Coreia do Norte cria unidade olímpica

Coreia do Norte cria unidade olímpicaWorkers World

ODiario.info

Enquanto Trump e o Pentágono prosseguem a sua agressiva e perigosa estratégia contra a RPDC, esta propôs à Coreia do Sul uma representação conjunta nos Jogos Olímpicos de Inverno, a se realizar em Pyongyang no próximo mês. A duas Coreias desfilarão sob a mesma bandeira na cerimônia de abertura. Perante este extraordinário gesto de pacificação, a resposta dos EUA é que “cresce a ameaça da RPDC.”

Os Jogos Olímpicos são em regra espetáculos concebidos para encher os cofres das cadeias de hotéis, dos proprietários dos grandes meios de comunicação, das empresas de equipamentos desportivos e dos empreiteiros da construção civil. O custo destas extravagâncias é pago pelos trabalhadores e pelos pobres dos países anfitriões.

Mas, por vezes, por entre o ruído do acenar de bandeiras e da contagem de medalhas, surge uma mensagem de luta. Nos jogos na Cidade de México em 1968, dois campeões, Tommie Smith e John Carlos, subiram ao pódio, curvaram a cabeça e levantaram os punhos enluvados na emblemática saudação do Black Power enquanto a banda tocava o hino dos EUA. Este gesto simbólico inspirou milhões de jovens negros, muitos dos quais acabavam de enfrentar milhares de policiais, membros da Guarda Nacional e tropas federais em centenas de cidades, manifestando-se contra o governo, cúmplice do brutal assassinato do reverendo Dr. Martin Luther King Jr.

Esse gesto poderoso granjeou a estes heróis o ressentimento e a raiva racista de colunistas, comentadores e políticos, ressentimento e raiva que ecoa até os dias de hoje, com o reacionário em chefe Trump atacando o ajoelhado [enquanto era tocado o hino dos EUA] Colin Kaepernick e os seus valentes companheiros em muitas outras equipes de desporto

Os Jogos de Inverno têm habitualmente lugar em estâncias em que os abastados se exibem nas encostas nevadas. Muito poucos atletas da África, América Latina ou do Caribe são convidados a participar e, portanto, não é previsível que nada para além da mensagem das grandes empresas seja expresso.

O Pentágono, chocado por uma bem-sucedida iniciativa diplomática

Mas os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 que terão lugar em Pyongyang na Coreia do Sul entre 9 e 25 de fevereiro apresentam já uma diferença marcante. Em 1° de janeiro, Kim Jon Un, presidente do Partido do Trabalho da Coreia e líder da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), propôs a realização de conversações diretas com a República da Coreia – sem a presença de representantes dos EUA, cujas tropas ocupam a Coreia do Sul há cerca de sete décadas. As conversações, propôs Kim, discutiriam a participação coreana nos Jogos Olímpicos.

Os dirigentes da Coreia do Sul aceitaram a proposta. Os provocatórios exercícios militares EUA-Coreia do Sul que iriam ter lugar no decurso dos Jogos foram adiados.

Evidentemente que Trump veio declarar que esta iniciativa era resultado do seu aumento das brutais sanções contra a RPDC. Continuou, ao mesmo tempo, a ameaçar com uma iniciativa de ataque nuclear contra o pequeno país, que recentemente reforçou as suas defesas com um pequeno número de armas nucleares e mísseis como dissuasores contra o vasto arsenal do imperialismo EUA.

As conversações tiveram lugar a 17 de janeiro na Zona Desmilitarizada que separa os dois estados da Coreia. Foram depois concluídas na sede do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lausanne, a 20 de janeiro. Na cerimônia de abertura, atletas de ambos os países desfilarão juntos sob a bandeira da Unificação Coreana, que representa a península coreana a azul sobre um fundo branco.

A equipe de hóquei feminino será constituída por membros tanto do norte como do sul da Coreia. Segundo uma informação do USA Today de 20 de janeiro: “Os norte-coreanos competirão também em patinagem artística, ski de velocidade em pista curta, ski alpino e ski de corta-mato após lhes terem sido excepcionalmente concedidas inscrições tardias pelo Comitê Olímpico Internacional”. “A delegação norte-coreana incluirá também 24 treinadores e funcionários, além de 21 representantes dos media, nos Jogos de Inverno de 9-25 de fevereiro.”

“O COI endereçou ‘sinceros agradecimentos’ aos governos do Norte e do Sul da Coreia”, disse o seu presidente Thomas Bach ao anunciar o acordo. “Um tal acordo teria parecido impossível há apenas algumas semanas”, acrescentou Bach.
Dois esquiadores norte-coreanos com deficiência competirão também nos Jogos Paralímpicos, que terão lugar em Março em Pyongyang.

Obviamente chocados pelo sucesso desta iniciativa diplomática da RPDC, Trump e o Pentágono despacharam para Guam seis bombardeiros B-52 com capacidade nuclear. O Secretário de Estado Rex Tillerson presidiu a um encontro convocado à pressa com 19 “aliados”, em Vancouver, no Canadá, a 16 de janeiro. Declarou à imprensa que “temos que reconhecer que a ameaça cresce e, se a Coreia do Norte não opta pelo caminho do compromisso, debate, negociação, então serão eles a desencadear uma opção (militar)”(CNN, 16.01.2018).

A China e a Rússia, ambas vizinhas da RPDC, não foram convidadas para este encontro, e ambos os países o condenaram como provocatório, numa altura em que o governo norte-coreano empreende estes gestos de abertura Olímpica.

Entretanto, misteriosos “falsos alarmes” de mísseis foram desencadeados, primeiro no Havaí em 13 de janeiro e depois no Japão, em 16/01. Ambas são ameaças muito pouco veladas contra a Coreia do Norte, significando que o Pentágono permanece em modo de “ataque nuclear por um fio”, apesar da iniciativa de paz.

Sejam quais forem os resultados desportivos destes Jogos Olímpicos, fica claro que os verdadeiros obstáculos à paz na península da Coreia não vêm do corajoso povo da RPDC, mas sim das infindáveis ameaças oriundas do Pentágono e do regime de Trump.

Original: https://www.workers.org/2018/01/23/dprk-creates-olympic-unity/

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