A Colômbia toda tem que organizar-se para defender o futuro

abpnoticias-MP

A unidade de nossos povos não é simples quimera dos homens, mas inexorável decreto do destino.” – Simón Bolívar

Saudamos o aguerrido esforço de todos e todas por fazer possível este espaço popular, que nasce em oposição à Cúpula de Cádiz. Milhares de obstáculos foram transpostos para abrir espaço e fazer eco às realidades e propostas de nossos povos. Queremos aproveitar esta saudação para aproximar nossas reflexões de seus ouvidos que, sabemos, são receptivos e multiplicadores.

O presidente da Colômbia foi à Cúpula para seguir entregando nossas riquezas. Pouco mudou desde a selvagem colonização da monarquia ibérica. Enquanto nosso povo está em plena mobilização por melhores condições de vida, pela soberania nacional e pela justiça social, as elites infames se ajoelham indignamente face às multinacionais para presentear-lhes com nosso ouro, níquel, água, gás, e oferecem, como escravistas, as melhores condições de exploração de mão-de-obra na região.

Que paz se pode conseguir assim? A falsa retórica governamental indica que “estão dadas as condições para o término do conflito”, e por outro lado roga aos presidentes ibéricos para que se aprove o Tratado de Livre Comércio com a União Europeia que, sem dúvida, aprofundará o conflito social colombiano, que é a causa do conflito armado que vivemos há 50 anos.

Pensamos que é fundamental para nosso país o diálogo de paz aberto entre o governo e a insurgência das FARC-EP, da mesma forma que dizemos insistentemente que na mesa de negociações não está o movimento social que representa as maiorias da nação, ou seja, as que vivem na miséria e na pobreza causadas pelo modelo econômico e pela repressão. Por isso pedimos aos povos do mundo a solidariedade para que essas vozes sejam protagonistas do diálogo pela paz na Colômbia e que seus desejos de Justiça Social possam ser o centro de gravidade do processo.

Manifestamos nossa preocupação com o duplo discurso do presidente Santos que, por um lado fala da paz e, por outro, arma-se até os dentes, como se este diálogo fosse o tempo para preparar um ofensiva militarista na região; o governo também se diz de acordo com os princípios da UNASUL, sorri aos governos democráticos da região, mas por outro lado favorece os golpistas no Paraguai, em Honduras, e apóia guerras e invasões por todo o mundo; fazem-nos meditar profundamente as declarações públicas de Uribe e do ex-ministro da defesa, Gabriel Silva, nas quais reconhecem as tentativas de invasão da Venezuela e a aberta violação de sua soberania nacional com aviões e ações de inteligência militar, e nos perguntamos: Santos tem realmente em seus planos deixar nossos irmãos do povo venezuelano em paz?

A segunda e definitiva independência de nossa América requer o aprofundamento da luta social e popular, não o recuo ou a conciliação com projetos ultraneoliberais. A ofensiva dos Estados Unidos pra recuperar seu “quintal” está em plena execução, basta olhar as manifestações fascistas na Argentina contra Cristina Fernández, ou as manobras de desestabilização na Venezuela ou Equador, para impedir os triunfos eleitorais. Estamos no momento decisivo da intensificação e da mudança ou do retrocesso e da restauração.

Os povos do mundo estão nas ruas, deixando a cada passo lampejos de dignidade e as bases de outro mundo possível. Declaramos que temos um respeito enorme pelos povos do Estado Espanhol, de Portugal, Grécia, Itália e de todo o mundo, que resistem à voracidade do capital; dizemos a eles, aqui, nesta esquina sulamericana, que os colombianos e colombianas estamos marchando contra o vento e a maré para construir uma outra Colômbia, que tenha um governo humanista, que privilegia o ser humano diante do capital, que nos reconcilie com o meio-ambiente, que faça nosso futuro sustentável.

Entre o abraço e o alento pelas lutas que se avizinham, solidarizamo-nos com os detidos na greve do 14 de novembro, lutadores populares, internacionalistas e ativos defensores dos direitos dos povos.

Não estamos sozinhos, somos todos e todas um único povo. Terminamos recordando, em palavras do libertador, que nossa Pátria é a América e lutaremos por ela sem descanso.

Pela segunda e definitiva independência, somos a Marcha da Dignidade.

Comissão Internacional Movimento Político e Social Marcha Patriótica

Tradução: PCB (Partido Comunista Brasileiro)

Obtido de: http://www.marchapatriotica.org/oficina-de-prensa/noticias/853-comunicado-a-los-pueblos-en-contracumbre