Argentina: Milhares nas ruas contra Milei

Créditos Ayelen Césare / tiempoar.com.ar

Um mar de gente nas ruas de Buenos Aires contra a reforma trabalhista de Milei

ABRILABRIL

 

Sob intenso calor, uma multidão juntou-se nesta última quinta-feira (18/12) à tarde no centro de Buenos Aires para dizer «não» ao projeto de reforma trabalhista proposto por Javier Milei, que o executivo queria ver debatido de forma urgente até ao fim do ano, mas que só o será em 10 de fevereiro.

Foi gigantesca a resposta ao apelo de mobilização por parte da Confederação Geral do Trabalho da República Argentina (CGT) e das duas centrais dos trabalhadores da Argentina (CTA e CTA Autónoma), com envolvimento de outras organizações sindicais, movimentos sociais e organizações de base.

Mesmo com diversas organizações denunciando que os policiais impediam a chegada de manifestantes à mobilização, retendo-os nas vias públicas, e que se tratava de «uma provocação» e de «uma manobra do governo», o aluvião em defesa do trabalho foi crescendo pelas diagonais portenhas, até se fixar na Praça de Maio.

Com cartazes e faixas afirmando a defesa do «modelo sindical», da contratação coletiva, da educação e da saúde públicas, a praça e as avenidas circundantes foram se enchendo bem antes das intervenções dos dirigentes sindicais, por volta das 15h locais.

CGT anuncia plano de luta e possibilidade de greve geral
Até há algumas semanas, a CGT assumiu um posicionamento – muito criticado por outras organizações sindicais – de tentar negociar com o governo alguns pontos constantes do projeto de reforma.

No entanto, revela o Tiempo Argentino, na versão definitiva do texto a ser debatido, o governo não fez qualquer tipo de concessão – mantendo os ataques às conquistas dos trabalhadores e das trabalhadoras, à atividade sindical e ao direito à greve no invólucro da «modernização laboral».

No palco, Octavio Argüello, um dos secretários-gerais da CGT, falou do «não claro» dos trabalhadores e trabalhadoras a esta reforma laboral promovida pelo governo de Milei, advertindo que, se as reivindicações destes não forem respeitadas, a CGT avançará com um plano de luta e uma greve geral.

Por seu lado, Cristian Jerónimo disse que «a reforma trabalhista foi redigida pelas grandes empresas» e que a central sindical vai defender os direitos da classe trabalhadora sem ceder um milímetro a este governo.

Jorge Sola, igualmente dirigente da CGT, também se referiu à possibilidade de uma greve geral caso o governo de Milei continue a não ouvir os trabalhadores e as trabalhadoras.

Principal orador na Praça de Maio, Sola denunciou que o governo «abusa da palavra “liberdade” e só oferece mais grilhões» e alertou para a destruição do tecido social há dois anos. «Uma empresa fecha a cada hora, e nós nos opomos a isso», disse.

O dirigente sindical frisou que «não há liberdade sem justiça social» e que a CGT vai se contrapor a cada um dos pontos da reforma.

«Querem legalizar as demissões e financiá-las com o dinheiro dos pensionistas. Querem limitar o direito à liberdade de expressão, e é por isso que estão atacando o direito de greve. Querem enfraquecer a estrutura sindical», alertou.