Com paramilitarismo não existirá paz!

imagemHavana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 6 de abril de 2016

O paramilitarismo não é nenhum fantasma invocado pela insurgência. Nem uma elucubração dilatória para postergar a paz.

É uma realidade fidedigna que acaba de lançar a luva ao rosto do povo da Colômbia com o propósito de se atrapalhar a obtenção de um Acordo Final de Paz. Sua mensagem é clara: intimidar os amigos da solução política, mostrar ao país que pretendem fazer desaparecer a insurgência armada.

É a expressão armada de um pensamento e uma corrente política que fez da guerra e do terror seus principais meios de enriquecimento. E que considera chegado o momento de passar à ofensiva, a fim de impedir que a reação de um poderoso movimento nacional em formação, o encurrale e o destrua.

A recente greve forçada em vários departamentos demonstrou mais uma vez a capacidade intimidatória dessas forças em amplas zonas do território nacional, pondo em evidência seu repugnante vínculo com setores políticos, econômicos, militares e de governo, tudo isso em meio ao silêncio da Administração Nacional.

Ninguém na Colômbia engole o conto de uma casual coincidência entre a greve paramilitar e o chamado da ultradireita para uma marcha nacional contra o processo de paz, sazonado também pelo repúdio à restituição de terras. A comunidade internacional também foi testemunha da descarada ameaça criminosa.

346 colombianos, integrantes de organizações sociais e populares, foram assassinados durante o governo de Santos, contando-se entre eles 112 do Movimento Político e Social Marcha Patriótica. São milhares de ameaçados. À semelhante horror se soma agora o relançamento oficial da horda paramilitar.

Segundo o informe oficial Basta Ya, entre 2003 e 2012, quando supostamente já não existia esse flagelo, 2.7 milhões de colombianas e colombianos foram deslocados e expropriados de suas terras. Em todos esses casos brilhou a ausência de ações efetivas por parte de autoridades, militares, civis e judiciais.

É claro que os mesmos interesses econômicos e políticos que engendraram o monstro paramilitar, continuam atuando hoje livre e impunemente. Seus arietes políticos e da grande imprensa pretendem criar um clima de intolerância, ódio e incitação que sirva de próximo cenário ao esperado extermínio político.

Ninguém que defenda a paz e a democratização real do país pode permanecer indiferente ou imóvel ao que acontece ante os olhos de todos. Não é possível que enquanto, por um lado, se anuncie a iminente assinatura de um Acordo Final de Paz, por outro, forças políticas e seus grupos criminosos de choque preparem e festejem de antemão um novo banho de sangue para a Colômbia.

Uma afronta de tal tamanho não pode ser aceita de maneira passiva por nenhuma pessoa decente que habite no território nacional. Os milhões de compatriotas que sonharam, acreditaram e lutaram pela paz para nossa pátria, as pessoas que começaram a olhar o futuro de nosso país com esperança, não podem guardar silêncio nem permanecer de braços cruzados.

É o momento de atuar decididamente; de expressar massivamente o mais aberto repúdio aos propósitos dos pregadores da morte. De formar um autêntico movimento em defesa da vida e da dignidade dos colombianos. Não mais silêncio, não mais medo, já basta de crimes neste país.

Que se escutem as vozes do povo, do comércio extorquido em toda Colômbia, das comunidades rurais e urbanas submetidas ao terror paramilitar e ao cinismo daqueles que infamam a memória de Jorge Eliécer Gaitán invocando-o como seu apóstolo.

A resposta da boa gente da pátria tem que estremecer as quatro esquinas do país. Tem que exigir do Governo Nacional e suas Forças Armadas ações reais e efetivas que cerrem definitivamente o caminho às vozes e às armas dos assassinos. Que o Estado e suas instituições demonstrem de fato que são de verdade alheios à fúria criminosa que ronda a Colômbia. Só isso pode tornar realidade a paz.

É hora de o Presidente Santos, seu Governo e os demais poderes públicos assumirem sua responsabilidade com o futuro das novas gerações. Que movam-se o quanto esteja as seus alcances para ratificar sua vocação pela paz e pela solução política.

Chegou o momento para que a comunidade internacional prossiga decididamente seu apoio ao processo de paz. Que se escutem as vozes das Nações Unidas, do governo dos Estados Unidos, da União Europeia, da CELAC, UNASUR, do Vaticano e das Igrejas. Nunca como antes se requereu sua ação.

Não pode se postergar mais na Mesa de Havana o acordo sobre Paramilitarismo e Garantias de Segurança. A mensagem devera ser clara ante o país e o mundo. Com grupos paramilitares, com crimes e atentados, com ameaças e terror não pode materializar-se a paz. Não se trata de táticas dilatórias, como assegurou o Ministro de Defesa. Trata-se de construir por fim um país distinto, democrático e justo.

DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

Fonte: https://www.pazfarc-ep.org/ index.php/comunicadosfarccuba/ item/3387-con-paramilitarismo- no-habra-paz

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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