O conflito social e armado se soluciona pela via política: o belicismo fracassou

19-07-2012

O presidente Juan Manuel Santos, em seu discurso de posse, anunciou estar disposto a abrir diálogo para a paz. No entanto, durante estes dois anos de mandato presidencial, não fez outra coisa senão manter a estratégia da guerra. Em contraposição, nós, as organizações sociais e populares que confluem em distintas plataformas de unidade, como a Marcha Patriótica, alçamos a bandeira da solução política ao grave conflito vivido pelos colombianos. Teimosamente, Santos permite a continuidade do derramamento de sangue.

O que estamos vivendo no município de Cauca é a manifestação de uma bomba relógio, provocada pela persistência de uma política de guerra ao longo dos diferentes governos. Há anos advertimos acerca do desgaste causado pela guerra travada pelas forças militares em nosso nome, supostamente pela nossa segurança, quando é a própria política militar que nos gera maior insegurança, sendo porta de entrada para as políticas econômicas e sociais que garantem o despojo das terras de nossos camponeses, índios e negros, levando-os a engrossar as fileiras de miséria nas cidades como sem-terra.

Como em outras zonas da geografia colombiana, os setores sociais e populares de Cauca se encontram fartos de protestar e solicitar ao governo que inicie o diálogo, como grande responsável perante a Constituição Política e os tratados internacionais pela garantia do direito fundamental à paz. Diante deste clamor democrático, a resposta do mandatário são os ouvidos surdos e mais violência. Assim, de maneira legítima e amparadas pela mesma Constituição, as comunidades caucanas exigem seu direito à paz e decidem expulsar de seus territórios aqueles que provocam o confronto armado.

Mais uma vez deixamos claro que existe a tendência geral, em todo o território nacional, em adotar estas ações de paz, já que as pessoas comuns, aquelas que vivem diariamente o conflito, sabem e assumem que a responsabilidade pela paz está em nossas mãos. Para isso, é necessário caminhar para a solução política do conflito. Se o governo nacional não entende a exigência apresentada pelas comunidades locais, articuladas nacionalmente através dos movimentos sociais e populares, de um diálogo político para resolver o conflito, terá que recuar e permitir que um novo governo, popular e democrático, atenda a demanda que se estende a todos os campos populares e alternativos. Presidente Santos: sua guerra fracassou.

Aqueles que instigam a guerra o fazem a partir dos clubes, cassinos militares, palácios de governo e estúdios de gravação dos grandes meios de comunicação. Nenhum deles vai ao campo de batalha. De longe, assistem e dirigem a guerra, promovendo-a para manter seus privilégios econômicos e sociais, garantindo sua posição dominante.

Novamente, o governo nacional se equivoca ao criminalizar e reprimir estas ações de paz promovidas pelo povo. Rechaçamos e reivindicamos ao governo que assuma sua responsabilidade política e jurídica acerca dos camponeses e indígenas assassinados e feridos nas ações que ocorrem hoje no município. Se o governo ainda não se sente capaz de superar a guerra e avançar no processo de paz, exigiremos que aceite a retirada das estações e tropas militares dos centros populacionais, com a proteção da população civil e de seus bens, o que é obrigado a cumprir pela Constituição e, também, pelo Direito Internacional Humanitário.

As comunidades camponesas, indígenas e afro-colombianas de Cauca são exemplo digno de construtores da paz, como em muitos outros lugares do país. Consideramos que a paz é nosso objetivo e, portanto, somos parte integrante de sua busca.

O nível de organização e de consciência das comunidades caucanas é conhecido por toda a opinião pública. O que encontramos nesta região do país são projetos sociais e políticos construídos pela base da sociedade, onde buscam o reconhecimento étnico, social, econômico, político e cultural, que desembocam no direito concreto à paz com justiça social. Com estes projetos nos contraporemos às aspirações belicistas que, atualmente, se materializam nos planos de fortalecimento militar.

Assistimos o avanço do caminhar na palavra da Minga Social e Popular e na construção da Segunda Independência da Marcha Patriótica. Saudamos a Minga pela Paz, ressaltando que o nosso desejo de paz com justiça social nos une. É a hora da mudança, é a hora dos movimentos sociais, é a hora da unidade, de estar juntos na Minga e na Marcha pela paz e pela solução política.

Toda a Marcha Patriótica se solidariza com a resistência indígena, camponesa e negra de Cauca, em especial as resistências contra a guerra em Caloto, Miranda, Toribío, Jámbalo, Caldono e Argelia. Somos parte desta luta! Não somos alheios a Cauca, pois em Cauca também estamos em Marcha. Consideramos que não existirá paz na Colômbia sem paz em Cauca e, para isso, o “Diálogo é o Caminho”. A via da solução política é a única garantia de conquista da paz efetiva e duradoura, já que se trata de resolver os graves problemas econômicos, políticos, sociais, culturais e ambientais, que originam e dão continuidade ao conflito armado. A luta que hoje vemos em Cauca é uma luta pela paz.

Conclamamos o povo em Marcha a estar alerta e a continuar com as atividades programadas. A conjuntura decorrente da ação pela paz em Cauca aumenta nossa legitimidade, assim como os passos fortes e seguros organizativos postos em prática, como é a constituição dos Conselhos Patrióticos Municipais, no marco da comemoração do grito da independência neste 20 de julho.

Convidamos a todos e todas a levantar bandeiras e mensagens nos dias das manifestações públicas de nosso Movimento, reivindicando mais uma vez a solução política e a solidariedade efetiva com nossos irmãos caucanos.

Colocamos em Marcha nosso Coração. Seguirá em Marcha a Esperança, para alcançar em Marcha a Dignidade. Esta em Marcha a Solução Política.

Fonte: http://www.marchapatriotica.org/index.php?option=com_content&view=article&id=667

20-07-12

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)