AS FARC-EP DEFENDEM ACORDAR OS TERMOS DE UM ARMISTÍCIO

Boletim de Imprensa #34

Ao concluir o ciclo 29 dos diálogos de paz com o governo, as FARC-EP insistiram hoje com o governo para que sejam acordados, de maneira imediata, os termos de um armistício, como forma de diminuir a distância para a assinatura de um acordo final.

“Perguntemo-nos já, com transparência absoluta: após ter três acordos parciais e um prelúdio para a discussão dos acordos decisivos, vale a pena que sigamos matando-nos enquanto chegamos à assinatura do acordo de paz?”, inquiriu o chefe da delegação guerrilheira, Iván Márquez.

Depois de quase duas semanas de conversações com o governo e após receber a terceira delegação de vítimas, as FARC-EP disseram que a assinatura de um armistício é uma necessidade. “Acima da insensatez dos belicistas, é hora de evitar mais vitimas”, apontou Márquez.

O chefe guerrilheiro também elogiou o apoio unânime dado ao processo de paz pelas delegações de vítimas que visitaram esta capital. Ao mesmo tempo, repudiou as ameaças e estigmas recebidos, nas últimas semanas, tanto pelos representantes das vítimas como pelos numerosos defensores de direitos humanos e personalidades da vida política na Colômbia.

Após insistir que a paz não está na virada da esquina, Márquez instou o governo a iniciar a partir de agora as transformações institucionais estabelecidas nos acordos parciais.

Também convidou os interlocutores do governo a concentrarem-se no ponto 5 da agenda, atualmente em discussão, destacando que os temas contemplados no Acordo Geral “constituem um todo, que não podem ser abordados de maneira separada, mas em conjunto e simultaneamente”.

A esse respeito, as FARC-EP se referiram, por exemplo, à entrega das armas e disseram que este assunto não pode ser abordado sem ser relacionado com o tema das garantias de segurança, assim como não se poderá abordar o tópico da reincorporação à vida civil no econômico, político e social, deixando de lado o esclarecimento do fenômeno do paramilitarismo e da segurança para os antigos combatentes.

Acrescentaram que “ninguém pode imaginar a aplicação do conceito de entrega de armas sem perguntar que uso será dado às armas da contraparte e ninguém pode conceber os antigos combatentes das FARC-EP em um cenário político de franca liberdade e abertura, enquanto seus companheiros de luta permanecem atrás das grades”.

Iván Márquez reiterou que “ninguém entenderia se as FARC-EP abrissem mão de sua opção pela rebelião sem que sua luta tenha contribuído de maneira substancial á superação e solução dos fatores que geraram o conflito”.

Criticou a Promotoria por “criar tramoias jurídicas e falsos materiais probatórios”, objetivando incriminar a guerrilha por crimes de guerra e delitos de lesa humanidade, com base na suposição de que a zona de distensão do Caguán tenha sido cenário de episódios de escravidão sexual.

Finalmente, o chefe da delegação de paz da insurgência recordou ao governo que na Mesa se decidiu discutir, no atual ponto da agenda, cinco temas pendentes: o deslocamento e despojo gerados pelo conflito; o fortalecimento da figura do defensor comunitário nas regiões; a proposta das FARC-EP sobre as medidas de reparação e restituição de direitos para partidos severamente afetados por ações violentas (caso da União patriótica); o esclarecimento da relação entre a produção e comercialização de drogas ilícitas com o conflito e o paramilitarismo.

Escritório de imprensa da Delegação de paz das FARC-EP

Fonte: http://www.pazfarc-ep.org/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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