Partido Comunista Grego saúda o XV Congresso do PCB
Mensagem ao XV Congresso do Partido Comunista Brasileiro
Estimados Camaradas
Estendemos uma calorosa saudação de camaradagem aos quadros e membros do Partido Comunista Brasileiro e da União da Juventude Comunista, ao seu XV congresso que se realiza num dia designado. Era em 18 de abril de 1945 quando Luis Carlos Prestes foi libertado depois de passar nove anos na cadeia. Estudamos o documento as teses para seu congresso, seguimos com interesse suas lutas, seus esforços para desenvolver a tática e a estratégia da revolução socialista no Brasil, o rumo que têm trilhado pela reconstrução revolucionária do PCB.
Durante os últimos anos, nossos partidos têm forjado laços fortes de amizade e solidariedade, relações bilaterais importantes as quais esperamos que se aprofundem ainda mais. Destacamos a primeira visita do secretário-geral do PCB na Grécia em 2011. Agradecemos a sua solidariedade internacionalista com as lutas da classe operária do nosso país e do KKE, apreciamos o seu apoio à Revista Comunista Internacional, sua contribuição nos encontros internacionais de partidos comunistas e operários.
Há um ano, de 11 a 14 abril de 2013, realizou-se o 19º Congresso do KKE, que elaborou o novo programa do nosso partido e colocou as tarefas do KKE em condições revolucionárias e não-revolucionárias, tendo em conta os desenvolvimentos no quadro nacional e internacional. O 19º Congresso iluminou aspectos chaves para nossa intervenção, como é a situação da classe operária e dos ramos básicos nos quais se concentra, a posição das camadas médias e quais setores delas podem ser seus aliados. O congresso estudou as tendências da economia e seu impacto na superestrutura politíca, a posição da Grécia no sistema imperialista internacional. Colocou tarefas significativas para a construção e atividade partidária, afirmando a prioridade do nosso trabalho nas grandes unidades de produção onde a classe operária se concentra, na juventude, e para o reagrupamento classista do movimento operário e a promoção da aliança popular.
Caros Camaradas
A emergência da crise econômica capitalista generalizada e sincronizada colocou em primeiro plano o carácter historicamente antiquado e desumano do sistema capitalista contemporâneo, a atualidade e a necessidade do socialismo. Ao mesmo tempo, agudizam-se as contradições entre as potências imperialistas estabelecidas e as emergentes. A dificuldade de gestão burguesa da crise multiplica a competição e as contradições no seio das uniões e organizações imperialistas. Intensifica-se a agressividade do capital e das forças políticas que o representam. Os sistemas políticos tornam-se mais reacionários. Os perigos de guerras imperialistas generalizadas multiplicam-se. Enfatiza-se a necessidade do reagrupamento do movimento operário e comunista.
Acompanhamos com interesse os desenvolvimentos no seu país. O Brasil é um exemplo vivo do caráter antipopular do desenvolvimento capitalista, a natureza desumana do capitalismo contemporâneo, tanto em sua fase de crescimento bem como na sua fase de crise.
Os desenvolvimentos políticos na sua região estão estimulando um debate vigoroso no movimento comunista internacional sobre questões importantes como: a posição em relação às uniões intercapitalistas, a natureza das potências capitalistas emergentes, o conteúdo da luta contra o imperialismo, a posição dos partidos comunistas face ao Estado burguês e sua governabilidade, perante a social-democracia e as correntes oportunistas.
O movimento comunista continua organizativa e ideologicamente fragmentado. Permanece numa situação de crise ideológica-política que coexiste com uma corrosiva ação da forte corrente oportunista e com as debilidades dos Partidos Comunistas que lutam na base do marxismo-leninismo. Nas condições de crise, com as novas exigências que coloca ao movimento comunista, aparecem inclusive sinais de um novo retrocesso – do ponto da vista de classe.
Por isso, é importante confrontarmos percepções que não vejam países capitalistas só “países desenvolvidos e em desenvolvimento”, chegando a uma conclusão não dialética sobre o papel da classe burguesa dos chamados países “em desenvolvimento” e propagando mistificações sobre o papel de coalizões capitalistas como o grupo BRICS e outros. Devemos responder a percepções errôneas sobre “modelos nacionais” os quais, em nome de peculiaridades nacionais, negam as leis científicas da revolução da construção socialista.
Nosso partido tem concluído, através do estudo, tanto da sua própria experiência como da experiência do movimento comunista internacional, que a concepção etapista da luta pelo socialismo causa grande dano ao movimento comunista. Enfraquece o movimento operário e sua orientação classista. Debilita a luta pelos problemas imediatos, muito mais a luta pela abolição da exploração. Leva à participação dos partidos comunistas em governos burgueses. Vêem o socialismo como um “sonho impossível “, como uma perspectiva distante, que nunca se alcanc. Deixam de lado o objetivo do poder operário em favor da meta de um governo no terreno capitalista, define a luta da classe trabalhadora dentro do quadro do sistema.
A unidade do movimento comunista internacional é um desafio. Não é algo dado; e não nos referimos às relações formais entre os partidos comunistas. O problema da unidade do movimento comunista internacional exige o desenvolvimento de uma percepção estratégica comum, a conquista da unidade política e ideológica. Isso requer o desenvolvimento da luta ideológica e política tanto contra as forças burguesas – liberais e socialdemocratas- , bem como contra as forças do oportunismo, por exemplo, o Partido da Esquerda Europeia -que hoje em dia está construindo uma parceria estratégica com o Fórum de São Paulo, grupos trotskistas, os “partidos da esquerda ” etc .
O KKE segue comprometido com o princípio do internacionalismo proletário. Apoia os Encontros Internacionais de Partidos Comunistas e Operários e insiste na manutenção do seu carácter comunista. Ao mesmo tempo, continuamos os esforços para a elaboração de uma estratégia revolucionária unificada do movimento comunista; apoiamos a ideia de um pólo distintivo marxista-leninista.
Mais uma vez, desejamos sucesso ao seu Congresso, e que venha reforçar o PCB, porque isso é o que corresponde aos interesses da classe operária brasileira e às necessidades do movimento comunista internacional.
O Comité Central do KKE
Atenas, Grécia, 16 de abril de 2014