Sobre o vazamento de documentos do Departamento de Estado dos EUA a respeito do Paraguai

Os meios massivos de comunicação em todo o mundo falam de “O maior vazamento da história revela os segredos da política externa dos EUA “.

Trata-se de mais de 250 mil mensagens que partiram do Departamento de Estado Norte-americano, que foram divulgados no site chamado Wikileaks, um portal dedicado a publicar relatórios e documentos que vazaram.

Entre esses documentos, que tratam sem respeito algum vários presidentes das potências europeias, também se encontra uma ordem de informe, datado de 24 de março de 2008, às agências dos EUA que operam no Paraguai, em uma série de questões que tratam da realidade nacional, que os norte-americanos chamam de linhas gerais, que por sua vez, têm subdivisões. Essas áreas são: terrorismo e a criminalidade; dinâmica política e democratização, economia, comércio e investimentos; assuntos militares e de segurança.

Ao ler o documento com cuidado, pode-se identificar o rigor com que os ianques relevam dados sobre o nosso país, incluindo este momento eleitoral, os candidatos presidenciais. Os dados necessários em cada um desses eixos mostram muito interesse sobre a “radiografia” do nosso país, a sua terra, suas forças produtivas, as forças políticas, a legislação, o funcionamento da sua justiça, suas forças militares, a operação do crime organizado e outras, inclusive solicitando informações pessoais, como contas de cartão de crédito, leitura da íris, impressões digitais e DNA, entre os candidatos presidenciais e altos comandantes militares. Essa informação torna-se perigosa ao lembrar o assassinato de vários mandatários, entre outras tentativas de magnicídio perpetradas pela CIA.

No Paraguai, os ianques controlam todos os dados do Departamento de Identificação, tem o controle da inteligência da polícia com o serviço de um agente como Carlos Altemburguer. Dirigem a política de criminalização da luta social desde o Ministério Público – o Procurador-Geral elogiou a inteligência dos EUA dizendo que o Paraguai deve imitá-la – e do Ministério do Interior, tem o controle de todas as informações relacionadas com a saúde através da sua inclusão no Ministério da Saúde Pública e Bem-Estar Social, a gestão da política fiscal e econômica por meio de Dionicio Borda e tem uma influência decisiva sobre as pessoas como Federico Franco, Rafael Filizzola, Héctor Lacognata, Hugo Estigarribia, Miguel Carrizosa e outros que devem ser investigados por tráfico de influência e informação em detrimento de nossa soberania e dos nossos interesses como Nação.

Os ianques eram os principais promotores da linha política, ideológica, comunicacional, jurídica e econômica da ditadura de Stroessner. Os EUA financiaram o governo Stroessner e também forneceu os conselheiros militares com mais alto grau em técnicas de tortura. E isso, infelizmente, não é ficção científica, compatriotas.

Sem dúvida, podemos dizer que o estado norte-americano é a maior organização terrorista do planeta Terra, pois tem cometido crimes contra a humanidade em todo o nosso mundo; foi o único que usou a bomba atômica; financiou personagens como Saddam Hussein e Osama Bin Laden; invadiu brutalmente dezenas de países; gerou intrigas com enormes mentiras históricas como os casos do ataque às Torres Gêmeas e armas de destruição em massa no Iraque: há estudos de física, química e de caráter multidisciplinar que demonstram a tese de autoatentado que teve o ataque às torres gêmeas e que criou a possibilidade de que, sob o pretexto da “guerra ao terror”, se vá em busca de recursos naturais no Médio Oriente. Osama nunca foi encontrado e nunca encontraram as armas de destruição em massa no Iraque.

Entendemos que o objetivo que eles têm com o nosso país passa pelo controle estratégico dos recursos naturais como água, urânio, titânio, para continuar a explorar as possibilidades de extração de petróleo e, em geral, com a riqueza que temos sobre a biodiversidade. Por outro lado, estão tentando transformar o nosso país num narco-estado, passível de militarização, que permite a desestabilização interna, acompanhamento e desestabilização dos processos de democratização no Cone Sul (Argentina, Brasil, Uruguai e Bolívia, principalmente .)

É claro que o nível de especificidade do informe requerido junto às agências dos EUA estabelecidas no nosso país, mostra que a Embaixada dos EUA tem uma infra-estrutura formidável, capaz de filtrar as informações de natureza estratégica. Claro que sempre temos denunciado isso, considerando que é uma das cinco maiores embaixadas norte-americanos no mundo, e nós sabemos que não é pura coincidência.

Os documentos que vazaram do Departamento de Estado dos EUA servem como prova de que os serviços de inteligência operam em favor de interesses parciais e não é louco ou paranóico quem denuncia os altos níveis de intervenção e interferência dos EUA em nosso processo interno. Não é tão absurdo que vemos ianques “até na sopa”, como algumas pessoas e/ou organizações, ingênuas ou interessadas dizem em relação à nossa luta contra o imperialismo.

Nestes momentos da história humana, se trata de identificar os inimigos da vida, da paz, da liberdade, da inclusão e da justiça. E os inimigos, sem dúvida, defendem os seus interesses desde o Departamento de Estado dos EUA.

O governo paraguaio deveria condicionar a manutenção das relações com EUA à explicação de que o dito Governo irá dar acerca desta intervenção grosseira nos assuntos internos de nosso país. Dizemos “deveria”, sabendo que, em si, deste Governo nada é impossível, com base no comportamento político de Lacognata e outros representantes do Executivo.

O governo paraguaio, em nome da soberania e da autodeterminação de nosso povo e, como uma reafirmação da independência do seu bicentenário, deve:

1. Exigir do governo dos EUA a mudança de sua política exterior baseada na espionagem e chantagem.

2. Exigir ao governo dos EUA a identificação e posterior retirada do país de seus agentes secretos, caso sejam norte-americanos.

3. Investigar os paraguaios que proveram informação confidencial à embaixada norte-americana.

4. Exigir a mudança da embaixadora, por seguir a política de espionagem de seu

predecessor.

5. E por último, cancelar as “missões humanitárias” de tipo militar e os acordos que outorgam o controle do aparato estatal aos ianques como o Plano Umbral.

Pela nossa segunda e definitiva independência!

Não à intervenção extrangeira!

Partido Comunista Paraguaio

Asunción, 29 de novembro de 2010

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