Carta de Jesús Santrich denuncia ameaças a sua vida
Eu, Seuxis Paucias Hernández Solarte (Jesús Santrich) lhes manifesto minha preocupação a respeito do que tomei conhecimento sobre graves situações que atentam contra a minha vida, integridade e liberdade, urdidas pelos inimigos da paz. Tenho sido informado por fonte confiável de que a meu respeito existem planos e determinações em três sentidos:
1º – Evitar minha liberdade, mesmo que isso implique na fabricação de novas montagens, com novas incriminações e obstruções ao devido processo. Tenho notícia de que os mesmos determinadores do recente escândalo contra a JEP (Jurisdição Especial para a Paz), em dias anteriores desenvolveram ações com o fim de simular um plano de minha fuga da prisão de Picota.
2º – Realizar uma extradição arbitrária independentemente das decisões da JEP. Isto coincide com as virulentas declarações exigindo minha extradição por parte da Vice Presidenta e de outros destacados dirigentes do Partido do Governo. Contribui para a trama o “pequeno golpe de Estado” do Presidente Duque contra a Corte Constitucional e contra a JEP, pelo que se percebe.
3º – Minha eliminação física, seja no cárcere ou fora dele, tal como ocorreu no caso Pizano. Além de tudo isto, me inquietou ainda mais o documento que recebi da Procuradoria Geral da Nação, que fala de uma grave situação de risco a respeito da minha pessoa, porém, negando-se a me conceder informações sobre o assunto.
Por tudo o que foi dito, tomei, então, a decisão de não mais receber alimentos preparados e entregues pela penitenciária na qual me encontro recluso em cela de isolamento (solitária). Em consequência do exposto, solicito respeitosamente da Segunda Missão da ONU gestão, junto aos organismos humanitários correspondentes, que me sejam ministrados alimentos enlatados ou selados com garantia de que não tenham sido manipulados por pessoas além de mim.
Alerto sobre estes planos e solicito reunião urgente com os senhores a fim de analisar integralmente os riscos e tratar de impedir que se concretizem mais golpes à já maltratada implementação do Acordo de Paz.
Com respeito, sentimento de gratidão e persistente esperança pela paz com justiça social.
Jesús Santrich.”