Diante do governo inimigo, que fazer?
ADELANTE, periódico do Partido Comunista Paraguaio
Editorial de 15 de março de 2021
Muita informação sobre o que nos roubam, como nos roubam os que se enriquecem à custa dos impostos de todo o povo paraguaio. As dívidas do Estado crescem. Agora eles estão pensando em pedir mais empréstimos. Tudo isso é pago por nós que moramos no país, por meio de todos os impostos que pagamos. O que fazer é a pergunta.
As manifestações com protagonismo juvenil têm semeado esperanças de que podemos mudar para melhor. As mudanças que o governo fez são pura enganação, para fingir que estão fazendo algo em resposta às reivindicações. Mas assim que os novos ministros começam a falar, mostram-se inadequados para ocupar cargos de autoridade, como é o caso do novo Ministro da Educação. Os politiqueiros mentem, trapaceiam e continuam colocando dinheiro no bolso, aproveitando da crise para superfaturar todas as compras e as obras que realizam.
Desde o meio da semana, o campesinato começou a tomar as ruas nos departamentos. Os bloqueios de estradas começaram e vários grupos e organizações pretendem continuar. Para se sustentar nas ruas, precisam do apoio da população com todo tipo de comida, barracas, água e apoio nas redes, ligando e escrevendo para a mídia, falando com jornalistas, divulgando o que está acontecendo nas ruas movimentadas para que se perceba que os bloqueios de estradas são apoiados pela maioria da população e que qualquer repressão será repudiada com o aumento do número de pessoas mobilizadas.
A classe trabalhadora está começando a insistir junto às lideranças sindicais e principalmente às lideranças das centrais operárias, para que seja convocada uma Greve Geral com um programa mínimo a ser cumprido após a saída de Abdo e de todo o governo. Parte dos pontos do programa mínimo deve ser o processo contra o atual presidente e sua camarilha de criminosos. É essencial que os estudantes pressionem suas entidades e movimentos, a fim de que os diretórios estudantis se organizem em nível nacional.
O Estado que atua no Paraguai atende apenas a uma minoria milionária. Não atende às maiorias trabalhadoras. E a gestão do governo é péssima. Apenas 4% do Orçamento foi executado até agora, em meio à crise, com grande escassez de insumos e remédios, além de infraestrutura alimentar e hospitalar, em escolas e faculdades. Há dinheiro, mas não se executa. Ou seja, o Estado não nos serve e quem governa promove uma gestão desastrosa.
E como se tudo isso não bastasse, a lógica da acumulação da minoria milionária que detém o poder é a do saque e da corrupção. Que todos se vão! Devemos conformar um governo nacional de emergência com um programa mínimo de emergência. É o que temos falado pelo Partido Comunista Paraguaio, e para isso precisamos nos fazer conhecer em nossas ações, para nos mostrarmos como pessoas honestas que entendem a profundidade da crise, suas origens, a história de luta do povo paraguaio e a possibilidade real de nos posicionarmos e aplicarmos o programa derrotando todos os setores mesquinhos que se opõem a ele, com uma ofensiva que distribua tarefas de organização, comunicação, educação, para que se entendam quando as leis impedem de salvar vidas, há que passar por cima delas e destinar os recursos para que ninguém morra de doenças curáveis ou de desnutrição. É um princípio básico em defesa da espécie humana.
Fomos uma das primeiras organizações a propor um programa mínimo emergente, já no dia 6 de março. Desde a posse deste governo, nós o identificamos como governo da fraude. Colocamos à consideração das maiorias trabalhadoras os nossos 93 anos de experiência, luta e coragem para procurar ultrapassar essa dolorosa crise: continuidade das mobilizações, chamado à Greve Geral, fechamento de estradas, maior participação do movimento estudantil, solidariedade e apoio daqueles que não podem se mobilizar, fazendo notar que a maioria do país apóia essa luta. Com esses esforços, estaremos mais próximos de que todos os corruptos e políticos se vão, para que possamos avançar na construção de um governo nacional de emergência que cumpra o programa mínimo e urgente, lutando e pressionando para que seja cumprido por mandato popular.
Por este caminho, vemos que a luta deve continuar, por nós, por nossas filhas e nossos filhos, por toda a vida.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro – PCB
Fonte: https://adelantenoticias.com/2021/03/15/editorial/?fbclid=IwAR3ASdO9RwCSIBQtWHUxDf-MVv1rpIR5BGOTSS20S5TmoSg2yyNq2v1T-Fo