Colômbia: Onde ser sindicalista é quase uma sentença de morte
Foto: Allan McDonald | Rel-UITA
No dia 28 de janeiro passado, Juan Carlos Pérez Muñoz foi emboscado quando saía de sua casa para o trabalho. Cinco matadores o assassinaram com 7 tiros.
Em diálogo com Rel-IUTA, Jonson Torres, vice-presidente da regional do Sintrainagro do Valle del Cauca e membro do Departamento do Açúcar, disse: “Desde dezembro estamos em processo de formação de uma seção no engenho La Cabaña. A situação é de tensão total. O Sindicato foi formado com 590 afiliados, dentre os 1.200 trabalhadores vinculados à empresa”, assinalou o dirigente.
“No dia 20 de dezembro de 2012, a organização sindical apresentou as petições e, em janeiro, o patronato, após negar-se a negociar, despediu 90 trabalhadores, incluindo toda a Junta Dirigente da seção sindical recém-constituída”.
“Por meio do Sintrainagro, realizamos uma série de mobilizações para pressionar o patronato para que negociasse as petições e reintegrasse os trabalhadores demitidos. A empresa respondeu negativamente, lançando ameaças de todo tipo, gabando-se de ter à sua disposição um exército, caso fosse necessário”.
Juan Carlos Pérez era um dos companheiros que estava ajudando a organizar os cortadores e, no dia 28, quando saía de sua casa para o trabalho, foi vilmente assassinado com 6 tiros na cabeça e um nas costas.
“A situação está tensa há mais de um mês. Estamos sob constante ameaça. O perigo é real. Perseguem-nos, gravam nossas reuniões. Há dois meses o temor é o denominador comum”.
Segundo explicou Torres, foram feitas várias denúncias perante as autoridades competentes. No entanto, estas foram omissas diante as ameaças que levaram ao lastimoso fato.
Lamentavelmente, na Colômbia, o governo não tem se pronunciado e o silêncio por parte das autoridades sobre esses fatos violentos contra sindicalistas é angustiante.
Violência, maldita violência
Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) indicou que a Colômbia é um dos países do mundo com piores índices tanto de liberdade sindical quanto de direitos trabalhistas, com um registro de mais de 2.800 homicídios de sindicalistas e trabalhadores sindicalizados entre 1984 e 2011.
“Nesse país, a liberdade sindical não existe”, enfatiza o dirigente de Sintrainagro. “Muitas vezes ser sindicalista é quase uma sentença de morte. Apesar disso, continuamos resistindo e, de Cauca, conclamamos todos os trabalhadores da América Latina para que apoiem nossa luta. Só defendendo nossos direitos poderemos aspirar um mundo melhor e melhores condições de vida e de trabalho para nós e nossas famílias”.
Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=73441
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)