REPUDIAMOS O MASSACRE E EXIGIMOS ESCLARECIMENTOS

É um fato lamentável e preocupante o massacre em Curuguaty que custou vidas de camponeses e policiais humildes, em luta pela recuperação de terras ilegais, roubadas do Estado por Blas Riquelme.

Em primeiro lugar queremos expressar nossos sentimentos de solidariedade e de pesar com as vítimas deste conflito e com seus familiares.

Exigimos uma investigação a fundo do ocorrido para castigar os culpados de crimes contra nosso povo.

É hora de terminar já com o sistema do latifúndio, da impunidade dos usurpadores e senhores de terras em nosso país, como Blas N. Riquelme e as transnacionais de soja, que fazem e desfazem o que querem na contramão das necessidades e reivindicações do povo.

Já basta de criminalizar as lutas sociais dos camponeses que lutam pela terra. Chega de impunidade para os responsáveis dos crimes contra nosso povo trabalhador, como os Favero e outros coletores, monopolizadores de terras estatais, cuja lista com e nome sobrenome, localização das propriedades ilegais e extensão dos espólios do Estado figura documentadamente no Tomo IV do Informe Final da Comissão da Verdade e Justiça.

Agora os ruralistas, que ameaçam com impeachment e tratoraços, assim como representantes e cúmplices “sabaneros”, querem desviar a atenção, transferir a responsabilidade do ocorrido, da morte de camponeses e policiais, ao Presidente Fernando Lugo e Carlos Filizzola, requentando o projeto golpista de impeachment.

Sem negar a enorme irresponsabilidade e negligência do Governo em prevenir esta situação, não nos prestaremos a um jogo político que signifique um regresso a um passado de signos autoritários, como propõem os parlamentares.

Os culpados desta crise sangrenta são os que negam princípios elementares de justiça como a reforma agrágia, mediante a recuperação das terras ilegais, a expropriação dos latifúndios improdutivos e a distribuição gratuita de terra aos camponeses trabalhadores e índios, os quais são os verdadeiros proprietários das terras, para que as façam produzir.

Com a democratização da propriedade da terra, entre outras medidas democráticas e populares, terminará a falta de trabalho, o empobrecimento e a fome de nosso povo.

Aqui faz falta uma intervenção maior. A Constituição Nacional, sobretudo no capítulo dos direitos humanos e garantias aos interesses da maioria dos paraguaios, estabelece claramente medidas para dar soluções de fundo, entre elas a convocatória a uma Assembleia Nacional Constituinte, para que crie uma nova Carta Magna que assegure a posse do Poder pelo povo, mediante eleições livres e limpas, sem as fraudes tradicionais das ditaduras e das oligarquias que usurpam o poder e as riquezas.

Responsabilizamos o Presidente e o Ministro do Interior pela integridade da vida das famílias camponesas, que estão sendo vítimas de uma vingança policial contra os camponeses, com uma prática claramente terrorista.

Esse evento trágico faz aumentar a lista dos que morreram na luta pela terra no Paraguai.

Mantemo-nos atentos e mobilizados, unidos e dispostos a lutar contra os conspiradores reacionários e seus planos para desestabilizar as possibilidades de progresso no processo de luta por mudanças aberto em 20 de abril de 2008.

É imperativo cumprir as promessas de mudanças democráticas, patrióticas e populares.

O essencial é ganhar as ruas, praças e estradas para defender e desenvolver os direitos do povo e manter sob controle os reacionários e conspiradores da contra-reforma e da contra-revolução, funcionários e sócios de interesses mesquinhos e de potências estrangeiras.

CESSEM IMEDIATAMENTE COM A CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA SOCIAL!

POR UMA REFORMA AGRÁRIA INTEGRAL!

Partido Comunista Paraguaio

Assunção, 15 de junho de 2012

http://www.pcparaguay.org/