Um novo sistema monetário internacional

Um novo sistema monetário internacional«O dólar está em recuo perante o claro avanço do “petro-yuan-ouro”. Na realidade não se trata de uma nova petro-moeda mas de um outro esquema de moeda mundial dominante: o petro-gás-ouro-moeda. Estes factos e o seu impacto compõem o panorama do fim do dólar e da sua movimentação, agora ainda como moeda dominante de referência internacional, juntamente com o conjunto de instituições associadas à velha arquitectura, primeiro do ouro-dólar (1944-1971) e depois do petrodólar (1971-2017). Será por isso o acto fundacional do mundo multipolar do século XXI»

Introdução

Os países que formam os BRICS, com a China e a Rússia à cabeça, lançam outra iniciativa que se soma à já tomada em Maio de 2017, mas agora colocam a disputa no terreno mais importante, no esquema da moeda de câmbio e reserva mundial. A moeda que colocam é o petróleo-yuan-ouro. Um esquema de moeda mundial não só apoiado na commodity (matéria-prima) mais importante, o petróleo, mas também por constituírem a economia mais dinâmica do mundo com capacidade real para lutar com o petrodólar e um esquema económico-estratégico universal, multipolar, com capacidade de confrontar o globalismo financeiro.

Claro que a sua vantagem não radica apenas no facto de ser o esquema das economias mais dinâmicas, mas também de, além disso, serem grandes produtores e compradores de ouro que já criaram umas gigantescas reservas para apoiar o yuan nesta movimentação que, por si só, não poderia avançar e impor-se. O ouro, o reconhecimento pelo FMI do yuan como moeda internacional em Outubro de 2016, o terem desenvolvido todo um sistema de instituições financeiras na City de Londres, o que lhe permite colocarem não só o yuan como moeda, com o petróleo e o ouro como apoio, mas também usar o dólar como instrumento no caminho para a viabilização e desenvolvimento do mecanismo, o que facilita a utilização das reservas de dólares em títulos do Tesouro dos EUA (mais de um bilião de dólares) para impor o mecanismo e debilitar as manobras da FED contra o novo esquema de moeda internacional.

A tudo isto, acresce que o yuan multipolar dos BRICS já está criado e apoiado por um cabaz de moedas e numa nova arquitectura financeira (com o seu fundo de fomento e desenvolvimento, o seu banco de financiamento e o seu sistema de compensações alternativo ao SWIFT), onde apenas falta que se lhes juntem os EUA e o Japão. A tudo isto acresce também a nova arquitectura produtiva-comercial da nova rota-da-seda (OBOR) e a sua iniciativa de 500 mil milhões lançada em 14 de maio de 2017.

Por tudo isto, é muito importante o que acontece em África, na América Latina (Brasil, Argentina, Venezuela, Colômbia, México, etc.) e também na Europa, com a consolidação da UE como potência continental que olha para Este e os BRICS, no meio do desenvolvimento da crise do Brexit, com um globalismo financeiro comprovado na City de Londres e, agora, apoiado na City de Paris e no governo pró-globalização de Macron; na criação de massivas migrações orientadas a partir da NATO e das suas forças irregulares (ISIS/EI) etc.; na capacidade da massiva produção/destruição, na subjectividade política e ideológica das plataformas globais de comunicação em rede, actuando com indivíduos através do manejamento dos Big Data que, com o seu contínuo bombardeamento ao eurocepticismo local, fragmenta o continental e apenas alimenta o nada-global como saída, o que pode ser captado pela rede de Citys financeiras, que operam através dos bancos centrais e dos seus governos de elites tecnocrático-financeiras não eleitas pelos povos.

É aqui que se observa a importância da consolidação do núcleo continental de poder na EU, constituído pela Alemanha/França/Itália, e sustentado na produção industrial/científica e tecnológica com justiça social. Por isso, as eleições em toda a UE, na Alemanha e França têm tido uma conotação e importância superlativa.

E as leituras das propostas eleitorais em termos de esquerda social-democrata (agora aprisionada na sua cúpula pelas oligarquias globais) e da extrema-direita fascista (que atrai a burguesia e os pequenos empresários de escala local-nacional) promovida pelas plataformas de comunicação, pelos atentados terroristas da NATO/ISIS e outros instrumentos recuperados da Segunda Guerra mundial e financiados pelo dinheiro global do crime organizado e administrado pelos bancos, são mais prejudiciais que nunca, e apenas empolam o globalismo neoliberal e socio-liberal.

O centro-direita, que já é uma oligarquia continental que se expressa na relação de confronto das instituições da União Europeia, e já não como um nacionalismo em transição para a consolidação, atravessa uma crise e ainda não construiu legitimidades sociais.

Do petrodólar ao petro-yuan

Na última conferência dos BRICS, a China e a Rússia revelaram que vão usar entre si um novo esquema de moeda: o petróleo/yuan/ouro. A China, como primeiro importador mundial de petróleo, está a avançar na preparação e assinatura de contratos de futuros, para comprar petróleo em yuans chineses convertíveis em ouro. Para tornar o contrato em yuans mais atractivo, a China prevê fazer com que o yuan seja totalmente convertível em ouro antes do fim de 2017. A fixação dos preços do petróleo em yuans – juntamente com o plano da Bolsa de Valores de Hong-Kong para vender contratos de ouro físico cotado em yuans – criará um sistema através do qual o país poderá eludir o sistema bancário estado-unidense e não só o sistema Swift como, inclusive, o próprio sistema de Bretton Woods. Os países que vão ver-se mais imediatamente beneficiados por esta revolução são, naturalmente, aqueles aos quais foram impostas sanções ocidentais como a Rússia, o Irão e a Venezuela.

