Viva a heróica resistência armada dos sem-terra paraguaios!

O governo da centro-esquerda burguesa de Lugo está com as mãos sujas de sangue. Nesta sexta-feira, 15 de junho, sua polícia nacional assassinou 17 trabalhadores sem-terra. Mais de 300 policiais chegaram em blindados, helicópteros e armados de metralhadoras atirando nos camponeses durante uma verdadeira operação de guerra para despejá-los da fazenda Morumbi, localizada no departamento de Canindeyú na fronteira com o Paraná, um megalatifúndio de 2 mil hectares que pertence ao empresário e ex-senador Blas N. Riquelme.

Os sem-terra estavam organizados em comitês armados de auto-defesa, mas a força bélica da polícia nacional de Lugo foi descomunal. Diante das mortes dos sem-terra, Lugo saiu em solidariedade aos policiais feridos e mortos no confronto:“Manifesto meu firme apoio às forças de ordem e me solidarizo com as famílias das vítimas que perderam suas vidas durante o cumprimento de uma missão” (IG, 15/06), afirmou o presidente que logo decretou estado de exceção na região, com o envio de forças do Exército justamente para impor ainda mais a ofensiva contra os camponeses e perseguir suas lideranças.

O massacre dos trabalhadores ocorreu porque eles lutam por terras que são usadas pelo agronegócio para o cultivo da soja, a maioria grilada na época da ditadura e reivindicada para reforma agrária pelos movimentos dos sem-terra. Como o governo Lugo, apesar de toda a demagogia em torno da defesa da reforma agrária, é na verdade um fiel representante dos latifundiários, enviou sua polícia nacional para desocupar a área. Não por coincidência, a expansão do cultivo da soja, que colocou o país entre os maiores produtores do mundo, tem contribuído para expulsar os que moram e trabalham no interior do país, principalmente nas regiões próximas das grandes propriedades de soja, uma das principais fontes de receita do Paraguai ao lado da energia produzida em Itaipu. Uma grande parte desses latifúndios e agro-indústrias são controlados por empresários brasileiros que exploram os trabalhadores paraguaios e perseguem os sem-terra, conhecidos como carpeiros por morarem em tendas (carpas em espanhol).

Os camponeses estão organizados na Liga Nacional de Carperos e um setor mais radicalizado se armou para defender as terras ocupadas porque sabem que a justiça burguesa e o governo de centro-esquerda representam seus inimigos de classe. Lugo, conhecido como o “bispo dos pobres”, adepto da Teologia da Libertação, foi eleito em 2008 no lastro de profundas ilusões das massas, que o identificaram como símbolo da ruptura com mais de 60 anos de domínio do Partido Colorado, dos quais grande parte sobre as botas da ditadura militar do general Alfredo Stroessner, entre 1954 a 1989, justamente no período em que o megalatifúndio foi doado ao empresário Blas N. Riquelme, ex-senador pelo Partido Colorado. Agora, o massacre demonstrou que a política de colaboração de classes de Lugo serve para a manutenção dos latifundiários parasitas e da burguesia que mantêm o controle do poder do Estado, seja na ditadura militar seja na democracia dos ricos vigente no Paraguai.

As mais elementares demandas democráticas e nacionais, como o acesso à terra para os camponeses pobres e sem-terra são incapazes de serem solucionadas pelo governo burguês de Lugo. O exemplo do massacre de Canindeyú é uma prova de que somente os trabalhadores tomando em suas mãos estas tarefas, através de seus comitê de auto-defesa armados e rompendo com as ilusões no governo Lugo, podem vencer essa verdadeira guerra de classe, lutando pela revolução agrária para expropriar as grandes empresas agroindustriais, sem indenização, convertendo-as em propriedade coletiva sob a direção dos trabalhadores, fazendo desta tarefa parte da luta pela revolução socialista no Paraguai. Para honrar o sangue dos sem-terra que tombaram em luta no Paraguai, sigamos seu exemplo de resistência armada ao terror do latifúndio!

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