Santos se satisfaz com o sangue do povo colombiano, não com a paz
Com arrogância bélica, o presidente Juan Manuel Santos desprezou a proposta do Exército de LibertaçãoNacional, o ELN, de contemplar um cessar fogo bilateral nos marcos de uma mesa de diálogos para buscar uma possível solução do conflito pela via política.
Desta maneira, o Presidente continua arrebatando do povo colombiano o direito constitucional de viver em paz, estipulado no Artigo 22 da Carta Magna. “A paz é um direito e um dever de obrigatório cumprimento”, diz no mencionado Artigo que Santos teima em ignorar.
“Não nos interessam tréguas; nos interessa o fim definitivo do conflito. O Governo Nacional não está interessado em cessar fogo, nem os circos públicos temporais”, afirmou Santos.
Para o Presidente e a classe guerreirista que veem a guerra nas telas desde suas luxuosas poltronas, não lhes satisfaz senão o sangue dos colombianos. Para eles, qualquer referência sobre possíveis saídascivilizadas à guerra genocida imposta ao povo é um “circo”.
Quase simultaneamente ao pronunciamento do Presidente, no norte do Cauca o Exército recolhia os cadáveres de pelo menos três mortos de suas fileiras, enquanto outros 11 ficaram gravemente feridos nos enfrentamentos com a guerrilha.
Da parte da insurgência não se sabia se havia mortos ou feridos. Tanto os soldados como os guerrilheiros são filhos do povo, e tem o direito a ter um destino diferente do que traçou a oligarquia nacional e estrangeira que detém o poder no país.
De igual maneira, como consequência dos enfrentamentos mencionados, 130 crianças e 132 adultos tiveram que deixar seus pertences e fugir da zona para salvaguardar suas vidas.
Segundo uma investigação da Corporação Arco-Íris, recentemente divulgada, estes fatos são cotidianos em muitas regiões do país. A pesquisa pode documentar que, nos últimos três anos, foram mortos ou feridospelo menos 6.400 membros das forças militares, sendo que 2.235 ocorreram no ano passado.
Deve-se somar ainda os cerca de 60.000 pesos que a guerra consume todos os dias. Sem embargo, estas horrorosas estatísticas parecem ser as que satisfazem ao Presidente e à oligarquia que ele representa. E o que não coaduna com a barbárie é um “circo”.
“Continuar a luta contra o terrorismo, o crime e a violência, com tudo o que esteja ao nosso alcance, esse é o nosso dever. Para recuperar até o último centímetro do território nacional, e não só com nossas Forças Militares e nossa Polícia, senão com todo o Estado em seu conjunto”, disse Santos. E com essa posição o país leva mais de meio século dessangrando.
Corfisocial Samuel Barinas Varela
Tradução: Daniel Oliveira (PCB – Partido Comunista Brasileiro)