Em 20 de Setembro, Vladimir Putin deu instruções para que em finais de 2017 o dólar deixe de ser a moeda de pagamento em todos os portos do país. Na mesma data o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro anunciou que o seu país deixaria de lado o dólar como moeda de pagamento na compra de petróleo, como contrapartida das sanções impostas pelos EUA ao seu país. Com as maiores reservas provadas do mundo, a Venezuela decide avançar na utilização do yuan como moeda de pagamento do crude. A empresa venezuelana de petróleo PDVSA já começou a cotar o seu preço e a manter as suas contas em euros, pondo o dólar de lado.

O Irão e a Venezuela sofreram particularmente com a sua exclusão do sistema de pagamentos internacional em dólares, o que os impediu de investir de modo significativo em infra-estruturas. Como contrapartida, a China favoreceu estes produtores de petróleo, aceitando que vendam a sua mercadoria em yuans, fora do esquema petróleo-dólar. As políticas de sanções e boicotes dos EUA não conseguiram outro resultado que não fosse orientar e empurrar estes países para a opção do multipolarismo. O Irão, a Rússia e outros produtores de petróleo mais pequenos, como Angola e a Nigéria, já vendem petróleo e gás à China em yuans. Nos últimos dois anos, o Qatar transaccionou mais de 86 mil milhões de dólares em yuans. O Qatar, sunita e pró-ocidental, inclina-se para o Irão e a China e até um dos Emiratos (Sharjah) já tem previsto emitir títulos em yuans.

Também grande parte de África se comprometeu com a introdução do yuan como segunda moeda de reserva de referência. Em concreto, o Gana, a Nigéria, as Ilhas Maurícias, o Zimbabwe, a África do Sul e Angola já introduziram o yuan entre as suas moedas de reserva. A única coisa que impede o Japão e a República da Coreia de aceitar o yuan como moeda de câmbio é a crise montada à volta da República Democrática da Coreia.

Tudo isto prenuncia o momento da «queda» ou morte do petrodólar.

Hoje, em termos de produção de gás e petróleo juntos, os EUA são um grande concorrente do seu histórico (1970-2015) aliado estratégico, a Arábia Saudita, e por isso reduziu a sua importação de 14 milhões de barris por ano em 2007 para 8 milhões em 2017. Também a Rússia diminuiu as importações do petróleo saudita. Perder nesta conjuntura o cliente chinês significaria para a Arábia Saudita ficar com um gigantesco excedente de produção, o que provocaria um trambolhão das suas receitas. O rei Salman da Arábia Saudita pôs de lado o príncipe bin Naif da linha de sucessão a favor do príncipe bin Salman, conhecido pelo seu diálogo fácil com a Rússia e a China.

Para a Arábia Saudita, aceitar o pagamento de petróleo em yuans significa arriscar-se a perder a «protecção» militar dos Estados Unidos. Daí, podemos ver quanto pesará este argumento no momento de tomar a decisão de optar pelo yuan. É já claro que a opinião pública internacional não estará do lado da Arábia Saudita se esta se comprometer com os EUA num conflito directo com o Irão. Por isso, não é estranhar que se esteja muito perto de um fundo de investimentos chino-saudita ou da decisão de compra de 5% da empresa petrolífera Saudi Aramco. As evidências amontoam-se e fala-se da anunciada morte do petrodólar.

Do petro-yuan ao petro-yuan-ouro

A China anunciou que lançará no final de 2017 o esquema do câmbio petróleo-yuan-ouro, facto que mudará o sistema monetário internacional. Todos os exportadores de petróleo para a China terão primeiro de aceitar a moeda chinesa, o yuan apoiado no ouro, a troco de petróleo. Como incentivo, os chineses oferecem trocar os yuans recebidos por ouro, contra a entrega de petróleo. Os exportadores de petróleo, no entanto, poderão retirar estes títulos de ouro da China, isto é, o petro-yuan estará convertível nos chamados «Bullion Banks» em Londres. Estes terão de entregar ouro aos exportadores de petróleo a troco dos títulos em yuans recebidos.

Os “Bullion Banks” são entidades financeiras que controlam o preço do ouro através da venda de contratos a prazo (ouro em papel). Os ditos contratos comprometem a entregar a determinado preço. Os especuladores costumam comprar os ditos contratos e aspiram um lucro em dólares nas suas apostas, esperando que o seu preço suba, mas também não têm nenhuma intenção de entregar fisicamente ouro. É de supor que os “Bullion Banks” também não tencionem aceitar certificados em yuans a troco da entrega de ouro físico aos exportadores de petróleo.

Pelo que é provável que os “Bullion Banks” cambiem primeiro os certificados em yuans por dólares. Como a China é o principal possuidor de títulos do Tesouro dos EUA, o Banco da China será seguramente o fornecedor destes dólares. Com o objectivo de reduzir as suas enormes reservas internacionais em dólares, este banco aceitará os yuans a troco de dólares. Os “Bullion Banks” oferecerão aos exportadores de petróleo contratos futuros em dólares (ouro em papel) em vez de fisicamente ouro, numa operação que matará dois pássaros com um só tiro. Os exportadores de petróleo para a China obterão os seus contratos em futuros de ouro em Londres e a China conseguirá desfazer-se das suas enormes reservas em dólares, cujo valor futuro se está para ver. A crescente quantidade de futuros de ouro a que os “Bullion Banks” se comprometem gerará uma pressão sobre o preço do ouro que, obviamente, terá que ter uma alta com essa procura. No passado, para os detentores de “ouro em papel” foi muito difícil conseguir um entrega efectiva de ouro físico. No entanto, quando o esquema chinês começar a funcionar o cenário poderá realmente mudar, já que surgirá uma situação que os gestores dos ditos bancos nunca viram antes, acostumados como estão a manipular o preço do ouro para baixo.

É um dado de facto que a quantidade de petróleo importada pela China é enorme. A China não só é o primeiro produtor mundial de bens e serviços com o maior PIB Paridade (17 biliões), como também é o principal importador de petróleo, com oito milhões de barris/dia. Só a Arábia Saudita exporta um milhão de barris de petróleo por dia para a China e actualmente ainda o faz em dólares. No dia em que a Arábia Saudita receba yuans convertíveis em ouro para a entrega de petróleo, estamos a falar (a um preço de 50 USD por barril) de 50 milhões de dólares por dia ou 1.183 toneladas de ouro que este país, diariamente, reclamará retirar do mercado de ouro em Londres. Isto representa uma procura de 431,8 toneladas de ouro por ano.

Mas a Arábia Saudita não é o único país em jogo, já vimos que há outros grandes exportadores de petróleo e gás, como a Rússia, o Irão e recentemente também a Venezuela. Estes países deixarão de utilizar o dólar como moeda de câmbio para passar a vender petróleo em yuans. Com esta oferta conjunta fora do esquema petróleo-dólar, combinada com a oferta de gás e petróleo de todos os outros países exportadores para a China a troco de cada vez mais yuans, estamos a falar de, a partir de 2018, haver uma procura de ouro de mais de mil toneladas por ano.

Quando os yuans na posse dos exportadores petróleo chegarem aos “Bullion Banks”, estes primeiro trocá-los-ão por dólares, moeda em que funciona o mercado do ouro em Londres. Com uma procura de ouro em forte crescimento, o preço do ouro físico terá inevitavelmente uma subida, e isto será em dólares. Este aumento significa que se entregará menos ouro físico pelo mesmo barril de petróleo.

Quando os exportadores perceberem a tendência para a baixa na relação ouro-petróleo rapidamente aumentarão a sua oferta de petróleo a fim de obterem um melhor preço agora do que se o entregarem mais tarde. Como é costume, todos os exportadores farão o mesmo, o resultado será que em pouco tempo se observará que o preço do ouro físico disparará em termos de dólares. Dito de outra maneira, o dólar sofrerá uma desvalorização em termos de ouro, mas não em relação ao yuan.

A China tem actualmente enormes reservas de ouro físico para apoio da sua moeda, cujo valor disparará quando o dólar desvalorizar. Em contrapartida, é evidente que os EUA depois de 45 anos – 1971-2017 – do dólar como moeda mundial (o chamado petrodólar) já não dispõem das reservas de ouro que tiveram no passado, assunto que abordámos em trabalhos anteriores.

Por outras palavras, o dólar está em recuo perante o claro avanço do “petro-yuan-ouro”. Na realidade não se trata de uma nova petro-moeda mas de um outro esquema de moeda mundial dominante: o petro-gás-ouro-moeda. Estes factos e o seu impacto compõem o panorama do fim do dólar e da sua movimentação, agora ainda como moeda dominante de referência internacional, juntamente com o conjunto de instituições associadas à velha arquitectura, primeiro do ouro-dólar (1944-1971) e depois do petrodólar (1971-2017). Será por isso o acto fundacional do mundo multipolar do século XXI, a unidade de medida da magnitude do poder mundial, tal como o foram os acordos de Bretton Woods, quando os EUA impuseram o padrão ou esquema de moeda mundial de câmbio dólar-ouro, o que implica, agora, institucionalizar o esquema que substitui o dólar e os poderes financeiros que acumulam valor/poder a partir dele.

As respostas do dólar perante a subida do yuan

Devido ao próprio peso da economia real, todos os exportadores de petróleo para a China aceitaram o yuan como moeda apoiada no ouro. Os exportadores de petróleo poderão retirar este certificado da China para os chamados “Bullion Banks” em Londres. Como estes bancos não aceitam yuans como pagamento de ouro físico trocarão os yuans por dólares para entregarem contratos de futuros de entrega de ouro (papel ouro).

O mais seguro fornecedor destes dólares é o Banco da China, já que é ele quem possui mais títulos de Tesouro. A China usará os dólares que recebe por vender os títulos do Tesouro dos Estados Unidos na compra dos yuans apoiados no ouro. O preço do ouro físico disparará em termos de dólares. O retorno dos títulos do Tesouro aos EUA será cada vez mais massivo à medida que se generalize a venda de petróleo a troco de yuans e o dólar sofrerá uma nova desvalorização em relação ao ouro.

Para contrariar esta ameaça, a FED (Reserva Federal dos EUA) anunciou em 20 de Setembro de 2017, o começo do programa de venda dos seus títulos do Tesouro «adquiridos» durante o período 2008 a 2014. Desta forma, A FED projecta retirar liquidez em dólares do sistema financeiro que ela própria engendrou com o programa de emissão sem garantia em ouro para apoiar a sua grande Banca em crise, os demasiados grandes para caírem (Flexibilização Quantitativa). Além disso, a FED decidiu deixar a sua a taxa de juro sem alterações, não a aumentando como tinha sido a sua planificação original.

