Barrar a política anti imigratória de Trump

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

No dia 14/06/2025 (sábado), milhões de trabalhadores e trabalhadoras saíram às ruas em todos os 50 Estados dos EUA, para protestar contra a política anti-imigratória da administração de Donald Trump. Ameaçados/as e coagidos/as por um enorme aparato repressivo constituído por polícias estaduais, guarda nacional e, no caso da Califórnia, até mesmo do Corpo de Fuzileiros Navais, o povo trabalhador não se deixou intimidar e patenteou sua rejeição e resistência às ações coercitivas e discriminatórias do governo federal daquele país contra trabalhadores e trabalhadoras imigrantes e suas respectivas famílias. Estas mobilizações, como há muito tempo não se via, tiveram o efeito concreto de contribuir para o despertar da consciência e da mobilização da classe trabalhadora estadunidense e o feito simbólico de exibir os limites reais das liberdades de manifestação e participação política no país, cujos governos se apresentam diante do mundo como campeões das liberdades democráticas.

Desde a campanha eleitoral de 2024, Donald Trump e todo o aparato comunicacional que o acompanha têm propalado a pretensão de recolocar os Estados Unidos no topo da economia e da política internacionais, restaurando sua condição de “número 1” e inaugurando um “novo século americano”. Tais elucubrações encontram uma síntese publicitária no slogan “Make America Great Again” (MAGA), reverberada incansavelmente pelos próceres do trumpismo, dentro e fora dos Estados Unidos. Estes delírios de poder e grandeza requentam as fórmulas de supremacia unipolar enunciadas pelos estrategistas estadunidenses no final do século passado e caminham na contramão das tendências à multipolaridade econômica e estratégica em desenvolvimento no mundo contemporâneo.

Em termos gerais, a administração Trump persegue o objetivo de colocar em prática medidas impactantes, capazes de deter e reverter o processo de declínio relativo e gradual da centralidade geoeconômica e geoestratégica dos EUA no mundo. No entanto, os planos formulados para alcançar este propósito reeditam, em sua essência, as mesmas políticas que vêm sendo aplicadas pelos sucessivos governos dos Estados Unidos desde as últimas décadas do século XX: fortalecimento do poder dos grandes monopólios, destruição dos direitos da classe trabalhadora, vultosos investimentos no complexo industrial militar, redução dos gastos públicos voltados para o bem-estar da população, guerras e intervenções internacionais.

As políticas de abertura econômica impostas pelos governos estadunidenses a outros países favoreceram a migração de grandes corporações para outras partes do globo, contribuindo para o desemprego no interior dos Estados Unidos. O crescimento incessante dos gastos militares conduz ao crescimento do desequilíbrio nas contas públicas. A perda de competitividade de certos ramos da economia estadunidense (siderurgia, mineração, agricultura, etc.) comparativamente à ascensão de novos competidores econômicos globais, contribui para o déficit da balança comercial e assim sucessivamente. Um aspecto particularmente relevante na produção de tais elementos de crise é desempenhado pelos gastos decorrentes das políticas de guerra, intervenções e intimidações militares permanentes praticadas pela Casa Branca.

Sendo o administrador dos negócios comuns do grande capital imperialista, o governo dos Estados Unidos almeja ultrapassar a crise e reverter o seu declínio sem afetar o mínimo que seja os interesses das corporações monopolistas e ainda contar com apoio popular. Para isto, necessita encontrar tanto interna quanto externamente alvos que possam ser apontados como os responsáveis pelas dificuldades percebidas e mover contra eles ações de forte repercussão midiática, que desviem a atenção das massas da verdadeira origem dos problemas. Deste modo, a perda de competitividade de certos setores da economia estadunidense é encoberta pela denúncia de países que teriam se beneficiado e se “enriquecido”, tirando proveito das “vantagens” tarifárias oferecidas pelos Estados Unidos. Cria-se assim a oportunidade para o aumento de tarifas e a sobretaxação de mercadorias provenientes de países como a China e o Brasil. Em outras palavras, fabricam-se justificativas para uma “guerra comercial”. Já as situações de desocupação crescente, diminuição de salários e destruição de direitos sociais têm suas origens dissimuladas e suas responsabilidades transferidas para os trabalhadores e as trabalhadoras imigrantes demonizados/as e literalmente caçados/as como animais em todo o país.

Este surto de paranóia anti-imigratória que parece atingir o seu ápice nos EUA não é um componente original na agenda da extrema direita internacional. Há várias décadas que as forças ditas “populistas de direita” (sic!) e neofascistas em atuação nos países capitalistas da Europa, Estados Unidos e Oceania têm colocado a xenofobia contra trabalhadores e trabalhadoras imigrantes procedentes do mundo periférico no centro de suas agendas políticas e culturais. Assim como as forças supremacistas, fascistas e fascistizantes do passado, a promoção de tais sentimentos atende aos objetivos de dividir a classe trabalhadora, mobilizar amplos setores da pequena burguesia e das camadas médias e os extratos mais atrasados das camadas populares em apoio às políticas que, concretamente, só beneficiam os interesses do grande capital.

Deste modo, o Partido Comunista Brasileiro – PCB vem a público se solidarizar com os trabalhadores e as trabalhadoras conscientes dos Estados Unidos, que, através da mobilização e da luta, procuram desmascarar as mistificações xenófobas, chauvinistas e racistas da grande burguesia estadunidense e seu governo de plantão, construindo a unidade do conjunto da classe trabalhadora nacional e imigrante.

Trabalhadores/as de todos os países, uni-vos!

SECRETARIA NACIONAL DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA DO PCB