As FARC-EP insistem na necessidade da Assembleia Constituinte para alcançar a paz

As FARC-EP ofereceram uma coletiva de imprensa, onde apresentaram seu balanço do que foi até este momento o diálogo com o governo colombiano.

Internacional | teleSUR | 25-01-2013 |

Os insurgentes asseguram que as negociações continuam em um bom ritmo, com propostas concordantes sobre a transformação no campo, porém com diferenças especificamente com a proposta das FARC de realizar uma Assembleia Constituinte e de fazer um cessar-fogo, dois pontos nos quais definitivamente difere a delegação governamental.

Em seu balanço, finalizando o terceiro ciclo de diálogos de paz, a delegação das FARC assegurou que as negociações “vão por um bom caminho”, porém insistiram na necessidade de uma consulta direta ao povo para sair do conflito armado que existe há mais de meio século.

A delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que se encontra em Havana (Cuba), mantendo conversações de paz com o Governo desse país sul-americano, afirmou, nesta quinta-feira, que é necessária uma Assembleia Constituinte para sair do conflito armado que permanece há mais de meio século e causou milhares de mortes na Colômbia.

Durante o balanço de encerramento do terceiro ciclo dos diálogos de paz, o membro da delegação das FARC, Iván Márquez, afirmou ainda que as negociações “estão indo bem” e que o “recurso mais importante, o que mais garantias podem dar à forma de um eventual acordo, é o da consulta direta ao povo”.

“Para nós isto é muito importante, porque apresentaremos a nossa necessidade de conseguir, em matéria de paz, uma Política de Estado, que a paz seja uma política de Estado e não a política de um Governo, porque um Governo pode ser hoje e amanhã não, já que, muitas vezes, o Governo seguinte se esconde atrás dos acordos”, expressou Márquez.

Outro porta-voz das FARC, Andrés París, disse que a Assembleia Constituinte é “a verdadeira garantia para que os insurgentes pensem em uma solução política”, enfatizando sua confiança de que o povo colombiano apoiará a iniciativa.

Com respeito aos diálogos, os membros do grupo insurgente destacaram que “as partes possuem a ideia de desenvolver um processo de maneira rápida e que os compromissos que sejam firmados pelo Governo tenham uma solução de fundo”.

Do mesmo modo, assegurou que o tema do cessar-fogo bilateral se mantém na discussão porque, ainda que o Governo tenha reiterado sua vontade de não aceitá-lo, as FARC insistem em sua decisão de defendê-lo como uma alternativa no marco das negociações.

“Acreditamos estar em uma discussão para começar a solucionar os problemas que existem na Colômbia. Para isso, não é necessário esperar que terminem estes diálogos (…) a conclusão do conflito é o que dará sustentará as transformações”, destacou París.

“Inimigos da paz”

Por outro lado, com respeito à cobertura midiática que vem sendo empregada às conversações, as FARC denunciaram a ação de certos meios de comunicações colombianos e internacionais, que “geram focos de opiniões contrárias às esperanças do povo” de solucionar o conflito.

Márquez se referiu às cadeias RCN, Radio Caracol, El Espectador, El Tiempo e Semana.com como meios que continuam desprestigiando os porta-vozes da insurgência, para gerar confusão sobre as conversações.

Também disseram que outro “grande inimigo da paz é o latifúndio” e insistiram na existência de um setor de latifundiários ligados às práticas paramilitares, que não querem ceder seus privilégios e buscam impedir não só a reforma agrária, mas todo avanço progressista na Colômbia.

Diante disto, Márquez fez um chamado para que toda a comunidade internacional “tenha os refletores postos sobre este modo de atuar” e entendam que um grande avanço é que já existem pontos coincidentes com o Governo, a fim de fazer com que as negociações “permaneçam em um bom ritmo”.

Nesta quinta-feira, foi finalizado em Cuba o terceiro ciclo das negociações de paz entre as FARC e o Governo da Colômbia.

Como resposta às declarações dos insurgentes, o Governo do país sul-americano emitiu um comunicado repudiando os ataques aos diálogos de paz que pretendem desvirtuar o processo.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)