Depois da crise financeira de 2008, a Reserva Federal (tal como todos os outros bancos centrais do mundo), comprou durante seis anos títulos de Tesouraria dos EUA, a fim de os redimensionar para activos mais lucrativos (acções, títulos, etc.), ainda que mais especulativos e mais arriscados, reduzindo para isso as taxas de juro, isto é, baixando os custos de financiamento do crédito para as empresas. Nos EUA este dinheiro fácil chegou ao record de uns 3,5 biliões de dólares, o que representa cerca de 25% de toda a economia norte-americana. Esta massa de dinheiro sem garantia, ou seja, criado do nada, investiu-se cada vez menos na economia real e dirigiu-se para a bolsa de valores, o mercado de títulos ou de bens de raiz, movimentando os índices bolsistas e o mercado da dívida. Com isto, a Bolsa de Valores de Nova Iorque disparou e, hoje em dia, os índices bolsistas e o mercado de obrigações encontram-se no seu máximo histórico. Ao mesmo tempo, o mercado de bens de raiz (hipotecas imobiliárias) está de novo em clara ascensão, como se nada tivessem aprendido nada com a grande crise hipotecária de 2007-2008, que levou ao rebentar da grande crise financeira global com a queda do Lheman Brothers, que paralisou a economia real durante anos nos chamados países centrais, o que quer dizer que estão uma vez mais a brincar com o fogo. Mas em 2017 existe uma situação de poder real distinta, há mais debilidade porque emergiram novos esquemas de poderes multipolares e universais de carácter diferente dos do unipolarismo financeiro transnacional que impunha comportamentos e marcara os tempos até 2013.

Para o final de 2018 projecta-se que o volume das reduções de dólares terá chegado aos 500 mil milhões de dólares. O presidente do banco da Reserva Federal de Nova Iorque sugeriu que a balança negativa da FED será reduzida num montante entre um e dois mil milhões de dólares, de 2017 ao final de 2020. As bolsas dos EUA que durante muito tempo conheceram um auge sem precedentes graças ao dinheiro «fácil» investido em acções sofrerão uma forte contracção monetária e uma consequente queda. Para evitar o desmoronar dos mercados a FED espera que o processo de retirada de dólares não seja rápido, mas num prazo longo, que teve início em Outubro de 2017. Por isso, para o final de 2018 projecta-se que o volume das reduções terá atingido 500 mil milhões de dólares.

Quando não só o petróleo e o gás entrarem nesta nova situação mundial, mas também as matérias-primas em geral, é de esperar que a China se desfaça, de forma cada vez mais acelerada, dos títulos do Tesouro a troco de dólares, trocando por sua vez estes dólares por yuans. Com isso aumentará a liquidez em dólares nos EUA sem baixar as taxas de juro, o que leva a que o crédito seja mais difícil. No entanto, a substituição do dólar pelo yuan provocará uma considerável diminuição da procura do dólar. Assim torna-se necessária uma retirada líquida e acelerada de dólares do mercado de dinheiro para evitar uma forte desvalorização do dólar. Então, é preciso que a FED retire dólares do mercado de dinheiro a um determinado ritmo o que, a não acontecer, poderá ter como consequência uma forte contracção do dinheiro que afectaria em primeiro lugar o mercado bolsista. As campainhas de alarme já tocam em Wall Street anunciando uma possível crise do tipo da de 2008, mas a bolha que rebentará é várias vezes maior (1 a 20 vezes, prevêem) e os jogadores unipolares financeiros são hoje várias vezes mais frágeis que em 2008. Esta última tendência encarecerá o dólar ao aumentar o tipo de câmbio da moeda estado-unidense, afectando os países emergentes com o serviço das suas dívidas ainda em dólares. No entanto, tudo conjugado, estimamos que a tendência de desvalorização prevalecerá sobre uma eventual apreciação.

A retirada ponderada de liquidez do mercado com a consequente normalização do balanço da FED, juntamente com a alta das taxas de juro significaria, sem dúvida, uma política monetária restritiva contrária às políticas de expansão económica que Trump necessita e propõe. Esta é a política das forças globalistas e uma eventual queda das bolsas de valores será pelos grandes media inevitavelmente atribuída à «inoperância» de Trump, ainda que este nada tenha a ver com isso. Se bem que na sua reunião de Setembro de 2017 a FED tivesse deixado a taxa de referência sem alteração, indicou que espera mais uma alta este ano e três para o ano que vem, sendo que para 2019 a taxa poderia alcançar uns 2,7%. Donald Trump pressionou e pressionará fortemente para que não haja mais subidas das taxas de juro, porque isso afectará negativamente seu plano de expansão económica, baseado fundamentalmente no aumento do investimento público (a crédito) e na baixa dos impostos.

O choque entre Donald Trump e a pró-globalização Reserva Federal é uma realidade desde o primeiro momento em que o «inquilino» da Casa Branca entrou em campanha, em Junho de 2016. Trump tem a opinião que a FED deveria seguir as orientações do governo, mas embora ela se considere independente, a verdade é representa os interesses da globalização unipolar. Na realidade, desde que Trump assumiu a presidência dos EUA em 2017, a FED de Janet Yellen desenvolveu uma política que começou com a alta das taxas de juro, o que encareceu o preço do dinheiro a crédito. Uma política que se contrapõe aos planos do governo de Trump. No entanto, a política chinesa de venda de títulos do Tesouro complica a vida da FED para executar o projecto de favorecimento dos interesses da globalização. Esta situação pode forçar as forças da globalização a uma situação em que tenham de retroceder.

Os principais riscos da alta das taxas de juro para a economia estado-unidense, tal como para a economia real, continuam a ser as incobráveis dívidas em dólares das empresas e dos Estados, o que também inclui os EUA. Num ano apenas, estas dívidas tiveram um crescimento que atingiu 5% do PIB mundial (cujo motor é a China e o mundo das economias emergentes), que cada vez mais se expressa em dinheiro fictício (bolha da especulação financeira). Tudo isto anteriormente expresso revela que a transição para o novo sistema monetário internacional não acontecerá, como sucedeu historicamente, sem fortes abalos económicos e estratégicos.

A tensão entre a FED e Trump vai continuar até terminar o mandato de Janet Yellen na direcção da Reserva Federal que se prolonga até Fevereiro de 2018. Trump poderá negar-se a prolongar o mandato da presidente da FED e, além disso, nomear para os outros cargos que vagam “gente sua”, para que no necessário sigam a mesma política monetária e, primeiro que tudo, no que respeita às taxas de juro. A partir de Abril de 2018 Trump poderá contar com uma clara maioria na direcção da FED para controlar a política monetária do país. Se conseguir impor uma nova direcção e com outra orientação, isso significaria uma dura derrota para os interesses das forças da globalização nos EUA. O tempo que decorrerá até Abril está já em contagem regressiva e podemos esperar tempos de turbulência desde agora até ao começo da primavera, em 20 de Março de 2018.

Trump encontra-se nas melhores condições para travar uma dura batalha pelo controlo da FED, uma batalha em que o globalismo unipolar financeiro apostará «tudo», como sempre que se colocou disputarem-lhe as peças-chave do seu poder. As condições são favoráveis não só porque já demonstrou que pode ganhar (veja-se as eleições) como ao fazer cair os tratados de globalização do comércio (TTP e TTiP), e também ao abandonar o tratado sobre as alterações climáticas, como também as forças do globalismo unipolar também sofreram derrotas na City de Londres com o Brexit, em ambos os casos apoiados pelo Universalismo multipolar dos BRICS e o Universalismo multipolar de Roma que, além disso, encurralaram o globalismo unipolar da NATO, na Síria, no Irão, na Turquia, no Iraque, etc.. É um bom momento para Trump travar uma batalha política dentro dos EUA e da FED, pois as forças da globalização estão com um posicionamento defensivo. É uma situação bem diferente da que teve J.F. Kennedy entre Janeiro de 1961 e Novembro de 1963.

A UE e o Brexit depois das eleições na Alemanha

Depois das eleições na Alemanha em Setembro de 2017, caracterizadas pelo media como as mais aborrecidas do ano, Angela Merkel ganhou, mas está metida numa difícil negociação para formar um governo maioritário de coligação com partidos mais pequenos, sem excluir a hipótese de optar por um governo minoritário. A hipótese de uma coligação entre a CDU e os partidos Verdes e Democrático Livre (FPD) parece uma opção provável, mas não há certezas.

Para as grandes plataformas de comunicação parece não haver dúvidas, pois que deram muita publicidade ao Alternativa para a Alemanha (AfD), além de o terem proclamado como vencedor moral das últimas eleições. O AfD é um partido político de ideologia nacionalista e eurocéptica, cujo principal programa é a rejeição do euro e dos resgates financeiros dos países periféricos (que consolidam cada vez mais o forte núcleo continental germano-francês dentro da UE). Além disso, defendem o regresso do marco alemão, indo ao encontro dos interesses da plataforma-eleitoral-na-sombra das forças mediáticas da globalização e instrumentos eleitorais nacionalistas. É evidente que com a consolidação da UE há dois interesses que são afectados, os que pela sua escala só são importantes na Alemanha e os que pelo seu carácter unipolar globalizante se chocam com a UE e o Euro, interessados na sua fragmentação para a absorver por partes, a partir das citys financeiras de cada país.

Devido às declarações com tintas fascistas e xenófobas dos seus membros, o AfD é catalogado como partido populista de extrema-direita. Depois de terem ganho pela primeira vez lugares no Bundestag e terem subido a terceira força eleitoral do país, o seu líder, Frauke Petry, anunciou a sua saída do partido devido á radicalização daquela força. A AfD, no entanto, já cumpriu a sua missão para os media adeptos da globalização: Merkel ficou debilitada e foi forçada a procurar uma complexa coligação para governar.

Os resultados das eleições confirmam que a social-democracia alemã não é alheia à crise que atravessam os partidos social-democratas (SPD) na Europa, já que obteve o seu pior resultado eleitoral. Esta é uma prova de que não foi credível a sua postura de se apresentar como o partido da justiça social. Na realidade, tal como noutros países, as suas políticas económicas em geral e laborais em particular têm cada vez mais a ver com o aprofundamento do neoliberalismo global que com a justiça social, e serviram de ponta-de-lança às forças da globalização.

