Jornalistas são vítimas de violência crescente na Colômbia
Adital
Jornalistas são alvos de ameaças constantes de grupos do narcotráfico.
O relatório anual, Violações à Liberdade de Imprensa e o Direito à Comunicação, publicado pela Federação Colombiana de Jornalistas (Fecolper), revela números preocupantes para os profissionais de comunicação na Colômbia. Em 2014, foram 184 vítimas de violência, um aumento de 20 casos em relação a 2013. O país tem se configurado como um espaço crítico para a atividade de imprensa, sob pressão e perseguição de grupos do narcotráfico e pela omissão do Estado.
Em 42,5% dos casos a ameaça é a principal forma de agressão.
Das 146 agressões registradas, em 42,5% dos casos, a ameaça é a principal forma de violência, seguida de agressões físicas ou verbais (22,6%). A capital Bogotá é a região mais insegura para o exercício da profissão com 24% dos casos, à frente de Antioquia (13%) e Valle del Cauca (8%).
O estudo revela que 75% das vítimas são homens. E 21,2% dos responsáveis pela violência são as Forças Públicas. Servidores públicos aparecem em 11% como autores de agressão. Os meios de comunicação privados são os mais atingidos (80,2%).
Forças Públicas e Servidores públicos somados representam 32,2% dos agressores.
No início de dezembro de 2014, o grupo paramilitar Bloque Capital – Águilas Negras, por meio de panfletos, ameaçou jornalistas do Canal Capital, cadeia Telesur e da agência Repórteres Sem Fronteiras. Jornalistas da equipe Notícias Uno também sofreram ameaças e um alerta de bomba contra o edifício da Revista Semana chegou a ser registrado ano passado. 38 jornalistas, defensores de direitos humanos e funcionários administrativos do departamento de Atlántico e Magdalena tiveram seus nomes ameaçados em um panfleto anônimo. A Defensoria Pública solicitou medidas de proteção para essas pessoas.
Para a Fecolper, parece uma estratégia articulada de estigmatização e perseguição que tem ameaçado gravemente comunicadores colombianos e a liberdade de expressão no país. Denúncias revelam que grupos do narcotráfico operam em conivência com políticos locais, impedindo coberturas jornalísticas sobre corrupção governamental, por exemplo. Jornalistas reclamam que a capacidade de proteção do Estado diminuiu devido aos poucos recursos econômicos atuais para proteger o alto número de pessoas ameaçadas. O programa de proteção do país para jornalistas oferece coletes à prova de balas, apoios de transporte e subsídios para realocação temporária, mas essas medidas não eliminam o risco.
*Cristina Fontenele, estudante de Jornalismo pela Faculdades Cearenses (FAC), publicitária e Especialista em Gestão de Marketing pela Fundação DomCabral (FDC/MG).