Situação de emergência e ação criminosa do governo nacional e municipal
A grave inundação que se desenvolve em boa parte do território nacional, do Alto Paraguai até Ñeembucú, há semanas já afeta (segundo dados oficiais) mais de 15 mil famílias em Assunção e outras 41 mil famílias no resto do país, somando aproximadamente 300 mil pessoas segundo dados da UNICEF.
Esta situação de emergência tem várias causas e vários responsáveis. Uma causa original é o agudo processo de migração forçada do campo para a cidade, produzida pelo agressivo avanço da agricultura de soja mecanizada e da expansão pecuarista com cumplicidade estatal, a força de assassinos e fumigações de agrotóxicos sobre escolas e comunidades inteiras, com mais força desde a década de 70.
Esta expulsão de comunidades inteiras para a cidade gerou um processo de concentração demográfica em condições de superlotação na capital e cidades metropolitanas. É impossível negar também a relação com esta crise dos câmbios e severos danos ecológicos gerados pela construção das represas Itaipú e Yacyreta, que desviaram e mudaram o curso dos rios Paraná, Paraguai e afluentes.
Os efeitos desta catástrofe eram perfeitamente previsíveis e evitáveis. No entanto, nem o governo de Horacio Cartes nem o de Arnaldo Samaniego na capital tomaram medidas preventivas, como a construção de barreiras de proteção, e nem paliativas, como o projeto e execução de uma política de atenção a emergências.
Esta inação criminosa do governo busca claramente aproveitar esta situação para desalojar definitivamente populações do campo para o avanço da agricultura mecanizada e pecuarista e a construção em Assunção de um mega Parque Industrial de los Bañados, no marco de sua política de Alianças Público-Privadas.
Esta inação premeditada que se manifesta na ausência ou pobre assistência às milhares de famílias afetadas – sobretudo, àquelas que não votam no Partido Colorado –, se combina com a manipulação prebendaria e abusiva dos fundos de ajuda de emergência, que são canalizados através de dirigentes e seções do Partido Colorado que ameaçam com prepotência aos que denunciam estes fatos ou não se subordinam a suas diretrizes. É escandalosa e indignante a maneira com que o governo tenta tirar proveito frente às próximas eleições municipais a custa da desgraça da população e dos recursos públicos.
Milhares de famílias assentadas em praça públicas, ruas, terrenos privados, acampamentos e refúgios precários, sem água potável e nem banheiros, estão expostas a enfermidades cutâneas, respiratórias e à dengue. Preocupa especialmente a séria possibilidade de que a água do rio alcance o depósito de resíduos altamente tóxicos do aterro municipal, o que ocasionaria um gravíssimo dano ambiental e humano de consequências imprevisíveis.
Ante esta grave situação, é notável a imensa solidariedade mostrada por grande parte da população do campo e da cidade, promovendo campanhas de coleta de doações de roupas, alimentos, remédios, brigadas de trabalho voluntário, debates e mobilizações em todo o território nacional construindo poder popular. Os Camponeses Sem Terras de Curuguaty, La Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Camponesas e a Federação Nacional Camponesa se aproximaram de famílias assuncenas afetadas pela inundação um total de 68 toneladas de alimentos agroecológicos.
Nós do Partido Comunista Paraguaio e da Juventude Comunista Paraguaia fazemos um chamado para a ampliação da coordenação de esforços solidários populares e aumento da denúncia do papel criminoso dos governos de Horacio Cartes e Arnaldo Samaniego e a mobilização e autogestão popular.
PARTIDO COMUNISTA PARAGUAIO
JUVENTUDE COMUNISTA PARAGUAIA
01 de julho de 2014
Fotos Cigarrapy
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)