O tema da imigração descontrolada foi o eixo da campanha política nos media adversos à chanceler Angela Merkel. Pela forma como abordaram o tema conseguiram dar alento, fomentar e instalar um clima nacionalista, xenófobo e racista, isto é, um eurocepticismo local-globalização. As plataformas de comunicação global, os chamados grandes meios, são um importante instrumento do capital financeiro globalizante e esperavam que os refugiados sírios, empurrados a refugiarem-se na UE pelas forças da NATO (através do ISIS) se convertessem no tendão de Aquiles do projecto de campanha de Merkel em particular, e da UE em geral. Esta campanha, indubitavelmente, ganhou votos para o resultado eleitoral do AfD, ao mesmo tempo que complicou a vida de Angela Merkel para formar uma coligação forte. Depois da dupla derrota do capital financeiro globalizante com o Brexit britânico e do triunfo do presidente Trump sobre Hillary Clinton, a União Europeia sob a forte liderança de Angela Merkel como chanceler da Alemanha tem a possibilidade de dar passos em direcção ao projecto multipolar, o que já vem sucedendo, mas agora pode acelerar a sua velocidade.

Depois das eleições, o presidente alemão Steinmeier afirmou que as possibilidades de recepção de imigrantes do país eram limitadas e ressaltou a necessidade de programar uma «imigração ordenada», de acordo com as necessidades sociais e laborais, e diferenciar quem precisa de protecção por uma perseguição política e quem foge da pobreza. Esta é a única maneira de superar a polarização do debate sobre os refugiados, afirmou ao referir-se à grave polarização que se verificou no país por causa da chegada de várias centenas de refugiados.

Depois do resultado do referendo britânico a UE dividiu-se. Os Estados membros chegaram à conclusão que o momento era pouco propício para mais avanços, que era o tempo recuar. Há quem veja uma oportunidade depois das eleições em França, na Holanda e na Alemanha e da melhoria económica. O grupo de Visegrado (Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia) opõem-se, sobretudo, às políticas de refugiados e aos projectos conjuntos. O núcleo duro está farto da colaboração da união a 28 países ser inviável, defendendo a ideia das duas velocidades para a Europa. Neste núcleo duro há pelo menos 10 ou mesmo 20 países que podem pôr em marcha iniciativas ambiciosas, seja à volta da moeda única, de uma fiscalidade europeia ou de quotas de refugiados.

Além disso, há um outro debate que divide e põe em confronto os líderes europeus. O do ritmo, da velocidade e do horizonte. A luta entre os pragmáticos e os visionários, entre os que têm um sonho e os querem mais prudência. Todos querem reformas, mas não desejam todos as mesmas e chocam-se entre si. O presidente francês, Emmanuel Macron aposta numa limpeza completa da zona euro. A chanceler alemã, agora com menos margem de manobra depois dos resultados eleitorais, não. O discurso de Macron situa-se entre o impossível e a demagogia.

O presidente da França escolheu apelar à refundação da UE, o que na nossa opinião quer dizer continuar no caminho da unipolarização global. É isto que pensamos resultar das suas tentativas de atrair os grandes bancos que estão de partida de Londres com o Brexit, com promessas de melhores infra-estruturas para a City e uma dura reforma laboral no seu país. Macron, o globalizador, não só procura fazer da cidade de Paris a sede da relocalização da grande banca global, derrotando Frankfurt como a City financeira da UE. Este objectivo implica não apenas destronar e subordinar Frankfurt mas também assumir o controlo do BCE (Banco Central Europeu) e, assim, subordinar o Conselho Europeu a um directório do BCE, formado pelos grandes bancos da globalização, de acordo com a concepção do grupo Rothschild. Mas também é claro que são estas realidades que fazem com que a UE caminhe para o multipolarismo universal, em diálogo com os BRICS e o Bispo de Roma.

A caminho dos 16 anos no poder, para Angela Merkel a principal batalha é tentar uma coligação com os liberais, que são eurocépticos, e os federalistas verdes. Nesta situação, Macron faz tudo para ser líder da UE e assumir a representação e a batuta da diáspora globalizante londrina. No entanto, a incógnita que paira sobre o Brexit apenas levanta dúvidas às pretensões e aos planos de Macron.

O que a Primeiro-ministro Theresa May afirmou no seu esperado discurso em Florença sobre o Brexit, em 22 de Setembro, deixou lugar para todas as perguntas. Parece-nos que, por agora, as possibilidades de uma nova consulta sobre o Brexit são reduzidas. Mas é claro que o que se discute, negoceia e causa tensão é o tipo de Brexit, e as três grandes opções estão em cima da mesa – «duro, médio ou brando».

E em relação a isto, pelo volume de negócios e a magnitude dos interesses em jogo, tanto o núcleo industrial germano-francês do continente como o núcleo industrial no Reino Unido (RU) têm um opositor prioritário comum (a oligarquia financeira globalizada ainda sediada em Londres), negócios partilhados de elevado volume, que afectarão negativamente um e outro se não chegarem a um acordo sobre o Brexit que contemple os interesses de ambas as partes. Além disso, também partilham interesses com o multipolarismo da China-BRICS e com Roma. Parece, pois, que a «via Suíça» é a que melhor serve os interesses vai provocar uma medição de forças entre o RU e a UE, que continuarão em confronto até à sua resolução. Isto pode durar anos, enquanto o RU reverte a sua balança comercial graças à desvalorização da Libra. Por outro lado, a «via dura» não tem qualquer margem de manobra. Toca directamente 50% do PBI britânico e, principalmente, compromete a economia alemã. Por isso é importante ter em conta que, tanto a «frágil» vitória eleitoral de May e a sua conhecida dificuldade em formar governo, como a «vitória» de Merkel e a sua dificuldade de formar uma coligação forte para governar a Alemanha e ser peça fundamental do governo da UE, só por si, podem dar-nos uma ideia da complexidade das lutas de poder e das políticas daí resultantes.

