Colômbia: Ampliar as bases da unidade para a mudança democrática
O regime uribista cavalgou sobre um ambiente econômico externo favorável, mas essa circunstância não existe mais. No final do seu segundo mandato, as medidas governamentais mostram sua brutal índole de classe, favorecendo, subsidiando ou isentando de impostos os mais ricos e as multinacionais. Está sendo preparado um pacote de medidas trabalhistas, previdenciárias e na área de saúde que favorecerão o desemprego, a instabilidade no setor trabalhista, a informalidade, o desrespeito aos direitos trabalhistas, o empobrecimento dos núcleos familiares, a evasão escolar e a desesperança da juventude.
Neste contexto, o imperialismo deu um passo a mais na América Latina depois do seu claro envolvimento no golpe de estado contra o presidente legítimo de Honduras. Impôs à Colômbia as condições de um vergonhoso convênio de cooperação militar de caráter ilegal, configurado na utilização de sete bases militares, cinco aéreas e duas navais, que converte o território nacional em uma plataforma da política intervencionista do Pentágono e do Estado, num apêndice de suas provocações diante dos países irmãos do continente, em particular contra o processo de mudanças que avança na Venezuela. O governo de Uribe traiu a soberania e agravou a desconfiança, a provocação e a tentativa de se fazer dois povos irmãos se enfrentarem. Washington tentou se justificar ao acusar a Venezuela de cumplicidade com o terrorismo e o narcotráfico, no marco de uma estratégia de guerra preventiva, rejeitada por todo o continente.
Os comunistas e internacionalistas conseqüentes reafirmam o caminho da amizade e da solidariedade bolivarianas, chamam para unir todos os esforços dos povos e governos latino-americanos para expulsar a presença ianque das bases destinadas à defesa da soberania; para rejeitar a IV Frota em águas continentais; para alcançar a paz sem interferência dos Estados Unidos; para consolidar a cooperação e a convivência pacífica entre os povos e seu pleno direito de adotar o regime social e político que livremente decidam.
O regime uribista se consolidou como o da pior corrupção e desrespeito à legalidade. A repressão, legal e ilegal, se mostrou em sua escandalosa realidade nas denúncias sobre a espionagem do DAS, os vínculos dos aparelhos de segurança com o paramilitarismo, os assassinatos de sindicalistas, as ameaças nos bairros e nas universidades, a perseguição aos defensores dos direitos humanos, a persistência dos crimes de Estado, e paralelamente a isso a impunidade que ampara as altas autoridades. Aumentam o número de presos de consciência nas prisões, as violações dos direitos humanos, os bombardeios sobre a população civil e a negligência do direito internacional humanitário, o que torna mais urgente a solução política e o diálogo para o intercâmbio humanitário.
Uribe se agarra à reeleição pela via do referendo, amplamente deslegitimado pelas investigações judiciais e as maquinações fraudulentas, tentando passar por cima da Constituição e da lei. De fato, sucessivas contra-reformas constitucionais foram recortando ainda mais a Carta e a atuação ditatorial criou choques com a Corte Suprema de Justiça. Ao renunciar a continuar governando como antes e configurar um regime arbitrário de contenção social, contrário às mudanças democráticas necessárias, as classes dominantes buscam fechar o caminho às forças populares.
A luta popular se expressou com força na Minga1 indígena, nas greves trabalhistas, nas mobilizações do magistério, dos universitários, no encontro de Cali pelo acordo humanitário e nas propostas contra as bases ianques.
A tarefa da hora é a luta social e política, que ponha no centro a campanha eleitoral para avançar rumo a um governo democrático e popular que substitua e retifique o rumo guerreirista. Seu compromisso com a solução política é inseparável das reformas essenciais, em particular a reforma agrária democrática, a ampliação dos direitos e liberdades, o respeito pelos direitos humanos, as medidas para enfrentar a crise econômica e a espoliação dos trabalhadores e seus efeitos na população. O Pólo decidiu lançar uma candidatura presidencial com o senador Gustavo Petro como candidato e deve convocar, em torno de seu programa democrático, as forças do povo e os setores políticos dispostos a se comprometer com a mudança. Entendemos a consulta com outras forças como um processo de acordos e compromissos com os interesses populares na direção da mudança democrática. O Congresso do Povo pode ser o cenário que reafirme a candidatura presidencial unitária da esquerda.
Para os comunistas é um dever trabalhar para fortalecer sua presença como força unitária do Pólo, comprometida com sua orientação de esquerda e com uma representativa ação parlamentar. Para o senado levantamos o nome de Gloria Inês Ramírez; para a câmara de Bogotá, a candidatura de Carlos Lozano; de Ever Rodríguez, na Cundinamarca, e Omar Romero, no Valle; assim como aliados em outras províncias com o compromisso do apoio a Gloria Inês Ramírez e a presidência de Gustavo Petro.
A luta por um novo país passa hoje por uma ampliação dos processos unitários, a ação conjunta de novas forças, especialmente quando o império avassala e pretende subjugar a Colômbia e os irmãos latino- americanos. O PCC convoca os colombianos (as), de todos os partidos e setores da sociedade, para construir o caminho da mudança democrática, da paz com justiça social, da solidariedade continental, para honrar os 80 anos de sua existência no marco da comemoração do Bicentenário das lutas libertadoras.
FORA BASES IANQUES DA COLÔMBIA!dvdvd VIVA O POLO DEMOCRÁTICO ALTERNATIVO!dvdvd VIVA A UNIDADE DO POVO COLOMBIANO!dvdvd
Comitê Central, Bogotá, novembro, 27 de 2009
Minga[1]: palavra quichua utilizada para referir-se a atividades de trabalho comunitário em que participam homens, mulheres e crianças.