É hora de nos levantarmos pela Palestina!

Nota Política do PCB

O Partido Comunista Brasileiro tem acompanhado, com um profundo sentimento de preocupação e indignação, a notícia do sequestro de diversas embarcações da Flotilha Global Sumud pelas forças de ocupação do Estado de Israel. Entre essas embarcações, como a Alma e a Sirius, há a presença de cidadãos brasileiros, a exemplo de Thiago Ávila, Miguel Viveiros de Castro e Luizianne Lins – esta última deputada federal pelo PT-CE.

A Flotilha Global Sumud exprime o espírito de solidariedade internacionalista ao consistir numa tentativa de romper o cerco sionista à Faixa de Gaza para levar ajuda humanitária e prestar solidariedade ao povo palestino, que sofre um verdadeiro Holocausto perpetrado pelo Estado de Israel, com apoio do imperialismo estadunidense. Dentre os mais de 65.000 mártires relatados pelo Ministério da Saúde de Gaza nos últimos 23 meses, mais de 400 são mortes relacionadas com a fome; destas, mais de um terço são de crianças. Até mesmo um porta-voz da Comissão Europeia, a quem não se cogita atribuir qualquer contraposição ao sionismo, admite que quase 600 mil palestinos sofrem de fome em Gaza. Esses dados sobre a fome servem para confirmar o caráter urgente da necessidade de prestação de ajuda humanitária ao povo palestino em Gaza.

Ainda sobre a questão da ajuda humanitária, vale ressaltar que o Estado de Israel tem utilizado em seu duplo benefício a única fundação permitida pela própria entidade sionista a atuar em Gaza, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, sigla em inglês). Em primeiro lugar, porque, ao levar o nome de “fundação humanitária”, a GHF coloca sobre o Estado de Israel um véu humano que não lhe cabe, para tentar afastar as críticas à violência da ocupação e do genocídio. Em segundo lugar, porque a própria GHF é utilizada como uma arma contra o povo palestino na Faixa de Gaza: centenas de pessoas foram metralhadas ou pisoteadas nas filas, famintas e à espera de comida, sem contar as milhares de vítimas por esse “monopólio” de Israel sobre a prestação dessa suposta ajuda humanitária. As vítimas da fome, no caso do povo palestino, são vítimas de um projeto maior de extermínio de um povo.

É, portanto, evidente a importância da Flotilha Global Sumud do ponto de vista da solidariedade internacionalista. Por outro lado, era previsível a interceptação ou, em melhores termos, o sequestro da Flotilha, uma vez considerada a tendência do Estado de Israel de optar não pelas vias diplomáticas, mas pelos meios militares. Não foi à toa a preparação dos membros da Flotilha ao gravarem vídeos antes de sua partida, que seriam enviados em caso de sequestro.

Porém, para além da preocupação com a situação das embarcações sequestradas, é estranha a situação de um dos participantes brasileiros da Flotilha, Miguel Viveiros de Castro, cujo paradeiro é desconhecido. De acordo com uma nota divulgada com muita preocupação por sua família, “Se fossem presos, os tripulantes deveriam jogar os celulares ao mar e imediatamente um vídeo seria disparado. […] No caso de Miguel, não temos nada disso. Nenhum vídeo. Nenhum sinal.”

Prestamos aqui nossa solidariedade à família de Miguel e desejamos que o seu paradeiro seja revelado com a maior brevidade e o melhor desfecho possíveis.

Está devidamente demonstrado que confrontar o perigo da entidade sionista tinha um propósito a mais que a urgente prestação de ajuda humanitária: pressionar os governos dos países a romper relações com o Estado de Israel. É vergonhoso que qualquer governo que se pretenda democrático mantenha relações com um Estado que promove o colonialismo, o apartheid e o genocídio – e essa crítica se estende ao governo Lula.

No caso do Brasil, o governo Lula manifesta oposição ao genocídio palestino de maneira verbal. Endossou o processo da África do Sul de genocídio contra o Estado de Israel no Tribunal Penal Internacional, por exemplo. Não obstante, o Brasil mantém seus vínculos diplomáticos (no caso da manutenção de sua Embaixada em Tel Aviv) e econômicos (no caso da venda de combustíveis ou aquisição de armamentos israelenses) com um Estado que o próprio presidente reconhece como genocida. Para aumentar a gravidade do problema, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, manifestou o apoio do governo Lula ao plano de “paz” proposto por Trump para a Faixa de Gaza.

Entre os vinte termos do plano de Trump, que em seu conjunto não trazem paz alguma para o povo palestino, cabe destacar o governo de transição que substituirá o Hamas no enclave e será composto pelo ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, um agente do sionismo. A posição do governo Lula, nesse sentido, contrasta com a posição de outros líderes como o presidente colombiano Gustavo Petro, que expulsou os diplomatas israelenses de seu país após o sequestro da Flotilha; ou do presidente espanhol Pedro Sánchez, que há semanas anunciou um pacote de sanções ao Estado de Israel; entre outros. A posição do governo Lula, frisamos, não contempla o espírito de solidariedade ao povo palestino, mas é cúmplice do sionismo e subserviente ao imperialismo estadunidense – como já o foi em outras ocasiões.

Em suma, a opinião pública internacional contra o Estado de Israel tem crescido, mas somente opiniões não fazem efeito. Lula critica o genocídio publicamente, mas o Brasil mantém embaixada em Tel Aviv, continua realizando negócios com o sionismo e aceita o plano vergonhoso de Trump para a Palestina. Enquanto isso, o genocídio segue em curso na Faixa de Gaza e as ocupações ilegais avançam na Cisjordânia. É necessário ir às ruas para pressionar o governo Lula não só pela libertação de todos os brasileiros reféns na Flotilha Global Sumud, como também pelo rompimento de todas as relações brasileiras com o Estado de Israel.

. Basta de massacres e de genocídio!
. Pela imediata libertação da tripulação da Flotilha Global Sumud sequestrada por Israel!
. Pelo rompimento relações diplomáticas, comerciais, científicas e militares com o Estado sionista de Israel!
. Toda solidariedade ao povo palestino!
. Palestina Livre do Rio ao Mar!

Brasil, Outubro de 2025

SECRETARIA DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL
COMISSÃO POLÍTICA NACIONAL
PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – PCB