Nem o Reino Unido nem a UE nem a China nem Roma têm interesse em abrir uma nova consulta sobre o Brexit; só a oligarquia financeira globalizada da City de Londres lhes interessa uma nova consulta, porque está debilitada e a fazer as malas para se relocalizar na City de Paris, pelo que faz todo o tipo de «movimentações golpistas» para subordinar a UE, o governo da UE, o BCE e a City de Frankfurt ao poder globalizador da City de Paris e ao governo de Macron.

A União Europeia sim ou não perante o multipolarismo

Com a mudança no novo sistema monetário internacional à vista, o único caminho para a UE ter futuro, na nossa opinião, é ir avançando a partir de 2018 com a sua integração no mundo multipolar, com o acoplamento do euro ao sistema monetário multipolar. Isto é facilitado precisamente pela política do presidente Trump «América First», que não aposta no Tratado Transatlântico (TTP) nem no financiamento com fundos americanos da presença da NATO globalizada na Europa.

Foi a partir desta situação criada pela presidência de Trump que a Fundação Konrad Adenauer (agência do Partido CDU) reclamou nada menos que a elaboração de um novo conceito estratégico para esta aliança militar ocidental. Na sua opinião, os Estados Unidos não estão actualmente a assumir o seu tradicional papel de «dono» da NATO ou pelo menos não o fazem de forma confiável. Patrick Keller, coordenador da Fundação Adenauer para a política externa e de segurança, recomenda que a Alemanha utilize a legitimidade política conquistada com a assunção de responsabilidades adicionais, para modelar o futuro da NATO sobretudo em operações da União Europeia e com carácter global. Conhecendo como a NATO pró-globalização actuou com o ISIS/EI, sobretudo no plano da migração forçada desde o Médio Oriente sobre a integridade da UE, com as plataformas globais de comunicação a alimentarem o eurocepticismo em geral e os nacionalismos locais em particular. Finalmente, o projecto exige uma liderança decidida por parte da Alemanha, afirma.

Ao libertar-se da tutela dos EUA-NATO abre-se um espaço de possibilidades para trabalhar a ancoragem política das instituições comuns, que permita à UE a adopção de fortes medidas como, por exemplo, a criação de uma Defesa Comum [N.do T: Já está criada a Estrutura de Defesa e Cooperação (PESCO, na sua sigla inglesa)] bem como a integração do novo sistema monetário, no qual as diferentes moedas podem estar vinculadas ao ouro e não já ao dólar. Apesar de tudo isto, a UE ainda se fecha demasiado dentro das suas fronteiras e está focada na reforma pós-Brexit.

A UE tem tudo o que precisa para ter um lugar sentado na mesa do mundo multipolar proposto pela China. Como sugeriram já todos os factos com os quais se construiu o presente apoiando a UE face às movimentações globalizantes desestabilizadoras, bem como o esforço feito para impor as ideias dos BRICS, o mundo que a China deseja inaugurar não é chinês, mas multipolar. O sistema monetário internacional estabilizado que os chineses apresentam com a chegada do petro-yuan-ouro é um sistema multimonetário, onde as diferentes moedas estarão ligadas ao ouro e não mais ao dólar.

A UE, com o euro – uma moeda que nasce em 1999 para reafirmar a identidade da UE e, por isso, em concorrência com o dólar – deveria ter jogado um papel mais activo no processo chinês, que vai abrir novas perspectivas a um euro independente, já que hoje foi reduzida a uma simples moeda de reserva e funciona como um dos pilares do sistema do dólar, tal como o yen ou a Libra esterlina. Também é certo que já se vislumbram algumas alterações a favor de uma maior aproximação ao novo sistema monetário internacional multipolar. A última cimeira UE-China deu lugar à assinatura de um memorando de entendimento entre o Fundo Europeu de Investimentos e o Fundo Chinês da Rota da Seda. Em 2016, a Europa superou os EUA como destino das aquisições chinesas por mar. Do comboio da Rota da Seda faz parte a empresa alemã. No Deutsche Bank soma-se o apoio do banco chinês HNA como accionista de referência, para que aquele banco possa sair da situação de crise por falta de apoio. Mas o mais importante de tudo foi em 13 de Junho de 2017 o BCE ter introduzido pela primeira vez o renminbi (yuan) na sua reserva de moedas de câmbio. As portas estão abertas para a decisão política.

Fim das sanções à Rússia, passo decisivo para o multipolarismo

Um requisito indispensável para uma maior integração europeia no mundo multipolar é acabar com as sanções à Rússia, impostas pelas forças da globalização (NATO principalmente) que tiveram como objectivo evitar que a Europa continuasse o seu caminho para Este. Há pouca informação disponível na generalidade dos media ocidentais sobre o processo de desintegração do Ocidente, particularmente nos media europeus. A crise euro-russa que rebentou em 2014, a chamada a «crise sistémica do Ocidente», é para nós uma crise do unipolarismo financeiro, como modo e carácter do poder, que se inicia com a crise de 2008.

Com a chegada de Trump à presidência dos EUA torna-se possível e palpável o processo de diferenciação entre a Europa e os EUA, pela própria crise que se aprofunda e desenvolve entre o unipolarismo global (establishment democrata) e o unipolarismo continental (establishment republicano) nos EUA, o que deixa mais espaço político à UE para apostar no multipolarismo (e também à Coroa Britânica), o que levou a um maior aprofundamento da crise tanto do unilateralismo global como do unilateralismo continental, isto é, a um processo de desintegração do Ocidente.

