O governo colombiano continua treinando as forças armadas paraguaias para lutar contra o “terrorismo”, apesar dos diálogos pela paz
Por Sebastian Polischuk, Resumen Latinoamericano/ 15 de maio de 2016 – Militarização apesar dos diálogos pela paz.
Apesar de estar entrando nos momentos finais o acordo pela paz entre o Governo Nacional e as FARC-EP, o exército colombiano continua treinando militares paraguaios para a suposta luta contra o “terrorismo”, sem importar inclusive que esse mesmo exército, tal como passa com a Colômbia, foram os encarregados de numerosas detenções arbitrárias contra militantes de direitos humanos e assassinatos nos chamados “falsos positivos”. [1]
Segundo a Revista Militar Digital “Diálogo”, em um artigo publicado em 11 de maio deste ano, o governo colombiano, como já foi feito em outras ocasiões, continuará fornecendo às Forças Armadas e à Polícia Nacional paraguaia treinamento militar avançado, conforme a reunião que tiveram em 11 de abril no Paraguai, o Ministro da Defesa Nacional do Paraguai, Diógenes Martínez, e a Embaixadora da República da Colômbia no Paraguai, Adela María Cuello.
A revista destaca que estes acordos consistem em “cursos de capacitação em questões de combate ao terrorismo e organizações do crime transnacional, inteligência, proteção ao meio ambiente, direitos humanos e direito internacional humanitário”. [2]
E segundo o Brigadeiro General Derlis Fernando Piris, diretor de Política e Estratégica do Ministério da Defesa Nacional do Paraguai, “O governo do presidente Horacio Cartes está comprometido em impulsionar a modernidade de nossas forças de segurança, visando o enfoque operacional composto por unidades polivalentes com capacidade de projeção. Este novo acordo aumentará a capacidade de operação e resposta dos componentes de segurança paraguaios no cumprimento de suas missões, para fazer frente às novas ameaças, além de intensificar as relações bilaterais e multilaterais em segurança, e fomentar as medidas de confiança mútua através de diferentes convênios de cooperação com as forças armadas de países sócios”.
Não importa se estas mesmas forças, no caso das do Paraguai, são as responsáveis pelo assassinato de campesinos, como aconteceu no massacre de Curuguaty, ou pelos numerosos casos de denúncia de violação e assassinatos de agricultores inocentes, onde, por exemplo, está o caso recente do assassinato de Julian Ojeda Espinola, de 49 anos de idade, acusado, como ocorre com outros tantos casos, supostamente por pertencer à guerrilha do EPP, tal como os militares colombianos o fizeram com os famosos “falsos positivos”, acusando esta mesma população de pertencer às FARC ou ao ELN. [3]
O concreto é que, apesar dos acordos pela paz, o governo colombiano continua exportando seu modelo militar que causou tantos assassinatos, tantos deslocamentos forçados de pessoas nesta guerra que dura mais de 50 anos e onde, no mês de abril, foram assassinados mais de 17 militantes sociais, por parte de grupos paramilitares (na maioria das vezes, criado por militares e políticos das elites governantes). [4]
E continuam também os casos de perseguição, maus tratos e roubos a comunidades campesinas. Basta recordar casos que permanecem ocorrendo, como na quinta-feira passada, onde a Comissão de Interlocução do Sul de Bolívar, Centro e Sul do Cesar (CISBCSC) denunciou que moradores da comunidade campesina La Garita (município de Rioviejo) sofreram ameaças e agressões verbais por parte de integrantes do Ministério Público, do ESMAD (Esquadrão Móvel Antidistúrbios) e do Exército Nacional. Segundo essa organização, estes funcionários teriam ingressado de forma ilegal aos lares da população e teriam ameaçado dois dirigentes sociais, Wilfredo Gamarra e Anival Mendoza, perguntando por outros dois (Arnardo Arrieta e Leiner Mesa) que figuravam em uma lista. Porém, como se isso não bastasse, na denúncia do CISBCSC também figura que estas forças roubaram documentos de identidade e dinheiro. [5]
Dessa maneira, não pode existir uma verdadeira paz com justiça social enquanto não se realizarem políticas de fundo para erradicar este modelo perverso militar, que continua sendo exportado a países de nossa região que sofrem tanto.
Foto: Foto: CENAE / Exército colombiano (Arquivo)
[1] Ver: http://ea.com.py/v2/aumentan-los-falsos-positivos-en-la-lucha-contra-la-pretendida-guerrilla/ yhttp://sumarium.com/llevan-a-colombia-ante-la-corte-idh-por-los-falsos-positivos/
[2]Ver: http://dialogo-americas.com/es/articles/rmisa/features/2016/05/11/feature-03
[3]Ver: http://nanduti.com.py/2016/01/07/los-casos-comprometen-las-ftc-crimen-julian-ojeda-espinola/
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/05/15/el-gobierno-colombiano-sigue-entrenando-a-las-fuerza-armadas-paraguayas-para-luchar-contra-el-terrorismo-pese-a-los-dialogos-por-la-paz/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)