capitalizada pelos 20% de votos que obteve na última eleição.
Esse cenário é fruto de um processo antidemocrático. Afinal, os três líderes das pesquisas são os que detêm mais espaço de televisão, na mídia empresarial, maior apoio de executivos municipais e estaduais, do legislativo como um todo.
É a máscara da democracia burguesa. Uma disputa que se diz democrática, mas que não propicia a igualdade de condições de disputa. É a herança da ditadura militar-empresarial que persiste para assegurar o domínio das transnacionais e do capital financeiro em nosso país.
Como os pequenos partidos podem competir com chances reais nessa desigualdade de condições? Não há a menor chance. Daí se origina o que muitos chamam de voto útil, carreado para aqueles que estão realmente na disputa, ou seja, os que representam os interesses do capital. Muda um nome, muda o partido, mas a direção é a mesma.
Não é por coincidência que um dos temas que tem sobressaído nos últimos dias é a pseudo independência do Banco Central. Independência de quem? De quê? O BC já é subserviente aos interesses do capital, assim como o governo e os partidos dos candidatos e os seus arcos de aliança. É apenas um falso debate para desviar a atenção da verdade.
Discutir o fato de 45% do Orçamento da União – cerca de 2,5 trilhões de reais – estarem comprometidos para os rentistas não interessa aos três mosqueteiros. Os 34 maracanãs de mata Atlântica destruídos para a Olimpíada de 2016, muito menos. O monopólio dos meios de comunicação, de jeito nenhum. Os professores brasileiros serem as maiores vítimas de violência em nível mundial, entre os países pesquisados, tampouco. Os brasileiros de menor renda pagarem muito menos impostos que os ricos, então, é proibido no falso debate.
Os ricos e poderosos se aproveitam da deseducação do povo para impor um sistema viciado, no qual os três lados da moeda têm uma mesma face: manter o país engajado e submisso ao imperialismo.
*Jornalista