Colômbia: o derramamento de sangue tem que parar!
Devido aos recentes assassinatos de líderes sociais na Colômbia, um grupo de pessoas fez um plantão no centro de Bogotá no dia 31 de janeiro. Ali, distintas pessoas e organizações sociais exigiram justiça contra os 24 assassinatos cometidos neste mês e cobraram garantias institucionais para aqueles que continuam defendendo os direitos de suas comunidades e territórios no país.
A atividade foi convocada no dia 27 de janeiro, logo depois que se conheceu publicamente o assassinato de Temístocles Machado, líder social de Buenaventura. Os manifestantes gritaram e acenderam velas por todas aquelas pessoas que, lutando por uma vida digna e pela Paz de suas comunidades, têm sido assassinadas.
Deissy Perilla, presente ao ato, declarou que há um padrão evidente nesta matança sistemática de líderes sociais. “Nos lugares em que ocorrem os assassinatos não contam com a presença do Estado, apesar de serem territórios chaves para os Acordos de Paz”, afirmou. É uma contradição terrível que vivem as comunidades como a de Buenventura, onde a guerra tem flagelado permanentemente suas vidas.
Segundo a Defensoria do Povo, a organização Somos Defensores, a Comissão Nacional de Direitos Humanos do movimento político Marcha Patriótica e a Comissão Intereclesial de Justiça e Paz,no primeiro mês deste ano, foram assassinados 24 líderes sociais. Os Departamentos com o maior índice de assassinatos foram Arauca (5) e Antioquia (4). Ainda que os autores da maioria (17) destes crimes sejam desconhecidos, as comunidades os vinculam às Forças Militares em cinco deles e a uma dissidência do ex-grupo insurgente Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia -FARC-, em outro.
Para Aiden Salgado, ativista palenquero (afrocolombiano), “os adeptos da violência não estão de acordo com os resultados da negociação entre as FARC e o Governo nestes territórios e promovem atentados contra as pessoas que lideram processos de substituição de cultivos, de restituição de terras e inclusão da mesma implementação dos Acordos”.
Segundo Salgado, o Estado tem que se fazer presente não apenas por meio militar, mas também política e economicamente, implementando projetos produtivos que garantam condições de vida digna; desta maneira se fecharia a porta aos grupos que hoje ocupam lugares antes controlados pela insurgência -FARC- e que se caracterizam pela confluência de populações indígenas, afro e abundantes recursos mineiroenergéticos.
Têm sido os paramilitares, os setores políticos tradicionais e empresariais aqueles que têm demonstrado sua repulsa a quem levanta a voz contra a desigualdade. Neste sentido, o assassinato sistemático de líderes sociais na Colômbia é responsabilidade de um Estado que carece de legitimidade nas diferentes regiões do país e que tem sido cúmplice dos grupos que manifestam seu interesse por continuar a guerra contra as comunidades que resistem nos territórios.
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