ENCONTRADOS CEMITÉRIOS CLANDESTINOS NA COLÔMBIA

Na Audiência Pública de 22 de julho de 2010, mesmo dia em que o governo de Uribe solicitou a convocatória urgente da OEA para denunciar a Venezuela, uma delegação estrangeira composta por 10 dirigentes sindicais, 6 membros do Parlamento Europeu, 3 membros do Parlamento Britânico, 3 delegados da Espanha e 2 dos Estados Unidos atestou a existência de uma gigantesca vala comum na Colômbia, ao sul de Bogotá, na Cidade de Meta, no povoado de La Macarena.

No pequeno povoado de La Macarena, região do Meta, 200 quilômetros ao sul de Bogotá, uma das zonas mais tensas do conflito colombiano, acabou de ser comprovada a existência da maior vala comum da história recente da América Latina, com uma quantidade de, aproximadamente, 2.000 cadáveres.

Trata-se do maior cemitério de vítimas de um conflito do qual se tenha notícia neste continente.

O secretário do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos da Colômbia, Jairo Ramírez, acompanhou, há algumas semanas, uma delegação de parlamentares ingleses ao lugar. Quando começou a descobrir a magnitude da fossa de La Macarena, exclamou: “O que vimos foi arrepiante. Era uma infinidade de corpos. Na superfície, centenas de placas de madeira, de cor branca, com a inscrição NN e com datas de 2005 até hoje”.

Ramírez acrescentou: “O comandante do Exército nos disse que eram guerrilheiros caídos sob combate. No entanto, pessoas da região afirmam que eram líderes sindicais, camponeses e lideranças comunitárias que desapareceram sem deixar rastro”.

A localização destes cemitérios clandestinos só foi possível graças às declarações de comandos, supostamente desmobilizados do paramilitarismo, que se beneficiam da controvertida Lei de Justiça e Paz, garantindo uma pena simbólica em troca da confissão de seus crimes. O chefe paramilitar John Jairo Rentería, vulgo Betún (Polaco), revelou ao promotor e aos familiares das vítimas que ele e seus seguidores enterraram, pelo menos, 800 pessoas na fazenda Villa Sandra, em Puerto Asís, região de Putumayo. Cinicamente, acrescentou: “Tinha que desmembrar as pessoas. Todos, no treinamento, tinham que aprender isso e, muitas vezes, fazer isso com pessoas vivas”.

Reflexão:

Essa Audiência Pública se realizou no mesmo dia (22/07/2010) em que o governo colombiano, de forma suspeita, solicitou uma reunião com caráter de urgência à OEA para denunciar a presença na Venezuela, de membros das FARC e do ELN. Isto revela o jogo malévolo e canalha do governo colombiano para distrair a atenção mundial do que a Audiência revelaria nesse dia sobre os massacres e os falsos positivos de Uribe Vélez. Esses fatos são considerados delitos de lesa humanidade e imprescritíveis, pelos quais, Uribe terá que responder ante a Corte Penal Internacional ao entregar seu mandato.

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

Seguem fotos sobre a vala comum.