Marcha Patriótica (Colômbia): Parlamentares britânicos em apoio ao movimento político e social
A/C Embaixador Mauricio Rodríguez
Embaixada Colombiana no Reino Unido e Irlanda
3 Hans Crescent Londres SW1X 0LN
Estimado Presidente Santos:
Escrevo da parte do grupo Amigos Parlamentares da Colômbia, o qual representa mais de 80 membros do parlamento britânico, para expressar nossa grave preocupação com a segurança dos membros do movimento social e político Marcha Patriótica.
Estamos horrorizados com o alto número de assassinatos de membros da Marcha Patriótica ocorridos neste ano. Mais recentemente, em 10 de novembro, Edgar Sánchez Paredes, líder comunitário, foi assassinado. Em 5 de agosto, Aldemar Pinto Barrios foi assassinado por homens não identificados em Caloto, Cauca. Em 25 de junho, Gustavo Londoño, membro do sindicato FENSUAGRO e da Marcha Patriótica, também foi baleado em Caloto, Cauca, por homens não identificados, morrendo logo em seguida. Da mesma forma, informamos que a região está sob o controle da Brigada Móvel n° 14 do Exército da Colômbia.
Em 18 de abril, Henry Diaz, ativista do FENSUAGRO e da Marcha desapareceu, dias antes de liderar uma delegação para participar de uma apresentação. Sua roupa foi encontrada entre dois postos de controle militar próximo de Puerto Asís, Putumayo, e as autoridades colombianas confirmaram que a força pública controla a região. Em 7 de outubro, Ingrid Johana Ruiz foi morta por disparos indiscriminados abertos por soldados do Batalhão de Infantaria n° 7 “General José Hilario López” do Exército da Colômbia, no centro comercial “Punto Rojo”, em Patia, Cauca. Dois outros membros da Marcha, Marco Tulio Cruz e Karol Yuliet Piamba Castillo, foram feridos no ataque.
Membros da Marcha também estão sujeitos a detenções injustas e encarceramento. Em 14 de outubro, Rigoberto Guarín Vallejo, membro do Conselho Patriótico Departamental da Marcha em Cauca, foi detido por soldados da Brigada Móvel n° 29 do Exército da Colômbia, acusado de “rebelião”, “conspiração delinquente”, “homicídio” e “gestão financeira para fins terroristas”. Andres Gil, porta-voz nacional da Marcha Patriótica, foi detido em 13 de setembro, sob o falso pretexto de uma ordem de captura com data de 2007. Gil foi levado para uma delegacia policial e liberado várias horas depois. Em 2 de outubro de 2011, Carlos Lugo, músico popular e membro da Marcha Patriótica, foi preso por acusação de “rebelião”. Continua encarcerado na Prisão de Alta Segurança de Florencia, Caquetá, com base em evidência duvidosa e sem ser condenado por nenhum delito.
Também ocorrem contínuas hostilidades e relatos de ameaças contra membros da Marcha. Por exemplo, em 7 de maio, em Putumayo, recebemos relatos de que 36 famílias foram removidas das comunidades de La Paz, Aguas Negras e Campo Aji para Puerto Bello, depois de intimidação violenta por parte das tropas da Brigada Móvel n° 13, ligada à Brigada n° 27 de Selva do Putumayo do Exército da Colômbia, e da antinarcóticos da Polícia Nacional, perguntando por aqueles que eram membros da Marcha na região. Os porta-vozes nacionais da Marcha, Carlos Lozano, Piedad Cordoba, Andres Gil e David Flores, também são alvos de constantes ameaças de morte. Recentemente, tanto Carlos Lozano quanto Piedad Cordoba conheceram planos para seus assassinatos.
Além disso, também estamos preocupados com o desaparecimento de Miguel Ángel Pabón, um dos líderes da Marcha Patriótica. O Sr. Pabon foi visto pela última vez na quarta-feira, dia 31 de outubro, nos Los Acacios, Magdalena Medio e, apesar das contínuas e amplas buscas feitas por seus colegas, não foi encontrado. Estamos altamente preocupados com sua segurança.
Temos ciência de que membros de sua administração têm feito acusações perigosas, em fundamento, contra a organização. Por exemplo, em agosto deste ano, o Ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón, acusou a Marcha Patriótica de ser financiado pelas FARC. Disse, “Essas organizações terroristas optaram por infiltrar-se no que chamam de movimento de massas e aparecem em iniciativas como a tal Marcha Patriótica. Posso dizer claramente, que este movimento é financiado, em boa medida, pela organização terrorista FARC”. Seguramente, estão conscientes do perigo que isto gera para os membros da Marcha. Solicitamos que seja feita uma declaração clara reconhecendo o caráter democrático da organização e garantindo a segurança de seus membros.
Pedimos que assegure que os representantes de seu governo deixem de fazer acusações tão perigosas e que se faça o maior esforço possível para proteger seus membros, incluindo condenar estas acusações sem fundamento e dando noticiando publicamente o movimento e seu apoio ao processo de paz. Também reivindicamos a que as autoridades colombianas implantem todos os mecanismos urgentes para encontrar os que estejam desaparecidos e levem à justiça os responsáveis pelos delitos cometidos.
De todo coração, nós apoiamos os esforços para encontrar a paz com justiça social na Colômbia e apoiamos a contribuição valiosa dada pela Marcha Patriótica à paz e à democracia em seu país. Acreditamos que é essencial que seu governo ofereça garantias para que os ativistas da sociedade civil possam participar da vida política sem medo.
Esperamos ansiosos o progresso destas questões.
Atenciosamente,
Jim Sheridan MP
Presidente, Amigos Parlamentares da Colômbia
cc: Rt Hon Hugo Swire MP, Ministro de Estado, Assuntos Exteriores
HME John Dew, Embaixada Britânica em Bogotá
Marcha Patriótica
28-11-2012
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB).