PAZ NA COLÔMBIA: O PARTIDO COMUNISTA COLOMBIANO NA LUTA PELA PAZ

O anúncio divulgado nos meios de comunicação e ratificado pelo presidente sobre o acordo assinado em Havana, objetivando o início do diálogo entre o governo e as FARC, é um passo transcendente na busca pela paz. Ele confirma o argumento defendido pelos partidários da paz, da necessidade de conjugar fatores objetivos que fazem imperativa uma saída política, e não militar, para o conflito.

Este fato positivo não pode ocultar que se trata de um primeiro passo. A profunda incidência da guerra interna, de seus enormes custos humanos, fiscais, econômicos e ecológicos; do intervencionismo do Comando Sul em escalada e degradante da mesma, fazem prever um momento complexo e difícil, em que só a atuação do povo e sua mobilização unitária podem deter a mão do belicismo e das forças que conspiram contra a paz.

As forças democráticas possuem uma oportunidade singular de contribuir com o avanço positivo do processo que começa. Não basta que cessem os fogos. São necessárias mudanças que contribuam para reverter a deterioração das condições de vida de milhões de compatriotas, o direito à terra, à soberania alimentar, ao território, à educação, à saúde, ao emprego, à habitação. Nas condições de hoje, todos os direitos essenciais e a liberdade política se encontram cruzados pela guerra convertida em política de Estado.

É preocupante que este processo transcorra em meio aos enfrentamentos, aos bombardeios aéreos, à militarização extrema do país e à sobrevivência do paramilitarismo contrainsurgente. A tese oficial de que ‘a paz é a vitória’ dá a entender que o Estado tende a impor uma vantagem militar todo o tempo que dure a negociação.

A esquerda deve atuar de forma ativa e não ser simples espectadora nesta conjuntura. O clamor popular, as justas reclamações das vítimas pela verdade, justiça, reparação e garantias de não repetição, as resistências indígenas, campesinas, as lutas frente aos megaprojetos mineiros e energéticos, as reclamações trabalhistas pelo direito salário justo, à contratação coletiva e o direito à sindicalização exigem novos níveis da luta política e da unidade da esquerda.

O PCC faz um chamado a todos os setores da sociedade, em especial do movimento popular, a apoiar a via do diálogo, a intervenção das organizações do povo nos grupos de trabalho com a agenda social e persistir no protesto social previsto para o mês de outubro frente ao modelo econômico, o direito à saúde, à educação superior pública, gratuita e de qualidade, articulados organicamente à luta pela paz democrática. Um grande evento unitário pela paz pode levar a um cenário de convergências e dinâmicas de um amplo movimento nacional pela paz.

Partido Comunista Colombiano

Comitê Executivo

Fonte: PrensaPopularSolidaria_(PrenPoSol_PePeSe)

http://prensapopular-comunistasmiranda.blogspot.com

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)