Jayme Caicedo: “O Partido Comunista é independente das FARC”
EL TIEMPO
O Partido Comunista, o mais antigo bastião da esquerda na Colômbia (foi fundado em 1930), mas que hoje não possui pessoa jurídica por falta de votos, iniciou, na quinta-feira passada, seu XXII Congresso.
Os comunistas, que por décadas foram vistos por seus críticos como braço político da guerrilha, pensam na possibilidade de participar da coalizão que surja junto das FARC como partido político.
Segundo Jaime Caycedo, Secretário Geral desse coletivo desde 1996, a ideia agora é promover uma convergência democrática progressista e avançada, com o compromisso de defender o processo de paz. Estes são seus desafios.
O que vai acontecer no congresso que começa hoje (13/07)?
Os temas principais têm relação com a análise da situação política do país, principalmente no que se refere ao processo de paz, o diálogo com o ELN e, é claro, a unidade das forças democráticas que apoiam a paz numa perspectiva de unidade de ação política e de convergências para um governo democrático, em 2018, que permita colocar em marcha o acordo com as FARC e as reformas que o acompanham.
Sobre a campanha de 2018, o que vão discutir?
A ideia é uma convergência muito ampla, para além da esquerda, com setores que estejam convencidos de que é preciso produzir mudanças e reformas que sustentem as garantias de não repetição e de vida para toda a população.
E no que se refere à campanha para o Congresso?
A ideia é formar uma lista de unidade muito ampla para o Senado, assim como para a Câmara.
Nesse sentido, vocês se veem numa coalizão com o partido que surja das FARC?
O partido que surgir das FARC será um partido que fará parte dos setores democráticos da esquerda na Colômbia, não terá nenhuma relação com as armas e, portanto, cabe dentro da convergência democrática progressista e avançada que temos o compromisso de defender.
Quão próximo é o Partido Comunista das FARC?
Viemos de uma etapa muito difícil da vida colombiana na qual a rebeldia teve uma razão de ser como luta armada, porém, o partido é totalmente independente das FARC.
Com as FARC como partido seria possível se aproximar?
Agora existe uma nova situação no país. Os acordos de paz tornam possível que essa guerrilha se converta em um movimento político legal e, portanto, pensamos que é preciso reconhecer que nós, sendo todos da esquerda, poderíamos fazer alianças e acordos com eles e, mais adiante, talvez, ter um movimento unificado.
Qual candidato presidencial você vê mais próximo de seu partido?
Convidamos todos os pré-candidatos que estão apoiando o processo de paz nós para a abertura de nosso Congresso, como Humberto de la Calle, Gustavo Petro, Jorge Enrique Robledo, Piedad Córdoba, Clara López, Sergio Fajardo, entre outros. Estamos trabalhando na ideia de reunir olhares que nos permitam buscar as coincidências, que permitam nos entendermos na procura de um governo democrático que desenvolva esta transição em 2018.
Por que este partido estava quase desaparecendo?
Esse foi o propósito da direita, do uribismo, dos setores paramilitares e de todo o ambiente da guerra contra-insurgente. Estamos, precisamente, superando essa etapa na qual se pensava que o Partido Comunista deveria desaparecer.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)