Para não ficar fechada numa jogada dos establishment no parlamento dos EUA, a União Europeia é obrigada a procurar uma boa desculpa e caminhar para deixar de adoptar mais sanções. A iniciativa de Vladimir Putin de enviar capacetes azuis para Donbás [Ucrânia] pode converter-se no primeiro passo para levantar as sanções à Rússia, informou o ministro das Relações Exteriores alemão, Gabriel Sigmar, à imprensa alemã. O ministro considera que a Europa devia aproveitar a desculpa de deixar de impor sanções à Rússia. Vadim Kolesnichenko, presidente do Conselho Internacional da Organização de Compatriotas Russos, está convencido que a iniciativa de enviar uma missão de paz para Donbás é a ocasião que a UE procurava, é a forma de se demarcar das sanções dos EUA à Rússia, pois essas sanções prejudicaram mais a economia da UE em geral, e da Alemanha em particular, do que a Rússia.

Em 5 de Setembro, Vladimir Putin fez chegar ao presidente do Conselho de Segurança da ONU um projecto que poderá ser a desculpa procurada. O projecto contempla o estabelecimento de uma missão de paz para zelar pela segurança dos observadores da OSCE no sudeste da Ucrânia. A Rússia defende o desenvolvimento das Forças da Paz da ONU unicamente ao longo da linha que separa as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e de Lugansk, apenas com o acordo prévio dos seus representantes políticos. Agora que Angela Merkel foi eleita como chanceler do país mais influente da UE, o que lhe permite romper o cerco que lhe tinham montado a NATO e os establishments norte-americanos, a Alemanha já pode avançar e tornar efectiva nos próximos tempos a integração da União Europeia no mundo multipolar.

Com isso, a correlação de forças a nível mundial a favor de um mundo multipolar seria tal que acabaria definitivamente qualquer projecto unipolar financeiro, seja ele global ou continental. Mais, a integração da UE no mundo multipolar, inclusive, pode abrir caminho a Trump para optar também pela integração dos EUA na multipolaridade.

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– Geopolítica de la Crisis Económica Mundial, Wim Dierckxsens y Walter Formento, Fabro, 2016.

1. La Bolsa de Hong Kong (en inglés: Hong Kong Stock Exchange: es la bolsa de valores de Hong Kong. Tiene una capitalización de 10.000.000 millones de dólares de Hong Kong (1.300.000 millones de dólares USD). Es la quinta de las ocho bolsas más importantes del mundo.

https://www.universidaddebolsa.com/blog/bolsas-de-valores-mas-grandes-del-mundo
2. O que é um bullion bank? Os bullion Banks são aqueles bancos de investimento que atuam investidores por grosso de ouro. Todos os bullion Banks são membros da London Bullion Market Association. Quando um banco central empresta ou vende ouro a localizaçao física dos lingotes não tem que mudar. Os bullion banks, bancos de compensação, procedem às transacções financeiras e a transferência de propriedade é feita nos registos do depositário.

No seu último artigo, o conhecido analista e investidor Jim Sinclair explica: «Há que observaque os bancos centrais da actualidade já estão a cooperar ou a proteger as suas reservas de ouro. Avizinha-se uma alteração do sistema monetário e haverá necessidade ter activos positivos no balanço do banco central, particularmente nos EUA.» <https://www.oroyfinanzas.com/2012/10/precio-oro-cotizacion-margenes-bullion-banks/>

3. Paul Craig Roberts, «Não há mais ouro na Reserva Federal» RT, 29 junho 2014; Koos Jansen, Renminbi Internationalization And China’s Gold Strategy, bullionstar.com, 6 de diciembre de 2015. A crise financeira global, unipolarismo e multipolarismo, é Nacional e Popular, por Wim Dierckxsens y Walter Formento | Publicado: 30 de janeiro de 2016.

La crisis financiera global, Unipolarismo y Multipolarismo, es Nacional y Popular


4. Que corresponde ao facto concreto de a PBI – Paridade da economia mundial em 2015 – ser formada a partir de e ter como áreas principais as economias emergentes, com centro na Ásia Pacífico e na China especificamente.

5. A China ultrapassou o Japão como principal detentor de títulos do Tesouro estado-unidense, situação que atribui ao seu comércio com o país. 16 de Agosto de 2017. http://expansion.mx/economia/2017/08/16/china-rebasa-a-japon-como-principal-tenedor-de-bonos-del-tesoro-estadounidense .

Os 10 países com mais Títulos do Tesouro dos EUA,
http://www.cartafinanciera.com/tendencia-actual/los-10-paises-con-mas-bonos-del-tesoro-de-los-eeuu
6. Recordamos que esta foi a linha seguida por Marine Le Pen em França.

Nacionalismo vs Globalismo y el fascismo del siglo XXI, Wim Dierckxsens, Walter Formento, 05/05/2017.https://www.alainet.org/es/articulo/185267
7. O Brexit e o Reino Unido, Continentalismo vs Globalismo. Walter Formento, Wim Dierckxsens, Leonel del Negro. Em publicação CIEPE, 25/10/2017.

8. El Brexit y la City de Londres: Unipolarismo vs Multipolarismo. Walter Formento, Wim Dierckxsens, Julián Bilmes. ALAINET, 25/08/2017.

https://www.alainet.org/es/articulo/187632

*Wim Dierckxsens, economista Walter Formento, sociólogo

Este texto foi publicado em: http://mariwim.info/?p=73

Tradução de José Paulo Gascão

https://www.odiario.info/um-novo-sistema-monetario-internacional/