ELEIÇÕES EM DOIS TURNOS
Adotada no Brasil desde a Constituição de 1988 e nas cidades com mais de cem mil eleitores, além dos governos estaduais e o federal, as eleições em dois turnos têm dois objetivos primordiais.
O primeiro desses objetivos é oferecer ao eleitor a oportunidade de definir seu voto no primeiro turno sem a preocupação, tão comum na política brasileira, de uma escolha do que considera o menos ruim, ou o que aparenta representar determinado campo ideológico, a despeito de divergências programáticas de propósitos fundamentais em sua essência e na prática.
Isso ocorre com freqüência no campo da esquerda. A direita é a direita em qualquer circunstância. Seja nas políticas neoliberais dos tucanos e seus adereços, ou no governo Dilma, por exemplo, em relação aos professores universitários em greve por melhores condições de trabalho.
É como um sorvete que é sempre de creme, mas muda apenas a cobertura, a ilusão do marrom glacê. A exigência legal de programas de governo é outro exemplo. O que é um programa de governo?
Entupir uma cidade de automóveis mascarando o problema da educação, o da saúde, ou repensá-los e todo o conjunto de políticas públicas que em essência são direitos do cidadão, dever do Estado?
O segundo dos objetivos é permitir, aí sim, no segundo turno, que o eleitor defina aquele que acha o melhor para gerir os destinos, seja da cidade, do estado ou do País.
São duas eleições distintas. No caso das eleições municipais a oportunidade de manifestar apoio ao programa que melhor convier àquilo que pensa o eleitor e num segundo momento escolher o que possa ser considerada a melhor alternativa. Ou a menos ruim.
O sistema político brasileiro viciado e calcado em financiamento de empresas a candidatos e a eterna divisão das chamadas forças de esquerda é que leva o PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO-, com 90 anos de história, a apresentar chapas em várias cidades de nosso País, proporcionando a perspectiva de um debate político que permita o contraponto entre uma esquerda revolucionária e uma esquerda dócil ao modelo. Uma esquerda revolucionária e uma direita, que é o próprio modelo político e econômico sob o qual vivemos.
O PCB é um partido revolucionário, marxista-leninista. Tem um programa de transformações profundas na essência das cidades brasileiras.
Não traz consigo a herança das costumeiras mentiras da mídia sobre comer crianças, matar idosos (quem faz isso é o capitalismo nas filas do SUS, nos baixos salários a servidores públicos, na precarização desses serviços, nas cidades transformadas em currais de partidos e empresas), mas a busca do debate sério e responsável sobre todo o conjunto de problemas que nos afetam.
O voto de conveniência significa abrir mão do ideal, abrir mão da luta, abrir mão da vontade de mudança. A rendição ao capitalismo. Não existe meio capitalismo, um terço de capitalismo. Ou é capitalismo, ou não é.
Não há mudanças sem que o modelo seja enfrentado.
E a certeza que, sendo a primeira realidade de cada um de nós a cidade, que apresentamos nossa chapa, nossos candidatos, a face do PCB, sem medos, sem pretensões, sem alianças espúrias, sem modelos ditados por marqueteiros, mas como cantou Geraldo Vandré, com “a história nas mãos”.
Esse é o PCB. Não um partido de desculpas ou de achegos. Um partido revolucionário.
*Laerte Braga é candidato do PCB à Prefeitura de Juiz de Mora (MG)