CORRIGIR OS ERROS, FORTALECER A UNIDADE

O pleno do CC do PCC saúda a militância, partidária e juvenil, os candidatos(as), aliados(as), amigos(as), aos compatriotas que apoiaram nossas propostas na campanha eleitoral culminada em 30 de outubro; a todos(as) os(as) que lutam pela unidade do povo para construir um novo país; e lhes  convida a compartilhar o diálogo e o intercâmbio de ideias e iniciativas com base nas seguintes conclusões.

A crise capitalista mundial se estende e se aprofunda em todo o planeta, atingindo a milhões de seres humanos, jogando-os no desemprego e na miséria, como a fome na África e em outros continentes,  ofertando à juventude apenas a desesperança e a falta de futuro. Por sua vez, após a agressão e linchamento na Líbia, os Estados Unidos e a OTAN promovem ameaças guerreiristas contra a Síria, Irã e a RDPC. A fase de resistência e de protesto se manifestou nas mobilizações e explosões sociais, obreiras e juvenis na Europa e está na base das chamadas revoluções árabes.

Muitos destes enfrentamentos de classe não produziram, por agora, mudanças avançadas nem impediram a reprodução de governos de direita. Na América Latina os governos progressistas lograram sua permanência, mesmo com contradições internas e sem dar passos a transformações  Sem embargo, há um novo governo no Peru, Cristina Fernández foi reeleita na Argentina e o sandinismo conseguiu um período adicional na Nicarágua, o que mostra que a tendência às mudanças democráticas não puderam ser contra-atacadas pela direita e nem pelo imperialismo.

O mapa real da luta de classes no país mostra o crescimento da inconformidade, do protesto e a dinâmica das mobilizações. Em destaque o processo dos estudantes que alcançou um triunfo importante contra a mercantilização da educação. O movimento real, que inclui todas as formas de resistência, emana ainda dispersão, falta de suficiente coordenação, despolitização e diversidade de enfoques. O ritmo dos acontecimentos e das lutas desborda os frágeis avanços unitários de seus destacamentos mais dinâmicos e a capacidade diretiva da CUT. Sem embargo, a perspectiva indica que as lutas sociais vão prosseguir em amplitude e intensidade.

Nas recentes eleições locais, o PÓLO, única força opositora com expressão eleitoral, sofreu um retrocesso de seus êxitos anteriores, entre outros fatores, por sua desconexão dos processos de emergência popular. Os resultados eleitorais adversos, em Bogotá e outros lugares, não representam o fim da esquerda nem podem ser obstáculo para a continuidade das tarefas. Extraímos autocriticamente as lições que se impõem para o presente e o futuro. Saudamos em especial a eleição de prefeitos, vereadores e deputados em Caquetá, Arauca, Caldas, Amazonas e Antioquia.

O regime político tenta recuperar a hegemonia seriamente questionada pela crise com a intenção mais ou menos exitosa de legitimar a chamada democracia governamental. Contou com o respaldo dos Estados Unidos na aprovação pelo Congresso yanqui do TLC (Tratado de Livre Comércio) e a prolongação do Plano Colômbia, a abertura total a investimentos estrangeiros (IE) e o saque dos minerais energéticos do país, as política de cooptação dos movimentos sociais e dos defensores dos Direitos Humanos, a militarização frente aos protestos dos trabalhadores contra as empresas transnacionais (ETN), as detenções e outros modos de repressão. Os pacotes legislativos aprovados ou em debate e novas agências do aparato estatal reforçam o autoritarismo e as concessões ao militarismo. O narco-paramilitarismo segue de pé, o que contradiz a afirmação de que Santos “lavou a cara do regime”.

O arcabouço institucional guarda relação com a necessidade de Santos por destruir em breve prazo as forças revolucionárias ante o temor de uma agudização da crise nacional. Neste sentido devemos analisar a escalada da guerra e a prioridade da solução militar sob a forma da decapitação seletiva da insurgência para fechar estrategicamente as possibilidades de uma solução política negociada. O assassinato de Alfonso Cano, cuja estatura revolucionária silencia a imagem criminosa orquestrada pelo governo, é uma severa e veemente negação à solução política. Justamente por isso, a luta pela paz cobra uma renovada e transcendental importância, que pode definir o curso das saídas à crise. O novo é que a intervenção da luta popular de massas pode se constituir no fator dinâmico decisivo até a solução política, se avançar positivamente o processo de unidade e a maior coordenação do conjunto dos movimentos sociais e a oposição democrática. Não se pode separar o mapa da luta social em ascensão do mapa da paz democrática com justiça social.

Consequentemente, se faz muito mais urgente a reestruturação orgânica, a reorientação como projeto e a ampliação do PÓLO como parte do processo de superação de sua crise. A experiência da unidade ensina que se requer uma identidade de objetivos, de métodos democráticos e de convivência de projetos afins para as transformações sociais e políticas. A esquerda não pode ser  estribo para que outros cavalguem em função de interesses corruptos. Ademais, as propostas da esquerda não são incompatíveis com a unidade mais ampla, o respeito à diversidade e o rechaço ao sectarismo.

O PaCoCol pensa que o debate da crise deve ser com a base do PÓLO em todos os níveis (local, municipal, de comunas ou localidades). Propomos um seminário ideológico sobre temas centrais:  o programa e seu compromisso com a luta pela paz como parte inseparável da luta pela democracia; a vinculação com os processos populares e movimento de vítimas, o papel das regiões, o exame crítico e autocrítico das experiências parlamentares e do governo.

O 3º Congresso Nacional é a oportunidade de iniciativas para a ação unitária, a solidariedade com as lutas em curso, o chamado à juventude, às mulheres, aos trabalhadores e às regiões para atuar em conjunto na perspectiva do governo democrático que a Colômbia requer.

O pleno aprovou a convocatória do XXI Congresso do PaCoCol. Além do programa e dos estatutos, teremos que abordar profundamente temas como a organização, o crescimento, a relação com as massas, as escolas e a formação, a identidade comunista, as experiências da unidade e as tarefas para materializar sua missão política e seus objetivos de maior alcance. A preparação do congresso se inscreve na batalha de ideias em prol da paz, do socialismo, da solidariedade internacionalista e dos valores éticos da luta revolucionária. Expressa, com fraternidade e espírito partidário a saudação e a convicção pelo êxito do XIV Congresso da Juventude Comunista a celebrar-se em Bogotá de 09 a 11 de dezembro.

Com todos os setores da esquerda, com o PÓLO, com as organizações e processos reunidos na Grande Coalização Democrática e o Comosocol, chamamos todos a potencializar o protesto unitário, as mobilizações de massas e a preparação da Greve Cívica Nacional.

Bogotá, novembro de 2011

PARTIDO COMUNISTA COLOMBIANO

COMITÊ CENTRAL

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