Colômbia: O paramilitarismo continua sendo o principal assassino das organizações sociais e da população

imagemResumen Latinoamericano / 13 de março de 2016 – MARCHA PATRIÓTICA

No momento em que mais se aproxima a possibilidade de celebrarmos um acordo de paz, essa paz que foi nossa razão de ser como organizações sociais e pela qual trabalhamos arduamente para que seja com justiça social, é quando voltamos a receber o ataque daqueles que historicamente tentam nos calar.

Cada dia se recrudesce e aumenta a violência contra os defensores de direitos humanos em Magdalena Medio, Nordeste Antioquense, sul de Bolívar e sob o Cauca antioquense, porém persistimos na luta para dignificar a vida e garantir a permanência neste território.

Como AHERAMIGUA, ACVC e CAHUCOPANA celebramos os diálogos em Havana desenvolvidos pelas FARC-EP e o governo nacional, o que permitiu diminuir em nossos territórios os conflitos bélicos, porém hoje nos vemos confrontados por diversos riscos em nosso trabalho organizativo ante o aumento e recrudescimento da ação dos grupos paramilitares nas regiões.

A presença de atores armados ilegais, a disputa pelo território e os interesses pelas riquezas que se encontram nestas zonas, elevaram a confrontação militar tendo como consequência enfrentamentos armados entre os próprios grupos ilegais. Tudo isso se soma à classificação e acusação das comunidades por parte destes grupos, que alegam que as comunidades são ajudantes das guerrilhas colocando os líderes em alto risco, por serem eles que denunciam e visibilizam os fatos, sem contarem com as garantias necessárias por parte do Estado pelo exercício da defesa dos direitos humanos.

Estas acusações vêm se dando por meio de panfletos e mensagens (em grafites, mensagens de texto para celulares ou recados através da própria comunidade), que geram ansiedade e temor por parte dos líderes e dos habitantes. Dessa maneira, a presença e hostilidades realizadas contra a população, somadas aos desaparecimentos forçados e assassinatos de povoados, levaram ao deslocamento para a área urbana da cidade de Puerto Claver, município de Bagre – Antioquia, no mês de janeiro deste ano, onde estivemos como organizações defensoras de direitos humanos, realizando a jornada de verificação ante esta arremetida paramilitar. Hoje, as comunidades deslocadas ainda se encontram em um refúgio na ponta da cidade por medo de regressar a suas fazendas ante esta situação.

Além disso, nas últimas semanas, no município de Segovia, ocorreu um massacre, em que estiveram envolvidos membros do Clã Usuga ou também chamados de Urabeños. Ao mesmo tempo, no nordeste antioquense e no sul da Bolívia permanecem sendo distribuídos panfletos de intimidação e continuam os assassinatos seletivos. Finalmente, hoje com tristeza, novamente as organizações campesinas são vítimas diretas, dado o assassinato de um de nossos dirigentes e amigo, William Castill e as constantes ameaças contra nossa companheira María Diana Arrieta Pérez, da AHERAMIGUA.

Não ignoramos o fato acontecido em 6 de março passado, no município de Montecristo, sul de Bolívar, onde um soldado em estado de embriaguez, pertencente à Segunda Brigada do Exército Nacional, assassinou três pessoas e feriu gravemente outras três em um incidente com sua carteira. Mais um fato que envolve a população e a converte em vítima da violência e do abuso da autoridade.

As organizações que trabalham na defesa da vida repudiam estes acontecimentos terríveis, que visam deslegitimar nosso trabalho e dar início a uma onda de deslocamentos e violência generalizada.

Por isso, fazemos um chamado urgente às instituições governamentais para enfrentar um dos maiores problemas dos quais continuamos sendo vítimas. Tal situação que não nos permitirá avançar para a consecução de uma paz estável e duradoura. É necessário tomar as ações pertinentes contra os grupos paramilitares que hoje rondam livremente as áreas urbanas dos municípios. Além de ameaçar a população e gerar terror, assassinam, deslocam e formam alianças entre suas estruturas para desarticular o trabalho das organizações.

Por nossos mortos nem um minuto de silêncio!

Asociación de Hermandades Agroecológicas y Mineras de Guamoco – AHERAMIGUA

Asociación Campesina del Valle del Río Cimitarra – Red Agroecológica
Nacional – ACVC RAN

Corporación Acción Humanitaria por la Convivencia y la Paz del Nordeste
Antioqueño – CAHUCOPANA

Foto: tirada por Radio Macondo

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/03/13/colombia-el-paramilitarismo-sigue-siendo-el-principal-victimario-de-las-organizaciones-sociales-y-la-poblacion/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Categoria