As provocações dos EUA para a guerra nuclear
– A carta urgente da RDPC ao secretário-geral da ONU
por Carla Stea*
A situação em relação à Coreia do Norte é terrificante. Assisto à acumulação furtiva de pressão sobre o Conselho de Segurança, semelhante àquela que antecedeu as invasões do Iraque e da Líbia. O veto russo-chinês impediu um ataque à Síria com aval da ONU, mas a Rússia e a China não estão vetando estas sanções odiosas sobre a Coreia do Norte e estão permitindo este cerco militar incrivelmente provocatório à RDPC. Que negociações estão sendo feitas?
No dia 13 de outubro a RDPC enviou uma carta urgente ao secretário-geral das Nações Unidas, Guterres. Esta foi a terceira carta enviada à ONU desde 20 de novembro, três cartas em 23 dias tentando alerta as Nações Unidas para a situação de crise no Nordeste da Ásia que põe em risco a paz e a segurança internacional, uma crise que poderia precipitar uma guerra nuclear a qualquer momento. Todas as três cartas foram ignoradas, levantando questões alarmantes acerca do compromisso da ONU de “salvar a humanidade do flagelo da guerra”.
Qualquer tentativa de acusar a RDPC de “provocação” é um embuste flagrante, pois as provocações e ameaças à sobrevivência da Coreia do Norte descritas neste apelo ao secretário-geral revelam a preparação estadunidense-sul-coreana para um ataque iminente e extermínio da Coreia do Norte.
O embaixador Ja Song Nam declarou:
“Escrevo-lhe a respeito da pior situação de sempre prevalecente na península coreana e em torno dela, a qual está tornando impossível prever quando irrompe a guerra nuclear devido à instalação maciça de equipamento de guerra nuclear estadunidense numa escala sem precedentes e em postura de ataque. Os Estados Unidos, com base na deslocação de três porta-aviões nucleares com grupos de ataque na sub-região, estão efetuando outro exercício militar conjunto com a Coreia do Sul, envolvendo diferentes tipos de destróiers e submarinos, desde 11 de novembro de 2017. Os EUA estão reativando… bombardeiros estratégicos B-52 com capacidade nuclear… e estão mantendo uma postura de ataque surpresa com voos frequentes de formações B-1B e B-2 no espaço aéreo da Coreia do Sul… Os EUA apregoaram a “destruição total” de um estado soberano na Assembleia-Geral da ONU, o maior fórum diplomático oficial do mundo e estão agora em frenéticos exercícios de guerra com a introdução de equipamento de guerra nuclear dentro e em torno da Península Coreana, provando com isso que os próprios EUA são o principal criminoso (offender) responsáv
el pela escalada de tensão e de sabotagem da paz… Apesar deste fato, o Conselho de Segurança da ONU, cuja missão é assegurar a paz e segurança mundial, continua a atuar como se não tivesse visto os exercícios de guerra nuclear dos Estados Unidos o qual estão determinados a provocar um desastre catastrófico para a humanidade, causando assim uma séria preocupação sobre o duplo critério do Conselho de Segurança da ONU”.
Desafia a lógica e a sensatez que a RDPC, a qual entre 1950 e 1953 sofreu a carnificina de mais de três milhões do seus cidadãos pelos soldados dos EUA e da Coreia do Sul culpados de crimes contra a humanidade, e que está tentando proteger-se de outra carnificina comparável ou pior, esteja a ser perversamente sujeita a punição coletiva pelas sanções do Conselho de Segurança da ONU, condenando o povo da RDPC a mortes angustiantes por fome e doença, enquanto é forçada a aguentar a tortura psicológica de um cerco pelas armas nucleares dos EUA-ROC prontas para exterminar todo o seu povo.
O perpetrador desta ameaça de genocídio é uma potência nuclear que tem violado os artigos 1 e 6 do Tratado de Não Proliferação Nuclear e que deveria ser responsabilizada por estas violações e ela própria sancionada. Mas nas Nações Unidas a lei de fato é “a lei do mais forte” e “o dinheiro manda”.
As Nações Unidas perderam a sua autoridade moral e está condenada exatamente pela falta de imparcialidade quase total, merecendo a sua designação pejorativa de anexo do Pentágono dos EUA. Agora é também razoável perguntar se a ONU sobreviverá a esta ignomínia e defenderá o seu objetivo: salvar a humanidade do flagelo da guerra. O excelente artigo de Nicholas Kristof, de 4 de Novembro, ” Slouching toward war in North Korea ” descreve um quadro sinistro do preço mortal da complacência e dos duplos critérios. A menos que o secretário-geral da ONU tenha a coragem de restaurar a imparcialidade da ONU, o povo da Coreia do Norte pode ser aniquilado, juntamente com toda a humanidade.
15/Novembro/2017
*Correspondente do Global Research na sede das Nações Unidas, em Nova York.
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/coreia/ameaca_nuclear_15nov17.html