Plano Colômbia: 15 anos e nada para celebrar

imagemPor Jaime Caycedo Turriago, Secretário Geral do PCC /  Resumen Latinoamericano/ 4 de dezembro de 2015 –  Nunca na história da prolongada guerra civil as políticas públicas estiveram tão comprometidas com o intervencionismo militar imperialista. Inclusive como estão hoje, quando o Comando Sul impõe as condições militares do processo de paz como um “dialogar em meio à guerra”.
Jaime Caycedo Turriago

Secretário Geral do PCC

Com euforia a imprensa tem saudado os quinze anos do Plano Colômbia (2000-2015). Em começos de outubro, o secretario de Estado, John Kerry, em visita ao país, anunciou com o presidente Santos a reorientação da “ajuda” estadunidense nos horizontes da visão imperial do “pós-conflito”. Sem dúvida a avaliação entusiasta do balanço destes anos pela administração estadunidense e pelo governo de Santos mostra pelo menos duas facetas perversas do intervencionismo militar e político implícito em dito plano, que no dizer de Stella Calloni (…) “é o maior projeto geoestratégico que já foi traçado para a América Latina” (Vega; Martín: 2014).
A primeira é a falácia antidrogas como justificação encobridora da permanência da ordem contrainsurgente por conta da intensificação das fumigações e da erradicação forçada sem alternativa produtiva. A segunda, o financiamento via ajuda militar da guerra interior, o assessoramento, modernização e reestruturação das forças militares. A terceira é o gigantismo desproporcional de um aparato antiguerrilheiro, uma legislação que subordina a segurança à lógica da contrainsurgência e braço de ilegalidade paramilitar adaptado à desarticulação das formas organizadas da oposição social e política. A “segurança democrática”, as ações militares e policiais em países amigos violentando sua soberania, a delação premiada, a ficção das desmobilizações insurgentes e os célebres “falsos positivos” foram consequências de uma política pública complementar das operações militares guiadas por satélite pelo Comando Sul.
De fato, a questão da ação antinarcóticos cedeu a prioridade à guerra antiterrorista com os reajustes da doutrina de segurança nacional dos Estados Unidos, em 2002. As novas diretrizes erigiram em objetivos estratégicos a recuperação do controle territorial pelo Estado colombiano e a luta contra o populismo anti-EUA, aludindo ao que Uribe e a ultradireita denominam o castro-chavismo. A primeira é a preparação militar do território pela confiança de investimentos dos megaprojetos mineral-energéticos com o saqueio extrativista, a depredação e a contaminação das águas. A segunda representa o estereótipo contra a revolução bolivariana na Venezuela, que é a condenação preventiva de qualquer mudança política fora de controle no continente. Estas linhas marcam o rumo da ideologia dominante e dão vida à atual contraofensiva da direita contra vários processos latino-americanos.
Desde janeiro de 2007, o Plano Colômbia no país passou a converter-se no Plano de Consolidação nos territórios, para conjugar-se à ação cívico-militar e os orçamentos municipais postos nas mãos dos comandantes militares para a execução de obras civis que legitimamente correspondem aos prefeitos e governadores. No último período do governo de Uribe e em começos do governo Santos, o Plano Patriota se concentrou no extermínio dos alvos militares de alto valor. Nunca na história da prolongada guerra civil as políticas públicas estiveram tão comprometidas com o intervencionismo militar imperialista. Inclusive como estão hoje, quando o Comando Sul impõe as condições militares do processo de paz como um “dialogar em meio à guerra”. A reparação e a não repetição demandáveis aos Estados Unidos exigem o ponto final do Plano Colômbia e de todos os pilares que o sustenta.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/12/07/plan-colombia-15-anos-nada-que-celebrar/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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